- capítulo trinta e um.

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- Não Oscar... Para com isso!

Ele não respondeu, apenas pegou a arma que estava dentro do porta luvas e saiu pronto para capotar qualquer um que entrasse em sua frente.

- Merda, merda!

Na minha visão, eu conseguia perceber que o garoto realmente estava com medo, porém ele era bem folgado. Eu preciso intervir antes que o Spooky... Sabe... Mate alguém hoje.

- Eu já pedi desculpa, agora se você não parar de apontar o dedo na minha cara...

- Se eu não parar?! Sabe o que vai acontecer, eu vou meter uma bala na sua cara seu merdinha! - aperta o gatilho e direciona o cano na testa no garoto.

- Espera! - ele abre os braços e sua respiração fica ofegante.

- Grita agora, cadê aquele idiota que estava aqui?

- Amor, por favor - o chamo com a minha voz trêmula - Volta pro carro, não vale a pena.

- Isso, deixa ele calmo - os olhos do garoto estavam cheios d'água.

- Cala a boca! - espreme a cabeça dele entre o carro e o revolver.

- Amor, eu tô com medo - derramo a lágrima que estava fazendo com que o nó se formace na minha garganta. Ele me encarou e bufou.

- Você tá com sorte - estica a mão ao lado da cabeça dele e dispara... Que saco, ele precisava fazer algo com a bala engatilhada.

- Porra! - cai no chão - Meu ouvido!

- Ou merdinha, vê se sai do meio da rua - passa o braço pelo meu pescoço e me leva até o automóvel sorrindo.

Eu nem sei o que fazer, talvez eu grite com ele, ou talvez eu chore, ou seila... Nada adianta com os Diaz.

- Para de rir, do que você está rindo? - digo assim que ele começa a dirigir.

- Ué, o cara estava cheio de marra, e do nada virou só mais um.

- Isso não tem graça!

- Pra você não.

- Eu quero a minha casa, quantas vezes eu vou ter que repetir.

- Eu já entendi.

O caminho foi em silêncio e eu ainda estava tanto digerir tudo o que aconteceu, e o que tá acontecendo.

- Deixa eu entrar? - estaciona em frente ao meu antigo lar.

- Não, vai embora! - caminho até a porta da casa e procuro pela chave reserva no esconderijo que criei.

- Não tá aí - aparece a trás de mim, abre a carteira e me entrega a chave.

- Com qual direito você fez isso?!

- Com o meu direito.

- Tá - ao entrar sinto o cheiro de casa fechada e o silêncio da solidão - Eu disse que não Spooky.

- Tá me chamando de Spooky por que?

Eu me jogo no sofá e solto um grito de frustração e confusão.

- Para de ser louca chica.

- Vai embora.

- Você quer ficar sozinha? Nessa situação aí?

- A situação na qual você me deixou?

- Que situação eu te deixei? - se esparrama no sofá.

- Você sabe muito bem idiota.

- Ela tá bravinha, cuidado...

- Eu te odeio - transfiro um soco em seu braço.

- Sério? Era pra doer? Porque eu posso fingir que doeu se você quiser.

- Eu tô cansada - choramingo.

- Vem aqui... - coloca uma almofada em seu colo.

Eu deito, faço bico e escondo o meu rosto com as mãos.

- Já parou com o drama?

- Não!

- Esmeralda - coloca sua mão sobre a minha - Eu gosto do nosso lance porque a gente não precisa ficar falando essas coisas.

- Lance?

- Olha pra mim.

Descubro o meu rosto e limpo minhas bochechas úmidas. Cruzo os braços.

- Será que aquele cara está bem?

- Eu atirei muito perto da cabeça, o ouvido dele estava zumbido, dói mas depois volta ao normal.

- E você fala isso assim? Com essa naturalidade toda?

- Ah chica ele me tirou do sério, e eu só parei porque você pediu.

- E se eu não tivesse pedido?

- Esquece isso.

- Não consigo te entender, é quase impossível para você falar "eu te amo", mas pra sair por aí distribuindo balas...

- Sabe o que eu não entendo, o porque de tanta cobrança sobre esse assunto.

- Tá bom!

- Então a gente tá bem?

- Não sei ainda.

- Ah, qual foi?

- Qual foi? Se liga né, você é completamente perigoso e quer que eu aceite isso numa boa?

Eu lhe encaro e percebo como ele pega o celular só pra tentar descontrair a mente.

- É estranho ficar aqui, acho que quero ir embora...

- E eu que sou o bipolar. Vai anda, também não curto muito ficar aqui.

[...]

- Esme!!! - pula em cima de mim.

- Eu tô sem ar - me debato.

O Cesar tinha sumido o dia inteiro e só apareceu agora, eu estava tranquilamente relaxando no sofá e ele chegou com o seu típico jeitinho.

- Me dá um beijinho mi amore? - cheira o meu cabelo.

- Isso tudo é saudade? - sento e o empurro para o lado.

- Sim, a gente quase nem se vê.

- A gente mora na mesma casa Cesar, isso seria impossível.

- Me da um carinho?

- Não, vai pedir pra Maya - levanto e caminho até a cozinha, o cheirinho de lá tava vindo até mim.

- Para com isso vai - se pendura nas minhas costas.

- Como é que vou andar com esse peso todo, sai muleke!

- Não, não e não!

- Se vocês esbarrarem nas panelas eu mato vocês.

- Hermano! - me larga e se joga no Oscar.

- Pelo menos não tá em mim...

En control - Óscar Diaz. Where stories live. Discover now