Depois de tudo

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Enquanto caia, já com minha consciência apagada, senti um puxão na mão, mais especificamente no meu dedo mindinho, algo que puxou meu corpo com força, mas eram apenas sensações, por que eu provavelmente...

Já devia estar morta.

Era irônico o fato de que Kazutora estava vivo.

Mas eu realmente não o havia procurado após sair daquele ferro velho abandonado onde havia ocorrido a luta. Eu apenas sofri com sua morte, não quis nem mesmo ver o corpo ou procurar pelo velório que possivelmente teriam feito a ele.

Talvez uma parte de mim quisesse negar que ele havia falecido, ou soubesse lá no fundo que ele não estava morto.

Mas no fim, de nada adiantou, ele não chegou a tempo pra me salvar assim como eu não pude impedir que ele levasse aquela facada.

Era por isso então que os rapazes da Toman estavam me procurando nas ruas, Kazutora estava vivo e deveria estar se recuperando em algum hospital, e Mikey queria ter a certeza de que eu era boa como Kazutora e Kakucho diziam, antes de me levar até ele.

Talvez se eu tivesse ficado naquela sala na casa de Taiju Shiba, Mikey teria me levado até Kazutora e eu teria me debulhado em lágrimas e ficaríamos juntos, mas o lado individualista que habitava meu ser não permitiu.

E talvez... Talvez estivesse tudo bem com isso, talvez, mesmo que fossemos almas gêmeas como eu acreditava fielmente, mesmo que a linha vermelha amarrada em meu dedo mindinho estivesse atada a linha dele, talvez não fosse para ficarmos juntos, por que almas gêmeas nem sempre ficam juntas, e tudo bem também.

Eu já havia me conformado a pouco tempo sobre ele ter morrido, e já não tinha mais problema com isso, apesar de estar seguindo minha vingança em nome dele, mas eu já havia aceitado.

Mas também essa dor teria me seguido pela vida toda, e sempre que eu visse um casal sorrindo e se abraçando como vi Takemichi e Hinata, eu sofreria pelo que não pude ter, foi por isso que decidi me jogar.

Que ironia do destino.













Abri meus olhos vendo tudo branco.

Será que essa era a pós vida? Mas eu sentia um incômodo no braço, e estava sobre lençóis macios, meus olhos doíam, forcei a visão e notei uma lâmpada no lugar para o qual eu estava olhando.

No pós vida tem lâmpadas?

Ergui o corpo rapidamente e notei que estava em uma maca.

Eu estava em um hospital.

E ao redor de mim, dormindo amontoados, haviam membros da Toman e da Tenjiku, e em uma cadeira a minha direita...

Lá estava ele.

Dormindo todo torto com um cobertor fino.

Arranquei o acesso em meu braço que era a origem do meu incômodo e pulei da maca, pulando em cima dele.

O mesmo acordou assustado e logo me abraçou, eu estava tremendo e chorando.

– Como você tá vivo seu idiota? – Sussurrei contra o pescoço dele, sentindo aquele cheiro que achei que jamais sentiria novamente e chorando todas as lágrimas que achava que nem tinha mais.

– Não importa, estou aqui – Ele me apertou mais e notei os breves sons ao redor, eu devia ter acordado os demais – Nunca mais vou embora.

Fiquei ali no colo dele chorando como uma criança em prantos, ele não me largou em nenhum momento, me afastei levemente para ver seu rosto, passei as mãos em seu cabelo e o dedo indicador na pintinha próxima ao olho.

– Eu achei que nunca mais fosse te ver – Sussurrei com o choro engasgado – Achei que nunca mais ia sentir seu cheiro, o som do seu brinco ou ouvir a sua voz.

– Eu também achei que não ia mais te ver, mas eu sobrevivi, por você.

Engoli em seco.

– Me desculpe não ter feito o mesmo...

– Como não? O fato de sermos... – Ele buscou minha mão e entrelacou nossos mindinhos – Almas gêmeas, salvou a mim e a você.

– Como assim? – Franzi o cenho.

– Quando você foi embora da luta naquele dia com os Haitanis e o Kakucho, fiquei lá até a ambulância vir pra levar o Kazutora – Mikey disse atrás e eu me virei para olhá-lo – Os médicos disseram que ele estava morto mas eu vi... O dedo mindinho dele se mover, vi um mínimo movimento, e pedi pra usarem o desfribilador.

– Então eu voltei – Kazutora sorriu – E o mesmo aconteceu com você.

– O que aconteceu?

– Quando você estava caindo do prédio, estava com a mão estendida, e o Mikey tentou te alcançar mas não ia dar – O bicolor engoliu em seco – Mas seu corpo deu um solavanco sem sentido, como se algo estivesse puxando sua mão... Graças a isso, Mikey conseguiu pegar sua mão antes que caísse, você quase ficou pendurada, mas ele te segurou e Izana chegou logo depois, e te puxaram pra cima de volta.

– Como isso é possível? – Sussurrei confusa.

– Não faço a mínima ideia, não sei quem permitiu que ficássemos juntos, mas vou agradecer nessa vida e nas próximas, por essa dádiva – Kazutora me abraçou novamente e eu me encolhi em seu colo abraçando seu pescoço.

Suspirei.

Aquele era o cheiro de casa.

Psico Love - Tokyo RevengersWhere stories live. Discover now