Capítulo 26 - Despertar.

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As lembranças me invadiram de uma vez e me recordei da batalha na clareia, da mulher-pássaro, do ataque a Mira que eu, por mais impossível que pareça, consegui ver e de ser atingido por ele, de sentir uma dor absurda, ser lançado em direção ao precipício e depois mais nada.

Eu não tinha ideia de como estava com os olhos abertos outra vez olhando para o céu claro que se estendia acima de mim.

Foi então que senti o peso, o calor e o cheiro dela sobre mim e sorri sabendo que, no mínimo, minha Florzinha tinha me trazido dos mortos outra vez. Mexi-me o suficiente para conseguir ver Miranda dormindo sobre meu peito, onde não havia sangue, nem ferimentos e nem sinal da minha camisa. Ela provavelmente havia lidado com os três.

Testei me mexer e me sentar e não tive problemas com isso, consegui deitar minha Florzinha ao meu lado – onde estavam nossas bolsas – e finalmente parei para me analisar e a nossa situação.

Onde estávamos? Eu não reconhecia o local, ele não se parecia em nada com a clareira da nossa batalha. Onde estavam Zoe e Luke? E, dada toda a situação o mais importante, como eu havia sobrevivido à queda?

Mira resmungou ao meu lado e eu sorri.

A resposta para a última pergunta era fácil, ela havia me salvado, como sempre. Ela tinha – de algum jeito – impedido que eu simplesmente caísse para a morte e depois tinha, me curado é claro. Olhei para o meu braço direito que estava agora sem nenhum arranhão ou sangue e me recordei da dor do ferimento, da queimadura que Flemer me fez, até isso Miranda tinha resolvido, sorri.

Depois que ela descansasse, nós podíamos conversar com calma.

Verifiquei se minha Florzinha tinha algum ferimento grave já que ela, no mínimo, havia usado todas as suas forças me curando, como sempre. Mas, felizmente, não havia nada. Conferi nossos pertences e estavam todos inteiros e dentro das bolsas. Por fim, olhei em volta e, como a nossa frente tudo o que havia era água, não existiam muitas opções além de seguir em direção à floresta atrás de nós.

E foi isso que fiz depois de pegar uma camisa extra na minha bolsa, colocar as três bolsas nos ombros e pegar Mira no colo.

Depois da cura de Miranda eu me sentia pronto para correr uma maratona.

Minha Florzinha resmungou e piscou os olhos parecendo confusa quando comecei a andar.

- Tyler...? – ela sussurrou e eu sorri a ajeitando em meus braços.

- Sou eu, pode dormir.

- Você está bem? Mesmo?

- Estou, graças a você, então pode descansar – garanto e ela sorri antes de voltar a fechar os olhos.

- Então eu vou fechar os olhos aqui rapidinho.

Sorrio quando percebo que ela voltou a dormir.

Eu gostava dessa sua fala, era o que Mira sempre dizia antes de dormir em meus braços, desde a primeira vez lá no jardim do castelo, ela nunca dizia que ia dormir, era apenas "Fechar os olhos rapidinho" e eu amava isso, amava que ela não hesitava em dormir quando sabia que era eu ali a velar seu sono. Cada uma dessas pequenas cenas e dessas pequenas palavras preenchia um pouco mais minhas lembranças com momentos bons e deixava os ruins um pouco menores.

Continuo a caminhar com ela em meus braços apenas torcendo para que nenhum monstro apareça, que nada mais nos ataque até que Mira se recupere e eu ao menos saiba o que aconteceu nas horas em que estive desacordo se é que realmente foram apenas algumas horas.

Estou tão concentrado em todos esses pensamentos que quando finalmente alcanço a estrada – depois de horas caminhando – quase sou atropelado por dois cavalos que relincham e levantam as patas dianteiras, por pouco não caio pra trás com Mira ainda no colo tentando me desviar deles. O condutor segura os cavalos e todos levamos uns bons minutos tentando nos acalmar. De toda essa situação maluca a única parte boa é que Miranda não acordou apesar de tudo.

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⏰ Last updated: Nov 18, 2023 ⏰

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