Halina

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"A vida se contrai e se expandi proporcionalmente a coragem do individuo".

(Anais Nin)


Eu fiz um esforço imenso para me movimentar. Mas meu corpo não obedecia. Então decidi que era melhor não me movimentar. Meus olhos estavam pesados e me sentia cansada e com sede. Muita sede.

Precisava beber água. Fiz outra tentativa de levantar, mas nenhuma parte se ergueu. O que será que estava acontecendo comigo? Podia ouvir um pequeno chiado próximo a mim, um e outro som pontual e repetitivo. 

Tentei novamente virar a cabeça, mas ela parecia ter vontade própria e se recusou.

-Ela está acordando. – Eu ouvi a voz da Clara.

-Volta pra mim, meu amor.

Era a voz do Nando. Eu reconheceria sua voz em qualquer situação. Mas eu não conseguia abrir os olhos pra vê-lo. Eu precisava falar com ele. Eu precisava pedir água.

Como estava tudo estranho, eu conseguia ouvir, mas não falar. Como se depois de um longo sono minha mente acordasse, mas meu corpo não. Tentei pronunciar a palavra água. Mas meus lábios não respondiam as minhas tentativas.

Depois do que pareceu um século de tentativas, eu desisti. Voltei a dormir. Talvez se eu descansasse mais eu conseguiria acordar totalmente. Deixei o sono me levar novamente.

Acordei de novo um tempo depois, mas não sei se tinha dormido muito ou não. Eu tentei abrir os olhos e dessa vez embora estivessem ainda bastante pesados eu consegui abri-los devagar.

Minha visão estava turva e pisquei algumas vezes para poder restabelecê-las. Finalmente eu consegui enxergar melhor. Busquei alguma coisa além do teto do meu quarto. Virei minha cabeça lentamente ainda com medo dela não obedecer, mas dessa vez eu consegui movimentá-la. E encontrei os mais lindos olhos verdes-esmeralda que eu conhecia tão bem. Eles estavam me fitando, emocionados e pareciam até sorrirem pra mim.

-Eu preciso de água. – Eu consegui balbuciar e minha voz era só um fio.

Ele me ajudou a erguer minha cabeça enquanto a Clara me dava água. Depois depositou minha cabeça com todo o cuidado no travesseiro. As coisas estavam ainda bastantes confusas pra mim, mas eu sabia que tinha acontecido alguma coisa entre eu e a Lia.

-Você está bem? – Eu perguntei, lembrando-me que ele tinha sido arremessado longe.

-Eu estou bem. Você é que não está totalmente bem ainda. Não se esforce. – A voz dele era tão mansa e acolhedora, não tinha como discutir, mesmo porque não me sentia forte o suficiente. Não queria mais dormir, estava cansada, queria ficar acordada para olhar pra ele.

-Fica comigo aqui. – Eu sussurrei para ele.

-Sempre. – Ele estava tão emocionado que eu me espantei. Será que eu tinha dormido muito tempo? Tentei falar mais ele não deixou.

-Sfff. – Ele pôs um dedo na minha boca pra me silenciar. – Eu não vou sair daqui do seu lado em nenhum momento. 

Eu não sei quanto tempo eu dormi depois que ele me prometeu ficar ao meu lado, mas na hora que eu acordei novamente já me sentia bem melhor. Senti minha mão entrelaçada com a dele e abri meus olhos.

Ele estava dormindo com a cabeça apoiada na parede e a mão segurando a minha. O cabelo dele estava bastante crescido e a barba devia ter uns dias que ele não fazia, mas o rosto ainda era lindo, embora parecesse bem mais magro.

Olhei para o quarto escuro. Devia ser de madrugada, pois estava tudo muito silencioso. Olhei aquele monte de aparelhos ligados em mim. Com cuidado eu consegui ficar sentada na cama, comecei a retirar aquelas coisas do meu braço, mas estavam firmemente presos e por isso não consegui. Meus movimentos acabaram acordando-o.

A AnimistaWhere stories live. Discover now