★ oito

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O destino, tanto passado quanto futuro, haviam sido alterados.

A morte de Zabuza, que outrora parecia inevitável, ocorreu de uma maneira inesperada. Diferente da visão em que Haku tentava protegê-lo do Chidori de Kakashi, desta vez ele não interferiu, fazendo com que o destino seguisse um novo curso.

Todos, com exceção de Satsuki, assistiam perplexos a essas cenas inusitadas. Contudo, ninguém ousou questionar a garota, cientes de que uma conversa futura era inevitável, talvez não muito agradável.

Enquanto todos tentavam processar as mudanças no presente, uma nova ameaça emergiu. Gatō surgiu acompanhado do que parecia ser um pequeno exército. Embora não representasse uma ameaça iminente e devastadora, todos estavam exaustos demais para se envolverem em uma grande batalha.

- Você pode me passar uma kunai?
- Haku pediu a Satsuki, que piscou momentaneamente antes de entregar a arma.

Desta vez, Haku avançou com a intenção de encerrar a situação de uma vez por todas, agindo por sua própria vontade e impulso do coração.

A luta que se seguiu não durou mais do que cinco minutos. Haku desviava habilmente dos ataques inimigos e contra-atacava com uma velocidade e destreza impressionantes. Suas habilidades de combate revelavam um nível de destreza comparável a um ninja de nível chunin ou até mesmo superior.

Após o confronto, todos observaram enquanto a cortina noturna que havia envolvido o dia ensolarado lentamente se dissipava, cedendo lugar uma vez mais à luz dourada e resplandecente. Por um breve instante, todos contemplaram o sol brilhante e libertador.

Com a ameaça de Gatō neutralizada, Haku tomou a iniciativa de sepultar Zabuza com dignidade e respeito. Satsuki, com sua compreensão silenciosa, encontrou flores em algum lugar e as depositou com ternura sobre a cova.

No silêncio que se seguiu, a brisa suave acariciava as flores e as folhas das árvores, criando uma melodia suave. Ambos permaneceram lado a lado, seus olhos refletindo a luz do sol poente.

Aquele pedaço de terra carregaria para sempre a lembrança daquele dia, onde um destino havia sido irrevogavelmente alterado.

— Tchau! Até! Voltem em breve!
— Muitos, muitos aldeões do País das Ondas expressavam sua despedida calorosa enquanto eles cruzavam os portões.

De volta para casa.

Satsuki apreciava genuinamente o gesto, cumprimentando a todos com um sorriso radiante que dissipou a visão aterrorizante que Sakura tinha tido dela na ponte.

Ela era como um nascer do sol, radiante e etérea, irradiando alegria e lealdade. A harmonia com a qual ela interagia com os aldeões era inspiradora.

Aquela era Haruno Satsuki.

Apoiado em Kakashi, Haku notou que os cabelos da menina não haviam retornado ao tom de preto-avermelhado. Em vez disso, permaneciam profundos como ônix, e os olhos...

Aqueles olhos como uma galáxia intensa, continuavam lá.

Se isso era algo bom ou não, Haku não conseguia afirmar com certeza. Mas ele permitiu-se observar a cena e não pôde evitar soltar um pequeno sorriso diante da visão. O belo sol à sua frente.

— Não me ignore, Tsubaki!

Deixando mais uma garrafa de saquê sobre a mesa de carvalho escuro, a mulher encarou séria a figura à sua frente, junto com os pergaminhos espalhados. O que continha neles...

— Ela é apenas uma menina!
— Exclamou, levantando-se e batendo as mãos na mesa com força. A madeira rachou, atraindo a atenção das pessoas no bar, mas ela não se importou.

Tsunade permaneceu a observar, sem demonstrar irritação diante da explosão da irmã. Na verdade, algo brilhou nos olhos cor de avelã da Senju, olhos que ambas compartilhavam.

— Você se importa de verdade com essa garota.
— Ela finalmente comentou. A Deusa da Guerra ficou atônita.

Sim, sem dúvida.

Aquela pirralha apaixonada por livros, doces e roupas. Às vezes irritante, arrogante e espirituosa demais, mas era Haruno Satsuki. Alguém que sentia profundamente todas as emoções, alguém que, embora cedo demais para sua idade, canalizava sua raiva em fúria explosiva ou calma letal. Isso a tornava  encrenqueira em muitas ocasiões.

Ela era ousada e inteligente, uma combinação encantadora de explosividade e sagacidade.

Acima de tudo, Satsuki possuía um espírito guerreiro belo; e era como voltar décadas no tempo e encontrar uma versão mais jovem de si mesma. Uma versão de Senju Tsubaki.

— Se importa com ela por que se importa ou porque ela a lembra de você na adolescência?
— A pergunta de sua irmã a fez lançar um olhar afiado. Mas se recompôs. As emoções do momento e o álcool juntos estavam ferrando ela.

— Me importo com ela porque a escolhi como minha aprendiz, alguém que levará adiante meu legado. Essa menina despertou em mim um senso de proteção que jamais imaginei possuir. E essa escolha não se baseia em qualquer mera semelhança, mas sim em escolha. Vínculo.
— Ela declarou, com seriedade e determinação, seus olhos fixos no pergaminho sobre a mesa, como se conseguisse vislumbrar algo além das palavras nele contidas.
— Isso está além da compreensão de uma criança. Ela merece ser feliz, fazer coisas próprias de sua idade e agir como uma criança. Eu não tirarei isso dela de forma alguma. Quando chegar o momento adequado, eu vou conversar sobre isso.

Tsunade assentiu, compreendendo a decisão de sua irmã. Ela não discordaria mais, pois já reconhecia a profundidade daquela ligação. Então, deu um pequeno sorriso ao abaixar a cabeça.

— Você está criando um monstrinho. Uma Tsubaki 2.0 — disse a médica.

Ao encarar de volta a irmã, Tsubaki sorriu de forma um pouco arrogante, algo brilhando em seus olhos.

Ela será mais do que isso.

skyfall ✧ 「 1 」Onde histórias criam vida. Descubra agora