Capítulo 4 - Hora do Show

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Conforme o elevador descia cada vez mais, Beatriz escutava em silêncio as instruções que Ophidia passava. Ou ao menos, ela se esforçava em escutar, considerando todos os pensamentos que rondavam sua mente naquele momento. Se aquilo tudo não era uma espécie de alucinação, então ela realmente havia morrido. Mas as pessoas não simplesmente voltam assim. Além disso ela se sentia diferente, se sentia mais forte. E por mais que não quisesse admitir, ela estava gostando da sensação.
- Agora... existem duas formas de fazer isso - Ophidia disse, e Beatriz de repente se deu conta que era melhor prestar mais atenção ao que ela tinha a dizer. - Se algum mortal te ver, vai imediatamente avisar os outros e de repente nós vamos ter que lidar com um exército deles, literalmente. Seria um grande problema pra mim se você morresse, então o melhor é você se mover com o máximo de discrição possível. Entendeu? Eu vou lidar com o sistema de vigilância. Você vai ser invisível pras câmeras, só não deixe nenhum humano te ver.
Ophidia parecia extremamente séria em seu aviso.
- Pode deixar. Morrer também seria um grande problema pra mim. Mas você não poderia simplesmente me trazer de volta igual da primeira vez?
Ophidia pareceu incomodada.
- Você não faz ideia do quão difícil foi da primeira vez, não conte com uma segunda.
Beatriz ainda não sabia dizer o que Ophidia realmente era e ela não parecia o tipo que dava respostas diretas sobre esse tipo de coisa, mas ela ficou ligeiramente aliviada ao perceber que até mesmo alguém como ela tinha limites.
- Estamos chegando, último andar. Agora lembre-se, não deixe ninguém te ver.
Beatriz revirou seus olhos
- Sim, sim, eu já sei.
As portas do elevador se abriram e um soldado estavam parado bem em frente esperando. Ele se surpreendeu ao ver Beatriz.
- Mas o que...
Beatriz sem hesitar, socou o soldado bem no nariz e ele foi jogado para trás com o impacto, caindo inconsciente. Ela olhou para Ophidia que a encarava com um sorriso.
- O que?
- Nada. - Ophidia respondeu fingindo olhar pro outro lado. - Agora sem mais surpresas, ok?
Beatriz arrastou o soldado e o recostou em uma das paredes próximas.
- Você devia matar ele - Ophidia disse. Ela falou isso como quem diz "Você devia colocar o lixo pra fora", ou algo trivial assim e não como alguém que estava sugerindo assassinar alguém. Beatriz levou um tempo para processar.
- O que?! Não! - Essa era uma linha que ela com certeza não estava tão disposta a cruzar.
- Só estou dizendo. Assim que ele acordar o alarme vai soar, pode ter certeza disso. Mas ele não vai acordar se estiver morto.
A calma com a qual ela dizia isso, deixava Beatriz ainda mais nervosa.
- Eu não vou matar ninguém, entendeu? Prefiro morrer do que isso.
Ophidia pareceu confusa com o que Beatriz disse por algum motivo, mas resolveu não insistir mais.
- Ok então. Só não deixe ninguém mais te ver.
Beatriz foi em direção á única porta do corredor onde ficava o elevador.
- Eu já sei, para de falar isso. Ninguém vai me ver
Beatriz apertou o botão e a porta ae abriu. Três soldados conversavam do outro lado da porta.
- E aí vocês acham que eu devia chamar aquela cientista bonitinha pra jantar?
- Eu acho é que você...
Eles avistaram Beatriz. As duas partes ficaram em silêncio sem saber se o que fazer por um segundo.
- Nem uma palavra - Beatriz disse. Ophidia fingiu fechar sua boca com um ziper. Os três soldados apontaram suas armas.
- Identifique-se!
Os três pareciam prontos pra atirar a qualquer sinal de hostilidade.
- Ah, só pra avisar, se você for capturada... eu vou te matar - Ophidia disse enquanto andava para trás dos soldados que claramente não podiam vê-la. Ophidia chegou bem próxima do ouvido de um dos soldados e susurrou
- Ela não vai te matar, mas tenho certeza que vai quebrar alguns ossos.
Os três soldados se assustaram ao mesmo tempo e se viraram procurando a origem da voz. O tempo pareceu desacelerar para Beatriz.
- Sua chance - a voz de Ophidia disse por de trás dela.
Beatriz sentiu algo ferver dentro dela. Raiva? Não, algo bem pior. O tempo voltou a correr e ela atacou os soldados um por um. Bastava apenas um golpe pra nocauteá-los. Ela se sentia poderosa, ela se sentia invencível. E ela gostou disso. O alarme começou a soar. Beatriz então viu que um homem baixinho de óculos e usando um jaleco branco havia acionado o alarme. Provavelmente um cientista ou algo do gênero.
- Merda - ela exclamou.
O cientista saiu em disparada, Beatriz não o seguiu. De repente, a sala se encheu de soldados. Todos com suas armas em punho. Beatriz sorriu. Os soldados abriram fogo, Beatriz se desviou de todas as balas. Os soldados pareceram não acreditar em seus olhos. Beatriz começou a nocautear os soldados um por um. Eles atiravam mas não podiam acerta-la. Não era exatamente fácil se desviar das balas, mas Beatriz estava conseguindo. Se uma delas acertasse, ela poderia até morrer mas ainda assim, por algum estranho motivo, ela estava se divertindo.
- Dane-se! Eu não me alistei pra isso! - um soldado exclamou, jogou sua arma de lado e correu, mas foi baleado por trás.
- Eu não preciso de fracotes - o soldado que atirou disse.
Ele era diferente dos outros. Tinha diversas medalhas e era muito alto, além de ter um físico impecável. Ele fez um sinal e os soldados pararam de atirar.
- Então garotinha. O que é você? Uma espécie de super arma? Quem mandou você? Os russos? China? America?
Beatriz não respondeu. Não que ela achasse que seria levada a sério se respondesse.
- Eu vou fazer você falar.
Ele lançou sua arma para o lado e um soldado a pegou no ar, desesperadamente evitando que ela caisse.
- O que me diz de resolvermos isso como homens de verdade? Oh, verdade...
ele começou a rir e então entrou em posição de combate. Beatriz sentia seu sangue ferver tanto, que até parecia que ela entraria em combustão a qualquer momento.
- Pode vir - ela disse com um grande sorriso no rosto.

Diaboli LudumWhere stories live. Discover now