Capítulo 2 - Contrato

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Beatriz de repente se viu em uma vasta planície. O céu era azul. A grama parecia se espalhar em todas as direções em quilômetros e haviam inúmeras flores de todas as cores. Seu doce aroma enchia o ar e suas cores vibrantes eram mais bonitas do que qualquer coisa que Beatriz havia visto em toda a sua vida. Em sua frente, Beatriz viu uma pessoa extremamente linda, que parecia jovem ao mesmo tempo que parecia velha, era feminina ao mesmo tempo que era masculina, parecia delicada ao mesmo tempo que parecia poderosa. Usava um lindo e extravagante vestido de um branco tão puro que Beatriz sentia que poderia acidentalmente manchá-lo só de estar próximo a ele. Seus cabelos compridos eram tão brancos quanto seu vestido e sua pele era escura. Seus olhos eram de um vermelho vibrante e pareciam brilhar intensamente. Uma luz suave cobria todo o seu corpo, dando a impressão de uma aura divina. Beatriz quis dizer alguma coisa, mas estava sem palavras.
- Minha pobre criança - a pessoa disse. Sua voz era profunda, porém suave. - Sinto lhe dizer que você não irá sobreviver.
Como que se libertando de um transe ao ouvir estas palavras, Beatriz finalmente conseguiu dizer algo.
- Do que você está falando? E-eu... eu não posso morrer ainda! - Ela exclamou.
- Infelizmente você não irá conseguir superar desta vez, não sozinha pelo menos. - A pessoa disse. Sua voz demonstrava calma e tranquilidade.
- Não! Tem que ter algo que eu possa fazer, por favor!
A entidade pareceu ponderar por um tempo, até finalmente responder
- Eu poderia te ajudar. Seria fácil para mim. Mas isso apenas se... você me ajudasse em retorno. - Ela disse com um sorriso no rosto.
- Eu faço qualquer coisa! Por favor me ajude! - Beatriz implorou.
- Qualquer coisa? - A entidade perguntou.
- Sim! Te ajudo com o que quiser, só não me deixe morrer!
A entidade sorriu.
- Então, temos um acordo!
Ela estendeu sua mão. Beatriz ficou receosa em tocar diretamente um ser de aparência tão divina, mas apertou sua mão.
- Muito bem. Vejo você em breve minha criança. Muito em breve.
A entidade começou a rir. Beatriz ficou um pouco confusa com isso. De repente, todo o cenário ao seu redor desapareceu assim como a entidade. Beatriz estava agora em um imenso vazio. Não havia mais céu, não havia mais flores, não havia mais gramado, não havia mais...chão. Beatriz começou a cair, e cair e cair.

Goliate e seus comparsas abandonaram o corpo inerte de Beatriz e começaram a discutir entre si sobre como dividir o dinheiro a apenas alguns metros dali sem dar mais nenhuma atenção a ela.
- Nós deveríamos dividir igualmente - um deles disse e outros concordaram
- 100 mil pra cada. Nada mal devo dizer - outro disse.
- NADA DISSO! - Goliate urrou - Eu finalizei a tampinha, eu ganho a maior parte, 250 mil. vocês se viram com o resto.
Os outros não gostaram nada disso e uma discussão acalorada se deu início. De repente, o coração de Beatriz voltou a bater. Primeiro em um ritmo bem leve, mas então foi ficando mais forte. Tão forte que de repente cada batida fazia seu corpo inteiro, antes inerte, estremecer completamente. Seus ossos partidos se emendaram, suas feridas começaram a sarar
As batidas de seu coração também ficaram cada vez mais altas. Até que um dos assassinos começou a ouvi-las.
- Espera aí, vocês estão ouvindo isso? - Ele disse, e todos pararam para verificar. - Está vindo da... - o competidor ficou sem palavras ao apontar na direção de Beatriz e a ver de pé e perfeitamente bem. Ela os encarava fixamente com um olhar ameaçador.
- COMO ELA ESTÁ DE PÉ? - Um dos competidores perguntou.
- De pé? Ela nem deveria estar viva!" Goliate exclamou. - Mas eu vou dar um jeito nisso!
Goliate avançou a toda velocidade em direção a Beatriz. Se preparou para golpeá-la com toda a força, mas Beatriz não se moveu um centímetro para desviar. Ele a atingiu em cheio no rosto. Mas ela pareceu nem sentir. Beatriz sorriu e socou Goliath bem no estômago. O soco dela foi tão forte que o gigante caiu inconsciente.
- E-ela derrubou o grandão com um só golpe?
Dois dos outros ex-competidores despararam para ataca-la mas ela facilmente se desviou e os nocauteou com apenas um golpe também.
- Eu não sei que merda tá acontecendo aqui, mas pra mim já chega! - Um dos competidores restantes exclamou e saiu correndo.
Outro deles o seguiu deixando apenas um que segurava a bolsa de dinheiro desesperadamente. Ele então ergueu sua mão direita apontando para Beatriz. Ela ouviu o som da trava antes de ver o revólver em sua mão.
- Nem mais um passo sua aberração! Ou eu juro que disparo!
Beatriz sentiu seu sangue ferver e sua visão se encheu de vermelho. Ignorando a ameaça ela disparou em direção ao jovem, que puxou o gatilho. Em um flash, Beatriz pôde ver claramente a bala deixando o cano da arma além da trajetória que ela faria e por alguma razão, ela nem parecia tão rápida assim. Beatriz não teve dificuldades em se desviar do tiro. O jovem amedrontado esvaziou o cartucho mas Beatriz se desviou de todos os tiros, se aproximando cada vez mais, até chegar próximo o suficiente para nocauteá-lo. Com seu sangue ainda fervendo Beatriz urrou em comemoração com seus punhos estendidos ao céu.

Então, Beatriz ouviu alguém aplaudindo. Ela olhou ao redor mas não viu ninguém. Ao se virar novamente, ela se surpreendeu ao ver em sua frente a mesma entidade de sua visão de quase morte. A entidade agora usava vestimentas bem menos pomposas. Uma jaqueta de couro vermelha, uma camiseta preta por baixo, que parecia pertencer a alguma banda de rock que Beatriz não conhecia, mas tinha uma estampa de serpentes cuspindo chamas que ela sabia que reconheceria se já tivesse visto antes. Usava também uma calça cinza e botas que cobriam até a altura do joelho. E tinha os espinhos. Espinhos em toda parte, na jaqueta, nas botas, em suas luvas de couro, em tudo. Apesar do estilo completamente diferente, Beatriz a reconheceria em qualquer lugar, bastava uma olhada em seus olhos flamejantes.
- Mas que belo espetáculo você proporcionou, não é mesmo? - A entidade disse e colocou sua bota direita sobre um dos competidores nocauteado.
- Hmm... Eles ainda estão vivos? Devo dizer que estou um pouco decepcionada, mas tudo bem. - Ela disse. Sua expressão deixava muito difícil dizer o quão sério ela estava falando.
- Quem é você? O que você fez comigo? Eu me sinto... diferente. Mais forte....
Beatriz sentia seu corpo se encher de energia de uma forma que ela nunca havia sentido antes.
- Pode me chamar de Ophidia. Você se sente mais forte porque você pediu a minha ajuda e eu te dei parte do meu poder, em troca você prometeu me fazer um favor, não se esqueça disso.
Ophidia sorria amigavelmente.
- Que tipo de favor? - Beatriz perguntou receosa.
- Ah nada demais. Preciso de ajuda para entrar em um lugar, só isso. No seu estado atual isso vai ser bem fácil eu presumo. Então o que me diz? não há tempo a perder.
Beatriz hesitou.
- Eu não sei... isso tudo parece demais pra mim, eu acho que preciso de....
de repente, Beatriz começou a sentir muita dificuldade de respirar. Ela sentiu a força deixando seu corpo. Ela começou a tossir e não conseguia dizer mais nenhuma palavra. Seu corpo começou a ficar gelado, e ela ficou cada vez mais pálida.
- Oh meu bem, infelizmente o nosso acordo foi bem claro. - Ophidia disse. - Eu te salvaria da morte, e em troca você me ajudaria no que eu precisasse. Ou você esqueceu? Mas, se você quiser desfazer o nosso acordo, eu vou entender perfeitamente. O que me diz?
Beatriz ganhou forças o suficiente para falar novamente.
- Eu... eu vou te ajudar - Ela disse. E sua força voltou por completo.
Ophidia sorriu.
- Muito bem! Fico feliz que tenhamos nos entendido. Nós vamos nos divertir tanto, você vai ver.
Ophidia saiu na frente, gesticulando para Beatriz segui-la. Beatriz sentiu seu estômago se embrulhar. Ela não sabia para onde elas estavam indo, mas ela tinha a sensação de que não seria nada divertido.

Diaboli LudumTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang