A entidade se alongou e se espreguiçou como se tivesse acabado de acordar de um longo sono, ou apenas testando a flexibilidade de seu novo corpo. Beatriz ficou paralisada por um segundo e se assustou ao perceber que sua forma estava se desfazendo. Ela se lembrou das criaturas disformes que havia encontrado e se focou em se acalmar, fazendo sua forma se estabilizar.
— Faz tanto tempo — Ira disse. Sua voz soava como uma mistura bizarra da voz de Beatriz com a sua própria — Desde a última vez que eu tive uma forma no plano corpóreo. Havia esquecido da sensação. É indescritível!
— Esse corpo não é seu! — Beatriz exclamou — Me devolva!
— Não se faça de boba. O que esperava fazendo um acordo com um demônio?
Ira começou a rir. Beatriz correu para o ataque. Ela saltou com um chute aéreo, mas passou direto por Ira sem poder tocá-la.
— Não! — Beatriz gritou — Me devolva!
— Ha! Alguém no plano espiritual não pode tocar em alguém no plano material. Isso é tipo... Capítulo 1 no manual — Ira zombou — Você não pode fazer mais nada. Eu venci! Agora só falta...
Ira olhou ao redor e facilmente avistou o brilhante pêssego de ouro ainda no chão.
— Com isso eu vou ser invencível nos dois planos. Finalmente!
— Não! Eu não vou deixar! — Beatriz exclamou e tentou outro ataque, novamente em vão. Ela continuou a atacar enquanto Ira tranquilamente andava até o pêssego ignorando totalmente as tentativas frustradas de Beatriz. Ira pegou o pêssego do chão e o ergueu admirando sua beleza.
— Os humanos jogaram fora seu direito à vida eterna a muito tempo. Nada mais justo do que eu o tomar para mim! Com este fruto eu...
— Não! — Beatriz gritou e deu um soco no rosto de ira. Seu punho a atravessou e ela pareceu não sentir nada.
— Você está começando a me irritar! — Ira exclamou. Ela fechou seu punho e de repente este foi envolto em chamas. Ela socou Beatriz no estômago com tanta força que a arremessou longe. Beatriz sentiu uma dor indescritível.
— Como? — Beatriz exclamou confusa.
Ela olhou para suas próprias mãos chamuscadas tentando entender o que havia acabado de acontecer.— Você tem muito o que aprender meu bem — Ira disse — agora... Não me interrompa de novo. Onde eu estava? Ah sim! Os humanos jogaram fora seu direito à vida eterna a muito tempo. Nada mais justo do que eu o tomar para mim! Com este fruto eu...
De repente... Uma explosão de chamas atingiu Ira em cheio, a lançando para fora do corpo de Beatriz. Que não sofreu um arranhão e permaneceu de pé ainda segurando o fruto. Ira urrou de dor.
— I-impossível! — Ela gritou.
— Ha! Eu consegui! — Beatriz exclamou.
— Beatriz... Você...
— Eu aprendo rápido! — ela disse enquanto fazia um L com seus dedos em sua testa e mostrava sua língua — Me ensinaram a muito tempo como focalizar a minha raiva. Quem diria que seria útil para algo assim. Devia ter pensado melhor antes de me dar os seus poderes.
Sem perder mais tempo, Beatriz correu em direção a seu corpo. Ela estava prestes a saltar de volta para ele, quando Ira estalou seus dedos e uma coluna de chamas envolveu o corpo. Beatriz saltou para trás com a sensação de que seria totalmente pulverizada por aquelas chamas.
— Beatriz, você realmente é excepcional. Eu não me enganei a seu respeito. O que você me diz... — enquanto Ira falava, sua forma mudou. Chifres cresceram em sua cabeça. Seu terceiro olho se abriu. Seus olhos flamejantes se tornaram verdadeiras chamas, assim como seus cabelos. E ela agora tinha pelo menos três metros de altura — ...De nós lutarmos pelo direito de possuir o seu corpo? O vencedor leva tudo. Ao perdedor... Destruição eterna.
Ira parecia assustadora e ela parecia estar bastante irritada, ou talvez estivesse animada. Beatriz não sabia dizer a diferença quando se tratava dela. Ela sentia um arrepio e cada centímetro de si a dizendo para fugir dali. Porém, ela não tinha escolha. Beatriz fechou os olhos e se concentrou bem. Chamas rosadas envolveram seus punhos. Ela se colocou em pose de combate encarando Ira fixamente.
— Eu aceito. Pode vir!
YOU ARE READING
Diaboli Ludum
ActionSeres sobrenaturais invisíveis, eles existem e estão ao nosso redor. O que levaria um deles a brincar com as vidas humanas? Ambição? Inveja? Ou apenas o desejo de ver o mundo inteiro virando de pernas pro ar?