Capítulo 10 - O Baú da Morte

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— O que eu estou olhando aqui? — Beatriz perguntou. Seu rosto demonstrava confusão, além de um pouco de nervosismo.

Ela achava que a essa altura já teria se acostumado com coisas estranhas. Desde que ela conheceu Ophidia, tudo só tinha ficado cada vez mais maluco, então ela havia se preparado pro ápice de maluquice quando chegassem aonde quer que Ophidia a estava levando, mas a sala que ela estava agora não era algo completamente absurdo, era só... Esquisita.

Diferente de todo o resto das instalações, que tinham piso e paredes completamente brancos, com luzes de LED e um piso impecavelmente limpo, dando ao lugar todo a aparência de um hospital ou laboratório com regras estremamente rígidas de higiene, essa sala em particular era completamente feita de pedra. Parecia uma espécie de caverna, com o corredor do laboratório servindo de única entrada para ela. Algum líquido gotejava do teto e parecia apenas que quem quer que tivesse construido toda essa base subterrânea, havia apenas esquecido de construir essa sala, se é que isso faz sentido. Pareceria uma caverna como qualquer outra, se não fosse pelo fato de que era um cubo perfeito. As paredes, o chão e o teto eram completamente lisos sem nenhuma falha, nenhum relevo. Eram tão lisos que Beatriz se perguntou se era aquilo era realmente pedra. No centro do cubo, um cubo menor, também feito de pedra, servia de apoio para um pequeno baú. O baú parecia ser completamente feito de ouro, com doze pedras preciosas diferentes em sua tampa. Era simplesmente maravilhoso. Quatro holofotes em hastes iluminavam o baú e serviam como a única iluminação da sala. Uma fita de segurança fazia um perímetro circular de cerca de três metros ao redor do baú. Nela, a frase "Perigo! Morte Eminente além deste Ponto!" Se repetia por toda sua extensão. A sala em si tinha dez metros cúbicos, não deixando muito espaço fora do perímetro de proteção.

— O prêmio final! — Ophidia disse alegremente — Dentro daquele baú, está a única coisa que pode salvar a sua vida.
— Você também vê o aviso de risco de morte, não é?
— É claro! Faz o seguinte, jogue alguma coisa, qualquer coisa, dentro do círculo. Vai ser bem engraçado.
Beatriz duvidava muito que seria "engraçado", mas decidiu fazer o que Ophidia disse. Ela procurou ao redor algo para jogar, mas não encontrou nada. Então procurou em seus bolsos, mas só encontrou seu celular.
— Perfeito! — Ophidia disse.
— Eu não vou jogar meu celular lá dentro!
— Vocês são muito apegados a esse objeto pro meu gosto. Tanto faz, só é melhor andar logo.
Sem muita opção, Beatriz resolveu tirar um de seus sapatos para testar o que aconteceria.
— Claro, por que proteger seus pés é muito menos importante do que olhar pessoas brigando por besteira na internet — Ophidia disse e então riu de sua própria piada, mas Beatriz não deu muita atenção.
Beatriz jogou seu sapato dentro do perímetro, mas antes mesmo que ele tocasse o chão, ele perdeu toda a sua cor, pareceu secar até ficar com aparência de palha e então virou poeira.
— E você queria que eu jogasse meu celular ali!?! Quer dizer... Pera aí... Você não quer que eu...
— Sim Beatriz! Você vai andar até aquele baú e recuperar o seu conteúdo pra mim. É bem simples.
— Você não pode estar falando sério, né? Você viu o que aconteceu com o meu sapato. Parece... o que aconteceu com aqueles caras no corredor, mas bem, bem pior.
— Você acertou bem na mosca. Mas aquilo foi só uma imitação, esse aqui é o real deal — Ophidia fez um gesto de efeito ao dizer a última parte pra adicionar efeito dramático — Os humanos acharam isso a muito tempo, construíram todo esse lugar ao redor dele, mas até hoje não descobriram uma forma de alcança-lo. Inúmeros morreram tentando, não é engraçado?
— Eu não acho!
— Bem, eu acho. Humanos são patéticos.
Beatriz estava preocupada demais pra se irritar com isso e ela sabia que discutir isso com uma entidade sobrenatural não iria levar a lugar nenhum.
— O que tem naquele baú afinal? Como algo tão perigoso pode salvar a minha vida? Parece mais o contrário pra mim. Eu vou morrer se entrar lá dentro.
— Não se preocupe mon cher, eu já tenho tudo isso considerado. O que você viu ali é só o mecanismo de defesa pra garantir que nenhum mortal ponha as mãos nele. Eu também não posso entrar no círculo. Acredite, eu tentei. Foi projetado pra me manter longe e pra matar qualquer humano que chegue perto. Mas... Ele não pode matar alguém que já morreu. Ele pode até tentar, mas com a minha ajuda, não vai conseguir. Você é a única que pode abrir aquele baú. Não vou mentir pra você, não vai ser fácil. Mas eu acredito que você consegue. Você é forte Beatriz, muito forte, por isso eu escolhi você. Você é a chave. Se alguém consegue fazer isso, esse alguém é você.
Beatriz olhou para o baú. Antes parecia belíssimo, mas o olhando agora, Beatriz só pode pensar que ele era sinistro. Ela olhou para Ophidia. Ela parecia brilhar de empolgação. Ela realmente parecia acreditar que Beatriz conseguiria fazer isso. Ou talvez só estivesse ansiosa para ver o que aconteceria a seguir. Era difícil dizer.
— Eu irei fazer, mas antes me responda uma pergunta. O que tem dentro desse baú que é tão importante assim? Eu sei que tenho pouca vida em mim. Mas eu não vou arriscar o pouco que eu tenho sem nem saber pelo o que. Você me deve ao menos isso.
— Ok, Justo. Eu vou dizer. Dentro do baú tem algo muito antigo e extremamente poderoso. Algo que pode conceder a qualquer pessoa a habilidade de vencer a própria morte, a imortalidade. Dentro daquele baú, tem o último fruto da árvore da vida.

Diaboli LudumWhere stories live. Discover now