Capítulo 11 - O Fruto da Vida

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Beatriz estava de pé bem em frente à faixa de proteção. Ela deu uma breve olhada para trás e seus olhos cruzaram com os da entidade que a encarava impacientemente. Ophidia parecia estar sentada, embora não houvesse nenhuma cadeira abaixo dela. Ela chacoalhava sua perna direita rapidamente e a estampa de sua camiseta se movia, como se fosse uma espécie de animação impressa no tecido. As duas serpentes pareciam brigar entre si.
— Essa demora é de matar Beatriz. Literalmente no seu caso! Ha ha! — ela disse com uma gargalhada.
Não foi a primeira piada que Ophidia havia feito. Beatriz imaginou se ela sabia que piadas deveriam te fazer rir e não te deixar com raiva.
— Ok, aqui vou eu.
Beatriz deu um passo para dentro do círculo e cada centímetro de seu corpo gritou para que ela desse um passo para trás. Um formigamento indescritível correu por todo o seu corpo. Ela fechou seus olhos se preparando para se transformar em pó, mas isso não aconteceu. Beatriz abriu seus olhos e viu o que pareciam ser chamas ou alguma espécie de energia de coloração roxa cobrindo todo o seu corpo. Sua aura. Como uma espécie de mecanismo de defesa, sua própria energia vital agia como uma espécie de barreira ao seu redor. Porém ela sabia que não conseguiria manter aquilo por muito tempo. Ela podia sentir sua própria força se esvaindo a cada segundo. Ela precisava ser rápida.
Beatriz tentou correr até o baú, mas era como se ela estivesse se movendo através de uma poderosa tempestade. Ela sentia uma grande pressão a empurrando para trás. A cada passo era como se ela estivesse carregando um peso gigantesco sobre suas costas, que apenas se tornava mais pesado quanto mais ela avançava. Ela estava na metade do caminho quando as chamas que a cobriam começaram a falhar. O tecido em suas roupas começou lentamente a se desfazer. Seus cabelos começaram a perder sua cor. Seus dedos a se enrugar. Seus ossos e músculos estavam muito doloridos e ela se sentia cada vez mais fraca. Ela não tinha muito mais tempo, mas ela não podia parar agora. Sua única opção era seguir em frente. Seu cabelo já havia se tornado completamente branco e um dente havia caído de sua boca quando finalmente o baú chegou a seu alcance.
Sem hesitar, Beatriz agarrou o baú com suas duas mãos e a pressão desapareceu completamente. As jóias do baú perderam seu brilho e se tornaram escuras. O ouro se tornou completamente enferrujado. O baú antes belicismo, agora parecia apenas sucata. Beatriz tentou levantar a tampa e ela se soltou facilmente do restante, se partindo em sua tranca e dobradiça. Dentro do baú, havia o que parecia ser um pêssego, se pêssegos brilhassem e fossem feitos de ouro. Apesar de sua aparência. O fruto era macio. E ao segura-lo e olhar bem para ele, Beatriz ficou com água na boca. Parecia a fruta mais apetitosa que ela já havia visto em toda a sua vida.
— É maravilhoso, não é? — Beatriz se surpreendeu com Ophidia ao seu lado, pois estava tão encantada com o "Pêssego" que havia se esquecido totalmente dela — Você está horrível. Devia ver a sua cara agora. Mas não se preocupe. Uma mordida. Apenas uma e você será perfeita. Você será imortal. E então, ninguém mais vai poder te deter, nada vai ficar no nosso caminho.
— Eu não entendo... O que você tem a ganhar? Você já é imortal, não é? Você não precisa de uma fruta para isso.
— Me magoa você pensar que eu tenho outras motivações... Bem, não que eu não tenha. Eu quis te ajudar por que... Você não é como os outros humanos, você quer sempre ficar mais mais forte e provar isso para os outros. Você é como eu. Você quer ficar forte, não quer? Você não quer ser invencível? Junte-se a mim Beatriz! Se torne imortal, e juntas nós seremos imbatíveis, você no mundo material, eu no mundo espiritual. Eu vou até apresentar meus amigos! Você vai adorar eles.
A menção dos "amigos" de Ophidia fez o sangue de Beatriz gelar. Ainda mais se eles fossem iguais a ela.
— Eu, você, e eles. Juntos nós podemos fazer o que quisermos. O mundo inteiro vai ser nosso pra nos divertirmos do jeito que quisermos. Os mortais não fazem ideia do que os espera. Anda logo! O que está esperando? Eu tô começando a ficar animada!
Ophidia sacudia suas mãos freneticamente em empolgação. Beatriz suava frio. Seu coração batia em um ritmo esquisito. Ela olhou para o fruto em sua mão. Realmente parecia muito apetitoso. Ela lentamente o levou até a sua boca, e se preparou para dar uma mordida.

Diaboli LudumWhere stories live. Discover now