Capítulo 26

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✨ Ludmilla ✨

Entro no quarto quase sem forças. Olho pra ela naquela cama totalmente pálida e sem vida, caio no choro como se fosse um bebê e me aproximo do seu corpo.

Lud  - Vó, não me deixa por favor. Você prometeu que iria cuidar da sua menina... - Soluço e pego em suas mãos depositando um beijo nas mesmas.

Acaricio seu cabelo e deposito um beijo em sua testa. Vejo ela abrindo os olhos aos poucos.

Elisa- Minha filha... - Ela fala quase sem forças e eu fungo.

Lud - Por que a senhora vai me deixar? Eu só tenho a senhora e o Léo no mundo. Não faz isso comigo, por favor... - Peço a olhando e coloco minha cabeça sobre a cama.

Elisa - Um dia todos nós iremos embora e infelizmente chegou a minha hora. - Levanto minha cabeça e nego não querendo acreditar nisso.

Elisa - Eu queria muito ver o meu bisneto crescer, mas não terei essa oportunidade.

Lud - Ele te ama tanto, todo dia pergunta quando a senhora vai voltar. - Ela acaricia meu rosto e eu sinto o melhor carinho que já recebi até hoje na minha vida.

Elisa - Eu também o amo. - Ela da uma pausa e tosse. Enxugo minhas lágrimas e acaricio suas mãos.

Elisa - Antes de eu ir tenho que lhe dizer uma coisa. Minha neta apareceu na sua vida para transformá-la, pra você se sentir amada, o destino de vocês foi traçado. Vocês irão passar por muitas coisas, mas o amor de vocês irá prevalecer. E nunca se esqueça... - Ela puxa o ar. - Eu sempre estarei olhando pra vocês todos lá de cima.

De você, da minha estrelinha, do meu bisneto, do Marcos, do Renatinho, da Patty, da Camila e da Lari. Diga para todos eles que amei muito eles e nunca vou esquecer tudo o que cada um deles fizeram por mim. - Ela deixa uma lágrima cair e eu a abraço como se aquilo fosse a última coisa que eu fosse fazer na vida.

Lud  - Eu te amo tanto vó.

Elisa - Eu também te amo tanto meu amor... Essas foram suas últimas palavras antes do aparelho começar a apitar e ela ficar totalmente mole sobre o meu corpo.

Não, não, não.

Corro lá fora e chamo o médico. A Bru corre dentro do quarto e olha pro corpo da vó sem vida. Ela vai pra perto e abraça o corpo.

A equipe entra e eu tiro a Bru de cima dela que reluta. Os médicos tentam reanimar ela, mas chega uma hora que não ouvimos mais nada. E ali foi o segundo momento mais horrível que aconteceu até hoje na minha vida.

Eu tô totalmente sem chão e a Bru se encontra da mesma maneira. Sem chão.

Agora estamos fora do quarto, sentadas nas cadeiras e olhando pra um ponto fixo ainda chorando.

Bru - O que que vai ser agora?
- Olho pra ela e as palavras faltam. Nada sai, é como se eu tivesse perdido a voz. Nós ficamos ali até o Marcos e o Renatinho chegarem e abraçar a gente tentando nos confortar.

[...]

O dia se passou e hoje já é segunda-feira. O domingo de todo mundo foi uma verdadeira merda.

Todo mundo chorando e lembrando
dos momentos com ela.
Eu tive que resolver as coisas do velório e isso só fez com que a minha dor aumentasse cada vez mais.

A Bru  tá desde ontem trancada em casa sem querer ver ninguém, nem as meninas. Não tá comendo, nem nada.

E nesse momento eu tô indo lá.
Abro a porta e vejo a casa em um silêncio enorme e sem vida.

Subo as escadas e bato em sua porta. Demora um pouco até ela responder.

Bru - Quem é? - Sua voz sai tão baixa que quase não ouço.

Lud - Sou eu. Abre aqui pra mim, preciso trocar um lero contigo. - Me encosto na parede e espero uns 2 minutos até ela abrir.

Olho o corpo à minha frente, vestida com um blusa que vai até os seus joelhos, olheiras nos seus olhos e ela totalmente sem cor.

Ela volta ao quarto sem falar nada e eu faço o mesmo. Me sento na cama ao seu lado e olho pra ela.

Lud - Geral me falando que tu não tá comendo nada, só fica trancada nesse quarto. Tu tem que comer Bru, desse jeito vai ficar doente. - Acaricio seu rosto e vejo lágrimas se formando nos seus olhos.

Bru - Eu não consigo... juro. Nada entra, é como se eu tivesse perdido toda a fome.

Lud  - Vamo tentar, por favor. Eu sei que esse momento é uma merda, mas tu ficar assim não vai fazer ela voltar não. Se isso fizesse ela voltar já teria feito faz tempo, mas não vai fazer. - Ela começa a chorar e eu sinto meus olhos queimando, mas seguro.

Lud - Quando perdi meu pai, ela que tava do meu lado. E agora eu tô do teu lado, eu entendo tua dor. Eu não gosto de te ver assim, bora pelo menos tentar. - Suplico e ela seca as lágrimas confirmando.

Ela vai tomar um banho e eu aproveito pra pedir um rango pra nois.

Eu não posso mentir, também passei o dia ontem todinho sem comer, só comi porque o Léo me forçou. E agora eu vou fazer a mesma coisa com ela.

A comida chega e eu vou buscar. Ela desce e logo começamos a comer. No começo ela tava meio assim, mas logo conseguiu comer.

Passei o dia todo com ela, só nois duas. As meninas, a Camila e a Lari, alugaram uma casa pra elas aqui no morro e saíram daqui. Todo dia elas tentavam ajudar a Bru, mas ela não deixava.

Ela acabou dormindo de tarde e eu fiquei olhando. Aquelas palavras que a vó disse, não saem da minha mente. O que será que ela quis dizer?

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