capítulo trinta e um

9 2 0
                                    

Sophia Adams.

       Os dias se passaram e tudo estava em perfeita ordem, por incrível que pareça. Além de sair bastante com Kathe, continuei passando meu tempo com o Noah, sem compromisso.

- Meu deus! São sete horas da manhã, minha avó vai notar que passei a noite fora!

       Desesperada, saio debaixo do lençol completamente nua e visto rapidamente minhas roupas.

- Por que esse desespero todo? - Ele me pergunta sonolento, sem tirar os olhos do meu corpo.

- Você sabe muito bem que minha avó entra no meu quarto quando acorda. - Respondi enquanto amarrava meu cabelo em um coque desajeitado.

- Que mania é essa dela, hein?

- Eu realmente não sei. - Me aproximo do loiro e beijo sua bochecha. - Nos falamos depois!

       Saio do quarto enquanto ajustava a alça no meu sutiã e ao chegar na sala, encontro Carol, que havia parado de organizar o sofá para me olhar.

- Bom dia, Sophia.

- Bom dia... - Sem graça e constrangida, saio da casa sem fazer muita cerimônia.

       Chegando perto de casa, vou em direção a uma árvore que era praticamente ao lado da janela do meu quarto.

       Então, escalei a mesma e passei agilmente pela janela aberta. Desde que comecei a sair de noite escondida, acabei pegando a prática de subir em uma árvore.

      Retiro meus chinelos e pulo na minha cama, cobrindo o meu corpo, em seguida, com o cobertor.

      Fecho meus olhos quando ouço a porta ranger e apenas abro ao baterem a mesma. Aliviada, peguei meu celular e vi as mensagens de Noah de agora pouco.

Campbell.

- e aí? conseguiu enganar a véia?
(07:05)

você só não é mais ridículo porque é um só!
(07:08)
✓✓

- cê sabe que eu tô brincando, eu adoro a sua vó.
(07:09)

- Carol acabou de bater na porta do meu quarto, perguntando o motivo de você ter saído igual o flash daqui de casa.
(07:09)

nem te conto, encontrei ela quando desci as escadas, a vergonha foi tanta que eu nem quis conversar direito KKKK
(07:09)
✓✓

- KKKKKKKKK muito bom. mas relaxa, não é a primeira vez que ela vê uma garota sair do meu quarto.
(07:10)

tchau, campbell!
(07:10)

- eu tô brincando, cê sabe.
(07:10)

- Adams?
(07:11)

       Ignorei as suas últimas mensagens para dar o troco, e ao deixar o meu celular de lado, capotei. Não dormi nadinha nessa madrugada.

       Acordo quando minha mãe entra no meu quarto, começando a varrer e a cantarolar alguma música antiga do seu tempo. Me sento na cama, coçando meus olhos e deixando escapar um longo bocejo.

- Boa tarde. - Ela diz enquanto varria o chão e eu arregalo meus olhos. Como assim, "boa tarde"?

- Quanto tempo eu dormi? Que horas são? - Pergunto ainda meio zonza de sono.

- Já são duas horas da tarde, o horário mais tarde que você já acordou em toda a sua estadia aqui na casa dos seus avós. - Ela parecia nem um pouco surpresa como costumava a ser antes.

- Nossa! não fazia ideia de que tinha dormido por tanto tempo.

- Claro que não fazia, ultimamente você anda dormindo mais do que o normal e mesmo assim acorda acabada, coisa que não acontecia antes. - Diz desconfiada e eu disfarço a minha inquietação.

- Eu juro que vou acordar mais cedo.

- Você vem falando isso há três semanas! - Aparentemente ela já havia desistido dos meus mesmos juramentos. - Assim que estiver pronta, desça para comer! - Diz autoritária.

       Me levanto da cama e adentro no banheiro. Tomei uma ducha de exatos trinta minutos, me livrando de quaisquer resquícios da noite anterior. Ao sair do banheiro, encontrei o cômodo vazio.

       Pego qualquer roupa despojada no guarda-roupa e as visto antes de descer para a cozinha.

       Felizmente, encontro apenas minha avó degustando a sua xícara de café e os seus biscoitinhos de lei.

- Pensei que iria emendar o dia com a noite. - A mais velha fala e eu rio.

- Não foi dessa vez.

       Abro o armário, pegando um prato e colocando três panquecas já feitas na frigideira. Sento-me na mesa e ao ver o frasco da calda de caramelo, despejo em cima das panquecas.

- Posso te fazer uma pergunta? - Indaga e eu balanço a minha cabeça positivamente por estar de boca cheia. - Você está de namoradinho?

       Ouvir aquilo de repente me fez engasgar com a comida. Agoniada, peguei a única bebida que estava próxima a mim e dei um longo gole, sentido o café quente descer pela minha garganta, me livrando da comida presa.

- O que te fez pensar isso? - Entrego a xícara pela metade para a minha avó, que parecia apenas se importar com a minha vida amorosa.

- Você está mais alegre que o costume e reparei nos sorrisos bobos que você dava quando mexia no celular.

- Vó, isso é normal.

- Poderia até ser, se não estivéssemos falando de você, Sophia. Nunca a vi tão elétrica e sorrir para a tela do celular, na verdade, já vi, sim, na época que você namorava o Thomas. - Ela dispara e eu já não tinha mais nenhuma desculpa. Em seguida, a mesma segurou as minhas mãos e me olhou no fundo dos olhos. - Não vou te pressionar, aguardarei o tempo que for necessário até que se sinta confortável em vir conversar comigo. Mas, se realmente estiver de namoradinho, diga a ele que você tem um avô e um pai assustadores, que sabem usar uma espingarda.

- Vó! - Solto uma risada ao ouvir sua última fala e ela larga as minhas mãos. O lado bom de ter esses papos profundos com a minha avó, era que mesmo a curiosidade falando mais alto, ela sempre respeitava o meu tempo.

- Posso participar da conversa também? Ouvi o falatório lá da sala. - Meu avô pergunta, se aproximando de nós.

- Chegou bem na hora! Estávamos comentando sobre você ser muito curioso. - Como disfarce, ela não perde a oportunidade de se divertir com a cara do meu avô.

- Como você pode dizer uma coisa dessas, meu amor? - Fingiu estar magoado ao fazer uma cara triste.

- Oh vó, vá abraçar o coitado.

- Venha cá, venha. - De braços abertos, ela se levanta da cadeira e abraça o seu marido, distribuindo beijos no seu rosto.

       Ver a maneira que os dois ainda se amavam mesmo depois de tanto tempo, me fazia acreditar verdadeiramente no amor e almejar ter uma relação parecida.

Memórias Where stories live. Discover now