capítulo vinte e oito

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Sophia Adams.

       Como resposta, balanço minha cabeça positivamente, disposta a ouvir o que o moreno tinha para me dizer.

- Eu percebi que você ficou bastante próxima do Noah e confesso que isso me deixou enciumado...

- Ao ponto de causar um climão desnecessário entre a gente? Bom saber!

- N-não. - Balbuciou. - Ver você mais feliz estando com ele e pensar que existia a possibilidade de você se envolver com outra pessoa além de mim, acabou me deixando furioso.

- Na boa, Thomas. Eu agradeço a sinceridade, e sendo sincera também, quando voltei para Laguna Beach e te vi pela primeira vez, meu coração quase saiu pela minha boca. - Confesso e ele sorri otimista. - Mas ao decorrer das semanas, Noah era quem tinha tomado conta de uma grande parte dos meus pensamentos. Até antes de vir para cá, fiquei dividida entre vocês. A minha cabeça está uma tremenda bagunça ainda, mas eu estou apenas fazendo o que acho ser o certo.

- O que você quer dizer com isso?

- Eu quero dizer que não posso retribuir mais os seus sentimentos, ou qualquer outra coisa que seja. - Dou uma pausa, buscando coragem e continuo. - Desde que vi o Noah na festa depois de muito tempo, me senti atraída. Naquela mesma noite o beijei, isso foi o suficiente para que eu me esquecesse da nossa discussão. Mesmo ainda sentindo uma pequena queda por você, não é o suficiente para me fazer querer reatar o nosso relacionamento. Esses dias que passamos juntos, eu percebi que te vejo mais como um amigo do que o meu ex namorado que ainda não tinha superado.

- Eu pensei que... - Ele comprime os lábios em uma linha fina e seu descontentamento era nítido.

- Sinto muito não ter correspondido as suas expectativas, mas a Melanie gosta muito de você, independente da minha opinião sobre ela, não acho que ela mereça isso. - Pouso minha mão no seu ombro. - Se não gosta dela, deveria terminar esse rolo entre vocês, assim, nenhum dos dois se machucam.

- Eu já sei o que fazer em relação a Melanie agora. - Ele diz, parecendo grato pelo meu conselho. - Então, já que a nossa história de ex's amantes se encerra aqui, espero que essa conversa não cause um clima esquisito entre nós dois. - Ele estende a mão para que eu aperte-a, mas o abraço fortemente.

- Você foi uma pessoa muito importante para mim. - Falo baixo, enquanto alisava suas costas.

- Se eu soubesse, nunca teria ido para a Inglaterra, não teria começado uma nova etapa sem você e, talvez, não teríamos essa conversa.

       Seu tom de voz demonstrava arrependimento pelas suas decisões passadas, as principais causadoras para estarmos aqui. No entanto, isso só significava que apenas não era para ser.

       Mesmo ele não indo para a Inglaterra e continuássemos o nosso namoro, de qualquer outra forma teríamos o mesmo destino, talvez até um pouco pior.

        Thomas tinha sido a primeira pessoa que realmente gostei e namorei. Todas as nossas lembranças me deixam nostálgica, mas não ao ponto de sentir falta.

       Retomar o nosso relacionamento já não estava mais nos meus planos. Após essa conversa, finalmente me conformei com o fim de um lindo capítulo.

       Solto Thomas, e antes de entrar no quarto, olho para trás, vendo o mesmo se perder em meio a escuridão daquele corredor extenso.

       Caminho até a minha cama e me deito com cuidado, deixando meu pé machucado sobre um travesseiro. Dormi duas horas depois de vasculhar minhas redes sociais.

***

       Já acordada e arrumada, comecei a organizar as minhas malas, pois hoje era o meu último dia na casa de praia. Ao terminar uma das malas, noto a silhueta de Katherine em frente a porta.

- Como está você e o seu pé?

- Meu pé está menos inchado, e enquanto a mim, vou ficar bem. - Abro um meio sorriso.

- Já está organizando suas coisas? - Ela pergunta o óbvio, mas não respondo ironicamente.

- Sim. - Digo, finalizando a outra mala restante. - Se eu deixasse isso para mais tarde, iria ficar com preguiça.

- Faz sentido. Só não arrumei a minha por não ter acordado com a mesma coragem que a sua. - Ela comenta, me fazendo rir. - Fiquei de ir com o Thomas e a Melanie comprar alguns lanches e acessórios para o nosso luau na sacada. Quer vir?

- Luau?

- Lógico. Temos que finalizar essa folguinha de um jeito mais que especial. - Sua empolgação era contagiante.

- Acho melhor ficar por aqui mesmo, estou tentando ao máximo não forçar muito o meu pé.

- Muito bem. Então, já vou indo, até mais tarde.

      Ela sai do quarto acenando, em seguida, guardo minhas malas ao lado da cama antes de ligar a televisão e assistir alguma coisa.

      Dou play em um filme de apocalipse zumbi chamado "zumbilândia", o único filme de comédia e terror que cheguei a gostar.

       Na minha opinião, sempre achei que os filmes de zumbis são melhores apenas com ação e suspense, sem ter comédia no meio, porque quebrava todo o padrão do terror.

       No meio do filme, senti minha barriga roncar e logo dei pausa para pegar algo na cozinha. Chegando na mesma, me deparo com Noah escorado no balcão, com fones de ouvido, entretido no celular.

       Sem fazer nenhum alerta, caminho silenciosamente até o armário, onde avistei um saco de salgadinhos na prateleira mais alta.

       Sabendo que não iria conseguir ficar de ponta de pé, resolvi apenas esticar o meu braço, mas não adiantava, a prateleira ainda estava mais alta.

       Pensando em apelar pela ajuda da cadeira, Noah se aproxima e apanha o saco de salgadinhos com facilidade.

- Aqui está. - Ele me entrega o saco, mantendo sua expressão séria e eu sorrio sem mostrar os dentes.

- Obrigada.

       Retirando dois salgadinhos do saco, guardei o pacote em uma prateleira mais baixa. Abro a geladeira e pego a única latinha de coca-cola zero.

- Essa latinha é minha.

- Sua? - O encaro.

- Minha. - Reparo na sua aproximação e antes que chegasse mais perto, larguei a latinha em cima da pia.

- Ai está, vou beber um guaraná mesmo. - Me desvio do seu corpo e suas mãos agarram levemente meu pulso. - O que foi?

- Eu...

       Só foi Alice e Edward aparecerem que o loiro me soltou rapidamente.

       Evitando demonstrar a minha irritação, peguei a garrafa de guaraná mais o salgadinho e subi para o meu quarto, sem cumprimentar ninguém.

       Não fazia sentido ele se portar daquele jeito na presença dela, não depois de ter dado aquele baita fora.

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