capítulo cinco

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Sophia Adams.

       Ouvindo vozes distantes, abri meus olhos e avistei cinco pares de olhos em cima de mim. Assustada, levantei bruscamente.

- Amiga?

       Fechei meus olhos e abri algumas vezes para me acostumar com a claridade do sol.

- O que aconteceu? - De imediato, sinto uma dor insuportável na cabeça e deito-me no sofá novamente, fazendo cara feia.

- Toma, isso é para ressaca! - minha mãe entregou um copo cheio de água. - Dei isso para Katherine e ela já está um pouco melhor.

       Levantei um pouco a minha cabeça e com apenas um gole, bebi toda a água daquele recipiente.

- Foi mais rápida do que eu! - Kathe riu e eu encostei a minha cabeça no travesseiro. - Desculpa por hoje de madrugada. Não queria dar trabalho para você e o Noah.

- Como você... - Antes que eu pudesse concluir a minha fala, ela termina.

- Ele me mandou mensagem hoje de manhã, me perguntando se estávamos bem.

"Estávamos bem", até parece que aquele mesquinho se importa com mais alguém além dele!

- Inclusive, o que aconteceu com vocês dois ontem? Eu realmente fiquei sem reação com tudo o que vi. Se eu não chegasse na hora, sabe-se lá o que mais teria rolado.

Lá vem ela com esse falatório, querendo saber de todos os detalhes.
Enquanto eu, quero apenas esquecer.

- Aquilo foi um erro! Não tem pra quê comentar sobre. - Disse ríspida, pensando nas últimas palavras daquele canalha antes de sair do quarto. Quem ele pensa que é para dizer aquilo para mim? Como se eu estivesse caidinha aos seus pés!

- Tudo bem, não vou mais fazer perguntas. - Disse levantando as mãos para o alto, em forma de rendição.

- Docinho, lhe trouxe umas frutas frescas, talvez ajude. - Minha avó era sempre atenciosa.

- Obrigada, vó. Pode deixar aí na mesinha de centro que daqui a pouco eu como. - Falei sorrindo e ela assentiu.

       Fechei os meus olhos, torcendo para que a dor de cabeça passasse magicamente.

- Menina! Não acredito!

- Não grita! - A repreendi.

- Desculpa, sô. - Ela fala tão baixo dessa vez, que quase sussurra. - Parece que vai ter uma festinha por aqui perto, e muitos cantores foram convidados.

- Acho que a cota de festa essa semana já deu para mim.

       Depois dessa social do Thomas, fiquei toda problemática. Por hora, tô fora de qualquer festinha que rolar essa semana.

- Poxa! Seria bom se nós fôssemos... - Fez bico, fingindo estar desapontada. - Mas tudo bem, o que faremos então? Temos que curtir ao máximo seu tempo aqui, antes de você voltar para Los Angeles.

- Sabe, faz tempo que não vou à praia.

- Até que não é uma má ideia. - Disse pensativa. - Ok, marcado para amanhã!

- Só NÓS DUAS! - dei ênfase no "nós duas", para deixar claro que eu não queria a presença de nenhum dos meninos.

- Fica tranquila, não vou chamá-los. - Ela riu. - Bom, agora tenho que ir. Meus pais já me ligaram milhares de vezes, acho que estou um pouquinho encrencada.

- Qualquer coisa, eu peço para o vovô ligar para eles e inventar alguma desculpa.

       Meu avô sempre livrava a Kathe das emboscadas com seus pais.

- 'Tá' certo. - Ela ri. - Eu te ligo qualquer coisa. - Antes de ir até à porta, ela me deu um beijo na testa. - Se cuida, para a gente pegar um bronze amanhã!

       Por fim, ela sai, e foi só aí que me lembrei de perguntar se ela já tinha ido buscar a moto. Dei de ombros e fechei meus olhos, em poucos minutos, adormeci.

***

       Acordei mais uma vez e minha dor de cabeça já tinha passado. Bocejando, me levantei do sofá e... já escureceu? Por quanto tempo eu dormi?

       Procurei o meu celular pela sala e logo o avistei jogado no chão. Liguei o ios e quase fiquei cega com a luz altíssima da tela.

       Diminui o brilho e rolei a barra de notificações, vendo dez ligações perdidas de um número desconhecido às 03h da manhã.

       Retornei uma das ligações, mas caiu na caixa postal, então, deixei meu celular no braço do sofá e peguei a tigela de frutas que minha avó tinha preparado hoje de manhã.

       Comecei a comer enquanto conversava besteira com as minhas colegas de faculdade. Um tempo depois, ouço um falatório do lado de fora da casa. Pela força do hábito, deixo a tigela e o meu celular na mesinha de centro e coloco a cabeça na janela.

       Infelizmente, só conseguia ver o meu pai. Não satisfeita, sai para fora e espiei a conversa. Era meu pai e o Noah? Desde quando voltaram a ser tão íntimos?

- Você deveria vir jantar conosco hoje! Eu, Abigail, Sophia e meus pais iriam adorar a sua companhia.

- Não é necessário, senhor James. Tenho alguns assuntos pendentes para resolver.

       Suspirei aliviada com sua resposta. Finalmente ele foi sensato uma vez na vida.

- Não aceito um não como resposta!

       Bati os pés revoltada, e isso de alguma forma chamou atenção do meu pai.

- Sophia, aproveitando que você está aí, que tal cumprimentar o Noah? Ele é o meu convidado de hoje a noite.

       Sai com a cara mais cínica do mundo para os dois que me olhavam segurando a risada. Me aproximei de ambos, me xingando mentalmente por ter sido tão indiscreta.

- Oi, Noah. - Abri um sorriso, e era mais falso do que uma nota de três dólares.

- Oi! Adams. - Ele esboçou o famoso sorriso sarcástico, o que mais me deixava estressada. Era nítido o quanto ele se divertia com aquela situação. - Pensando melhor... pelo tempo que conheço vocês, não acho certo recusar um convite como esse. Faz tempo que não como a comida deliciosa do vô William.

- Vô William? - Ri baixinho. - Até parece! - Resmunguei e Noah revirou os olhos.

- Vamos entrar! está ficando frio aqui fora. E Noah, você fez uma ótima escolha. - Sorridente, meu pai deu três batidinhas nas suas costas.

       Ao entrarmos, o cheiro misto de pratos deliciosos tomaram conta de toda a casa.

- Pode ficar a vontade, Noah. - Disse meu pai, antes de sair da sala.

       O loiro se sentou no sofá e, em seguida, fiz o mesmo.

- Vem cá, o que você 'tá' fazendo? - Indaguei encarando-o.

- Como é? - Arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto me analisava.

- Não seja sonso, não combina com você. Sei que está adorando essa situação! Tudo isso é para me provocar?

- Eu sempre soube que você era louca, e hoje eu tive a minha confirmação. - Ele desviou o seu olhar e retirou o celular do bolso. - Eu pretendia comer na minha casa, mas não quis recusar um convite tentador do seu pai, mesmo que seja ter que dividir a mesa com você.

- Ótimo. Também não quero dividir a mesa contigo, logo, seria uma honra dizer ao meu pai que você passou mal e não pôde ficar para o jantar. - Sorri, torcendo para que ele aceitasse a minha sugestão.

- Finalmente pensou em alguma coisa útil, pena que não estou afim de participar dessa armação.

       Respirei fundo, me controlando para não voar no seu pescoço ali mesmo. Era incrível como ele conseguia facilmente me tirar do sério.

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