Noah Campbell.
Após todo o drama do afogamento de faz de conta da Sophia, joguei um jato de água no seu rosto, fazendo a mesma se engasgar. No entanto, ela não poupou esforços para jogar água e acertar em cheio os meus olhos.
Resmunguei, levando automaticamente minha mão as minhas pálpebras. Quando menos imagino, sinto suas mãos pequenas e macias encostarem no meu rosto, me acalmando.
Abri meus olhos aos poucos e entrei em transe. O seu toque e a sua aproximação me deixaram com uma vontade incontrolável de beijar seus lábios.
Mesmo querendo mentalmente desviar o meu olhar, meu corpo nem se quer me obedecia e isso me deixava puto.
- Não vão se beijar agora, né? - Thomas surge do nada, quebrando o nosso contato visual.
- Claro que não! Eu não bati a minha cabeça com tanta força ainda. - Me defendi, recuando alguns passos para trás.
- Tu é um empata foda, hein! - Melanie diz ao Thomas, empurrando levemente seu ombro.
- Os dois estragaram o clima e ainda deixaram eles constrangidos. - Katherine aparece em defesa minha e de Sophia. O que não foi grande coisa, ela apenas deu corda para o que estavam falando.
- Além de emocionados, são iludidos. Credo! - Sophia cuspiu as palavras na cara dos três empatas foda.
- Acredito que já deu a nossa hora, cara. - Digo para Thomas, que entende o meu recado e concorda.
- É, também acho. Já me molhei demais. - Sophia diz, roubando a atenção de todos, inclusive a minha. Não demorei muito para perceber suas bochechas corarem. - Vocês pensam muita merda, se lasquem!
Ri discretamente, me deixando levar pelos meus pensamentos maliciosos graças a sua frase com duplo sentido.
- Vocês sempre morgam o assunto na melhor parte! - Melanie fala antes de sair da água, aparentando estar desapontada.
Caminhei até a areia juntamente com Thom e Katherine, não demorou muito para Sophia fazer o mesmo.
Enquanto os outros foram pegar as coisas que estavam na areia, fiz o favor de colocar às três pranchas na caçamba do carro do meu pai.
O bom de ter pais que sempre viajam, é a liberdade que tenho para fazer o que eu quiser.
- Nem fosse ajudar as meninas. - Thomas surgiu do meu lado novamente. Esse cara ta igual uma alma penada.
- E tu tapeou, tapeou e deixou as meninas trazerem as coisas.
- Pois é! O cavalheirismo de vocês dois passou longe. - Sophia debochou, mas antes que eu pudesse rebater, Katherine continua a provocação.
- Se houvesse uma competição de quem era o mais cavalheiro, com toda certeza seriam reprovados antes de serem selecionados para competir. - disse indo em direção ao seu carro que estava estacionado do outro lado da calçada.
- Que foi, hein? Agora estão de complô? - Indaguei.
- Falaram apenas a verdade, meu lindo. - Por fim, Melanie completa, parando na minha frente.
- Mulher é um bicho ruim quando se trata de defender umas outras. - Thomas opinou e eu o apoiei.
- Homens como vocês nunca entenderiam. - Melanie fala, antes de entrar no carro e sentar no banco do passageiro.
- Ei, eu que vou na frente! - Thomas exige e Melanie coloca o cinto, dando a mínima. - Tá surda?
- Você já foi na ida, eu não vou roubar seu marido não.
- Marido nada, nem me envolva nesse rolo. - Digo entrando no carro.
- Poxa, amor. Me negando? - Fazendo beiço, Thomas fingiu estar triste.
- Que porra de amor!
Soltei uma risada breve e dei partida no carro. A cerca de 20 minutos, cheguei em casa depois de despachar Thomas e Melanie.
Estaciono o carro na garagem e pego a minha prancha, entrando em casa, encontrando tudo em ordem e extremamente limpo.
- Boa tarde, pequeno Noah. - Carol apareceu na sala com um grande sorriso no rosto.
- Boa tarde, senhora carol. - Ainda segurando a prancha, vou até a mais velha e deixo um beijo no topo da sua cabeça.
Carol é a minha governanta desde que me conheço por gente, sempre teve o maior cuidado comigo quando meus pais viajavam, mesmo com todo o trabalho que eu dava.
Eu diria que ela praticamente é a minha mãe. Além do mais, família não precisa necessariamente ser do mesmo sangue.
- Vejo que o sol foi pouco piedoso com você dessa vez.
- É, tô me sentindo um espetinho assado. - gracejei e ela riu.
- O almoço já está pronto, quer que eu coloque a mesa?
- Já comeu? - Faço outra pergunta em cima da dela e ela nega. - Então, trate de comer que depois eu pego meu prato e coloco a comida. Sem objeções.
- Não ia falar nada. - Ela sorri e vai para a cozinha.
Deixando a prancha na despensa, vou para o meu quarto e entro no banheiro. Logo depois do banho, visto uma cueca, um samba calção cinza e uma regata preta.
Não fiz questão de secar o cabelo, optei por deixá-lo secar naturalmente e desci para a cozinha.
Lambi meus lábios sentindo o cheiro delicioso da lasanha de frango, carne moída e quatro queijos, a maior especialidade da Carol.
Sem demora, com água na boca, pego um prato e coloco uma grande quantidade. Sento na mesa e devoro a lasanha, aproveitando ao máximo a explosão de sabores.
Olhando de fora, até parece que fiquei amarrado em um quarto, sem comida por um mês.
- Gostando da lasanha? - Carol entrou na cozinha.
- Adorando! - Digo de boca cheia, observando sua aproximação.
- Você continua o mesmo garotinho de 7 anos. - Ela sentou-se na minha frente.
- Nada a ver. - Disse após engolir.
- Deveria trazer a Sophia aqui. Gostaria de vê-la.
- Que amor, hein - Ironizo. - Mas sinto muito por não corresponder aos seus gostos. - Dei uma garfada na lasanha.
- Ouvir isso não me deixa nada surpresa. - Ela suspira. - Mas vocês já se encontraram?
- Três vezes.
- Três vezes!? Me conta mais. - Ela se ajeita na cadeira, apoiando seus braços na mesa, animada.
- O que você quer saber? Ver ela três dias seguidos é torturante, e não digo em um sentido bom.
- Incrível como continuam implicando um com o outro.
- Eu não implico, fico na minha. Ela que chega com gracinha.
- Noah, Noah... - Balança a cabeça. - Um dia você vai cair na real.
- Não entendi, onde você quer chegar, Carol? - Falei, olhando-a se retirar da cozinha. - Não saia sem me dar explicações!
- Não adianta explicar o óbvio para quem se recusa a entender. - Ela sai.
Fiquei uns segundos pensando no que ela havia dito e ao entender nada, voltei a comer. Tá caducando, certeza!
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Memórias
RomanceSophia Adams, estudante de psicologia que mora em Los Angeles com seus pais. Depois de anos, ela aproveita as férias da faculdade e resolve ficar um tempo na casa de seus avós, em Laguna Beach, onde passou sua infância e adolescência. Lá, ela encon...