capítulo nove

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Noah Campbell.

       Após todo o drama do afogamento de faz de conta da Sophia, joguei um jato de água no seu rosto, fazendo a mesma se engasgar. No entanto, ela não poupou esforços para jogar água e acertar em cheio os meus olhos.

       Resmunguei, levando automaticamente minha mão as minhas pálpebras. Quando menos imagino, sinto suas mãos pequenas e macias encostarem no meu rosto, me acalmando.

       Abri meus olhos aos poucos e entrei em transe. O seu toque e a sua aproximação me deixaram com uma vontade incontrolável de beijar seus lábios.

       Mesmo querendo mentalmente desviar o meu olhar, meu corpo nem se quer me obedecia e isso me deixava puto.

- Não vão se beijar agora, né? - Thomas surge do nada, quebrando o nosso contato visual.

- Claro que não! Eu não bati a minha cabeça com tanta força ainda. - Me defendi, recuando alguns passos para trás.

- Tu é um empata foda, hein! - Melanie diz ao Thomas, empurrando levemente seu ombro.

- Os dois estragaram o clima e ainda deixaram eles constrangidos. - Katherine aparece em defesa minha e de Sophia. O que não foi grande coisa, ela apenas deu corda para o que estavam falando.

- Além de emocionados, são iludidos. Credo! - Sophia cuspiu as palavras na cara dos três empatas foda.

- Acredito que já deu a nossa hora, cara. - Digo para Thomas, que entende o meu recado e concorda.

- É, também acho. Já me molhei demais. - Sophia diz, roubando a atenção de todos, inclusive a minha. Não demorei muito para perceber suas bochechas corarem. - Vocês pensam muita merda, se lasquem!

       Ri discretamente, me deixando levar pelos meus pensamentos maliciosos graças a sua frase com duplo sentido.

- Vocês sempre morgam o assunto na melhor parte! - Melanie fala antes de sair da água, aparentando estar desapontada.

       Caminhei até a areia juntamente com Thom e Katherine, não demorou muito para Sophia fazer o mesmo.

       Enquanto os outros foram pegar as coisas que estavam na areia, fiz o favor de colocar às três pranchas na caçamba do carro do meu pai.

       O bom de ter pais que sempre viajam, é a liberdade que tenho para fazer o que eu quiser.

- Nem fosse ajudar as meninas. - Thomas surgiu do meu lado novamente. Esse cara ta igual uma alma penada.

- E tu tapeou, tapeou e deixou as meninas trazerem as coisas.

- Pois é! O cavalheirismo de vocês dois passou longe. - Sophia debochou, mas antes que eu pudesse rebater, Katherine continua a provocação.

- Se houvesse uma competição de quem era o mais cavalheiro, com toda certeza seriam reprovados antes de serem selecionados para competir. - disse indo em direção ao seu carro que estava estacionado do outro lado da calçada.

- Que foi, hein? Agora estão de complô? - Indaguei.

- Falaram apenas a verdade, meu lindo. - Por fim, Melanie completa, parando na minha frente.

- Mulher é um bicho ruim quando se trata de defender umas outras. - Thomas opinou e eu o apoiei.

- Homens como vocês nunca entenderiam. - Melanie fala, antes de entrar no carro e sentar no banco do passageiro.

- Ei, eu que vou na frente! - Thomas exige e Melanie coloca o cinto, dando a mínima. - Tá surda?

- Você já foi na ida, eu não vou roubar seu marido não.

- Marido nada, nem me envolva nesse rolo. - Digo entrando no carro.

- Poxa, amor. Me negando? - Fazendo beiço, Thomas fingiu estar triste.

- Que porra de amor!

       Soltei uma risada breve e dei partida no carro. A cerca de 20 minutos, cheguei em casa depois de despachar Thomas e Melanie.

       Estaciono o carro na garagem e pego a minha prancha, entrando em casa, encontrando tudo em ordem e extremamente limpo.

- Boa tarde, pequeno Noah. - Carol apareceu na sala com um grande sorriso no rosto.

- Boa tarde, senhora carol. - Ainda segurando a prancha, vou até a mais velha e deixo um beijo no topo da sua cabeça.

       Carol é a minha governanta desde que me conheço por gente, sempre teve o maior cuidado comigo quando meus pais viajavam, mesmo com todo o trabalho que eu dava.

       Eu diria que ela praticamente é a minha mãe. Além do mais, família não precisa necessariamente ser do mesmo sangue.

- Vejo que o sol foi pouco piedoso com você dessa vez.

- É, tô me sentindo um espetinho assado. - gracejei e ela riu.

- O almoço já está pronto, quer que eu coloque a mesa?

- Já comeu? - Faço outra pergunta em cima da dela e ela nega. - Então, trate de comer que depois eu pego meu prato e coloco a comida. Sem objeções.

- Não ia falar nada. - Ela sorri e vai para a cozinha.

       Deixando a prancha na despensa, vou para o meu quarto e entro no banheiro. Logo depois do banho, visto uma cueca, um samba calção cinza e uma regata preta.

       Não fiz questão de secar o cabelo, optei por deixá-lo secar naturalmente e desci para a cozinha.

       Lambi meus lábios sentindo o cheiro delicioso da lasanha de frango, carne moída e quatro queijos, a maior especialidade da Carol.

       Sem demora, com água na boca, pego um prato e coloco uma grande quantidade. Sento na mesa e devoro a lasanha, aproveitando ao máximo a explosão de sabores.

       Olhando de fora, até parece que fiquei amarrado em um quarto, sem comida por um mês.

- Gostando da lasanha? - Carol entrou na cozinha.

- Adorando! - Digo de boca cheia, observando sua aproximação.

- Você continua o mesmo garotinho de 7 anos. - Ela sentou-se na minha frente.

- Nada a ver. - Disse após engolir.

- Deveria trazer a Sophia aqui. Gostaria de vê-la.

- Que amor, hein - Ironizo. - Mas sinto muito por não corresponder aos seus gostos. - Dei uma garfada na lasanha.

- Ouvir isso não me deixa nada surpresa. - Ela suspira. - Mas vocês já se encontraram?

- Três vezes.

- Três vezes!? Me conta mais. - Ela se ajeita na cadeira, apoiando seus braços na mesa, animada.

- O que você quer saber? Ver ela três dias seguidos é torturante, e não digo em um sentido bom.

- Incrível como continuam implicando um com o outro.

- Eu não implico, fico na minha. Ela que chega com gracinha.

- Noah, Noah... - Balança a cabeça. - Um dia você vai cair na real.

- Não entendi, onde você quer chegar, Carol? - Falei, olhando-a se retirar da cozinha. - Não saia sem me dar explicações!

- Não adianta explicar o óbvio para quem se recusa a entender. - Ela sai.

       Fiquei uns segundos pensando no que ela havia dito e ao entender nada, voltei a comer. Tá caducando, certeza!

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