capítulo dois

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Sophia Adams.

       Após pensar bastante se eu estaria fazendo o certo em ir à festa, optei por ir e simplesmente ignorar tudo o que aconteceu comigo e Thomas há anos atrás.

       Independente de como tudo acabou, estamos crescidos e maduros o suficiente para agirmos normalmente.

       No entanto, a incerteza do que irá acontecer quando nos encontrarmos me deixa demasiadamente ansiosa.

       Me desliguei de meus pensamentos invasivos e me apressei para trocar de roupa ao ver o horário.

       Eram exatamente 19h da noite. Eu tinha apenas uma hora para estar pronta antes que Katherine chegasse.

       Vasculhei a minha mala que ainda estava com as minhas roupas e procurei alguma roupa decente para vestir.

       Um tempo depois, coloquei um cropped branco, juntamente com uma saia preta com glitter que ia até a metade da coxa, e calcei o meu coturno.

       Fiz umas ondulações no comprimento do meu cabelo com o babyliss e, em seguida, uma maquiagem um pouco carregada. Para finalizar, borrifei perfume pelo meu corpo.

       Já pronta, aproveitei o tempo restante para procurar o meu celular em meio a bagunça e Kathe entra no quarto.

- Pronta, monamuor?

- A educação deixou em casa, vida?

       Falei ironicamente, com um sorriso amarelo nos lábios, virando-me para vê-la e me chocando com o que estava diante dos meus olhos.

       Depois de dois anos, ela ficou mais alta e deixou o seu cabelo escorrido crescer até os seus glúteos, sendo que antes, ela fazia questão de mantê-lo em um Chanel.

       Agora, vendo a minha melhor amiga totalmente diferente, a minha ficha finalmente caiu. Fiquei muito tempo longe dessa cidade.

- Eu sei que você está em choque o suficiente para não me abraçar, então, deixa que eu faço isso. - Ela veio até a mim e me abraçou fortemente. Assim que me dei conta, retribui o seu abraço na mesma intensidade.

       Quando fui embora, eu e Kathe ainda nos falávamos, no entanto, devido a rotina e por eu deixar de visitar os meus avós, acabamos nos distanciando.

       Com o passar do tempo, só falávamos o necessário. Até que um dia, não mandamos mais mensagens e seguimos nossas vidas separadamente.

- Tá bom, chega de frescura. - Ela riu e me soltou. - Vamos logo, a festa já começou!

- Espera! Não achei o meu celular ainda.

- Você não vai precisar dele! Vamos! - Ela simplesmente ignorou o que eu disse e me puxou pelo braço do quarto até a sala. - Tchau, família linda. Voltaremos em segurança! - Falou para meus pais e meus avós que estavam vendo tv., antes de me arrastar para fora de casa.

- Tomem cuidado! - Alertaram antes de sairmos.

- Espera. Você está andando nisso? Que reviravolta! - Disse embasbacada, enquanto olhava a mesma subir na moto.

- Às vezes, temos que dar a cara a tapa e superar os nossos medos, não acha? - Ela me entregou um de seus capacetes e o encaixei na minha cabeça.

- Por isso eu realmente não esperava! - Subi na moto e agarrei a sua cintura.

- Se segura!

       Foi só questão de tempo ela ligar a moto e dar partida. Em poucos minutos chegamos na chácara.

       Desci da moto e dei o capacete para a Kathe. Analisei cada detalhe daquele lugar e senti um frio na barriga. Ainda dava tempo de dar meia volta.

- Nem pense em amarelar agora, conheço essa cara. Vai ficar tudo bem. - Ela me olhou sorrindo, o que me confortou um pouco.

       Entramos e já demos de cara com um número grande de pessoas espalhadas, com os copos cheios de bebida, que creio que seja vodca.

       Paramos na mesa de bebidas e fiz um drink de limão. Se for para curtir essa festa e não perder o controle rápido, tenho que beber aos poucos.

- Thomas deu o seu nome nessa festa! - Kathe comentou impressionada, logo após, tomou um gole da sua batida de maracujá.

- Achei normal. - Dei de ombros e com o canudo, brinquei com o líquido esverdeado.

- Você não dá o braço a torcer mesmo, não é?

- Estou sendo apenas sincera. - Bebi um gole do drink e manti meus olhos na pista de dança.

- Então, é bom você deixar para ser sincera depois, o Thomas está vindo aí.

       Após ouvi-la, me engasguei com o líquido cítrico.

- Kathe! Você veio! - Ele lhe deu um abraço forte, mas rápido.

       Ele estava mais atraente do que eu podia imaginar.

- Claro! Você achou que eu iria perder uma festinha? - Ela falou e ambos riram. No entanto, seu olhar pousou em mim.

- Sophia? É você mesmo?

Merda! Ele lembrou.

- Oi, Thomas. Sou eu mesmo. - Forcei um sorriso e ele me analisou dos pés a cabeça.

- Não sabia que você estava aqui, chegou há muito tempo?

- Cheguei hoje.

- Você está...

       Antes que o moreno pudesse terminar a frase, alguém aparece atrás dele e lhe interrompe.

- Ei Thom, como tu sai e me deixa lá com as meninas caindo em cima!?

- 'Cê' tinha que chegar falando disso agora, Noah?

       Noah? Noah Campbell? O garoto que implicava comigo a minha infância e pré-adolescência toda?!

       Como ele conseguiu ganhar tanto músculo e ainda ter ficado mais gato? Espera, eu nem suporto esse cara! Ele no máximo continua aceitável.

- Não me diga que essa é... - O loiro me encarou e eu concluí o que ele ia dizer.

- Sophia Adams, ao vivo e a cores. - Falei ríspida e o encarei de volta.

- Incrível, o tempo passa e você continua se achando a última bolacha do pacote.

       Quando eu estava prestes a retrucar, Kathe me cortou.

- Foi bom o reencontro, mas vou roubar a minha amiga. Beijo, meninos! - Ela deixou sua bebida na mesa e tirou o copo das minhas mãos, antes de me puxar para a pista de dança.

       Dançamos uma música atrás da outra, como antigamente. Pela minha falta de costume, com certeza minhas pernas ficariam bambas antes de chegar ao fim da festa, mas quem liga?

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