TRINTA E CINCO

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Martina

Eu saio do banho e me enrolo num roupão. Tem alguém tocando o interfone igual a um maluco.

- Já vai- eu digo me atrapalhando um pouco- Henrique?- ele está diferente, parece em outro mundo.

- Oi Martina- ele entra e confesso que estou me assustando um pouco.

- Tá tudo bem?- ele não responde, apenas me encara e suas pupilas estão dilatadíssimas

- Estaria, se você não tivesse fudendo com meu psicológico- ele se aproxima e eu me afasto ainda mais.

- Senta aqui, o que tá acontecendo?- ele joga a mesa da entrada no chão e tudo que esta em cima estilhaça.

- Cala sua boca. Sua voz é insuportável- ele faz um avanço e me agarra- Você é insuportável 

- Para... Henrique- ele me ignora.

Em segundo ele desamarra o roupão e eu fico totalmente exposta e imploro mentalmente para que ele não faça nada, mas é em vão. Eu sinto minhas costas contra o sofá. Mais um móvel que eu terei nojo.

- Henrique, para você é casado- como ele pode fazer isso comigo e com a esposa, como?

- Cala boca- ele me da um tapa e começa a passar as mão pelos meu seios, tudo contra minha vontade. Com o Valentim foi ruim, mas pelo menos eu queria.

Uma dor intensa surge quando ele entra em mim e a única coisa que sinto é um vazio enorme e uma dor profunda na minha alma. Porque o mundo é cruel comigo? Eu nunca fiz mal a ninguém, mas parece que todo mundo a minha volta tem um motivo pra me tratar como um lixo... minha mãe, meu amigo. 

 Quem salva é sempre a Regina, que nunca me abandonou e sempre tá do meu lado.

Eu sinto ele entrar e sair várias e várias vezes com mais força até terminar. O peso físico é tirado de mim mas o emocional jamais.

A porta da frente é fechada e eu me levanto e a tranco, pego o roupão e me cubro, sentindo uma tremenda vergonha.

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Passei vários minutos encarrando o chão sem saber o que fazer, eu não tenho controle nenhum sobre meu choro, esta livre. Num surto de decepção eu mando uma mensagem para Jimena, não tenho nenhuma condição para falar com ninguém

Eu: Por favor, não mande mais ninguém para cuidar de mim... Todos eles me machucam.

Eu: O Valentim pelo menos fez perguntas antes e não foi invasivo e eu queria.

Eu: Mas dessa vez eu não queria e ele fez mesmo assim.

Eu: Por favor Jimena, me deixe sozinha. Antes de saber tudo isso minha vida era boa, alegre... por favor eu não quero que mande mais ninguém. Dói toda vez que alguém invade meu espaço assim

Eu: Eu pensei que o Henrique fosse mil vezes melhor que o Valentim, mas ele é mil vezes pior... mesmo sendo casado ele não respeitou a esposa.

Eu deixo o celular de lado e me enfio no chuveiro.

- Porque você foi embora pai, o senhor era o único que amava de verdade- me sento no chão gelado e deixo a dor me consumir ou eu a vencerei ou ela me vencerá

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Valentim

O Juan foi buscar a gente no aeroporto. Minha cabeça tá a mil e eu tô sem saco para falazada e a porra não cala a boca um segundo.

- Dá pra calar Juan?

- Não me enche, problema seu se tá com o rabo cheio de problema.

- Por Deus Juan, se sua mãe não estivesse aqui eu te quebraria no murro- eu nunca bati no Juan, mas ele tá merecendo, desde o dia que perguntei ele aquelas coisas o cara virou outro comigo.

- Vigia Valentim, vigia.

O aeroporto nunca foi tão longe assim, puta que pariu. O cara não sabe cantar e insiste em cantar igual um idiota, ele só pode ter desligado o senso

- Puta que pariu Juan! Cala a boca, você canta mal para caralho- ele ignora totalmente- Jimena, por favor, pede essa praga pra calar a boca.

- Juan, pare de cantar. Minha cabeça esta doendo e vai piorar se continuar- como se fosse mágica ele cala a boca. Obrigado.

- Outro dia eu vi o Henrique- não passou dez segundo e ele tá falando de novo.

- É? eu quero que o Henrique se foda, traidor  tem que morrer- quero que alguém torture o Henrique e ele morra implorando perdão. Traidor do caralho.

O clima no carro fica tenso e eu tô me lixando, a Jimena sabe o eu penso, nunca escondi dela que quase o matei e agora ele tem meu ódio para sempre.

Depois de longos quarenta minutos, estamos na porta de casa, meu corpo quer banho, comida e cama. O avião saiu da Colômbia 11:30 e foram as cinco horas mais torturantes da minha vida, eu tô com um ódio tão grande do Pablo, que vim a viagem toda me questionando porque não o matei.

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Estou no escritório fazendo a correção do meu artigo, graças a Deus estou acabando, ser PhD não é fácil, isso tá torrando meus neurônios, ainda mais depois de ter uma reunião com a Jimena, tenho que produzir potencializador para uma remessa de sete milhões de heroína. 

O celular dela ficou em cima da mesa  e não para de vibrar, que cacete! Tá tirando minha atenção, eu pego e vou procura- lá pela casa e é ai que ele acende e brilha o nome da Martina e adivinha? sem senha. Ela deixou várias mensagens.

Martina: Por favor, não mande mais ninguém para cuidar de mim... Todos eles me machucam.

Martina: O Valentim pelo menos fez perguntas antes e não foi invasivo e eu queria.

Martina: Mas dessa vez eu não queria e ele fez mesmo assim.

Martina: Por favor Jimena, me deixe sozinha. Antes de saber tudo isso minha vida era boa, alegre... por favor eu não quero que mande mais ninguém. Dói toda vez que alguém invade meu espaço assim

Martina: Eu pensei que o Henrique fosse mil vezes melhor que o Valentim, mas ele é mil vezes pior... mesmo sendo casado ele não respeitou a esposa.

Desgraçado. Filho da mãe.

A cada palavra que eu lia o nó em minha garganta ficava pior e o ódio no meu coração aumentava, quem estava a protegendo a machucou, mais uma vez. Não que eu seja diferente, mas caralho ele abusou dela, isso é estupro. E mesmo que ela me odeie eu vou salva- lá mais uma vez e quantas vezes for necessário.

 Essa mensagem não é pra mim, mas a melhor pessoa que poderia ter visto sou eu. Onde a Jimena esta com a cabeça de mandar o Henrique pra cuidar dela? 

-Jimena?- eu saio pela casa gritando ela.

- Saiu, disse que via demorar um pouco.

- Você sabia que é o Henrique que tá cuidando da Martina?- eu falo sem paciência e por Deus, se o Juan souber e tiver me escondido ele será o primeiro que vou matar.

- Tá ficando louco? Minha mãe nunca colocaria o Henrique pra fazer isso- eu jogo o celular pra ele.

- Mas ela fez. Eu tô saindo e reza pra eu não achar seu irmão se não vocês terão um corpo para velar.

Que cacete, porque a casa dela é tão longe. Eu vou cortando cada porra de carro que aparece e furei todos os sinais, foda- se as multas

- Ai caralho- eu quase  bato num carro e minha moto derrapa pelo asfalto- Tá cego caralho?- o homem fica sem entender. Eu pego a moto e continuo seguindo, pelo menos foi só arranhões, devo aparecer com algumas dores, mas não estou nem ai

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now