QUATRO

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Valentim

Eu acordei com o idiota do Henrique berrando alguma coisa para o celular as 4 h da madrugada, esse cara tá me tirando do sério.

- O Filho da puta, fala baixo. Tem gente dormindo nesse caralho- eu tô sem paciência e com uma bela dor de cabeça.

- Vai se fuder Valetim, vai pra casa do caralho- ele levanta e sai da sala. Com certeza brigou com a mulher- Sai da frente.

- Que isso gente, todos com os nervos aflorados - o Juan sai do quarto com a cara toda amarrotada.

Eu vou procurar uma casa pra mim urgente, morar com família não é fácil.

- O maluco do Henrique estava igual um retardado gritando no celular. Presumo que brigou com a esposa.

- Eu acho que não, ele tá bolado desde de ontem é alguma coisa com a família.

- E porque ele não fala? Fica igual um idiota. Me dá um desse ai- o Juan tá tomando um remédio e eu vou precisar, pois tenho que dar aula daqui a pouco.

- Ele falou- ele me entrega o remédio numa colher- Mas você estava mais focado em discutir com uma mulher do que prestar atenção no que ele falou- eu não lembro nem que eu conversei algo importante com eles.

- Credo, que remédio horrível- dipirona é o pior remédio desse planeta- A garota quase caiu em cima de mim- mentira, eu a vi quando chegou no bar e eu quem fui intrometido de ir até ela. Eu conheço a Martina a léguas de distância e sei também que ela tem problemas com queda de glicemia, mas quis dar uma de bad boy.

Na verdade eu tenho realmente raiva dela ter transado com a "metade" da escola, na verdade eu acho que não foram nem quatro caras em toda vida dela, mas eu fiquei puto de verdade. Nos éramos amigos, ela achava isso, mas eu queria muito mais e saber que ela foi tonta o suficiente de não perceber que eu estava dando em cima dela e cair no pau do primeiro idiota que aparecesse, eu fiquei cego de raiva.

Ela é muito inocente, não vê a maldade que eu vejo, que o pai dela via e que a mãe dela vê. Meu pai matou minha mãe e o pai dela porque presumiu que os dois tinham um caso e por algum tempo eu realmente queria que os dois queimassem no fogo do inferno e que meu pai estava certo e foi ai que a Jimena entrou e as coisas mudaram.

A vida no cartel é cruel e a todo tempo tem alguém querendo te derrubar e se você vacila, você cai e quando não é a morte é ficar rendido pelo inimigo. A Martina não faz ideia do que os pais fazia e que ela é o premio magno do Rojas, por mim ele já tinha a levado há tempo, seria menos trabalho, mas a Jimena tem ela com uma protegida, então tenho que acatar as ordens.

- Eu vou deitar de novo, minha cabeça tá rachando- o Juan apagou no sofá mesmo- O ressaca- o Juan é meu primo e temos uma diferença de idade razoável, mas comparado a mim ele ainda é uma criança, inclusive nessa de encher a cara e usar drogas, por incrível que parece ele tem muito controle sobre isso.

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Martina

Duas doses de tequila me deixaram com dor de cabeça e vergonha alheia e pra ajudar o dia amanheceu chuvoso, o combo perfeito pra ficar em casa e me afundar no travesseiro, mas como não sou herdeira eu tenho que trabalhar.

A escola esta razoavelmente vazia, os alunos começam a chegar por volta das 7 h, já que a aula começa 7:30h. Eu vou pra sala dos professores digitar algumas provas, já que eu sou professora auxiliar e ainda não tenho uma turma só minha.

- Ligações iônicas acontecem entre metais e ametais. Os metais perdem elétrons e os ametais ganham- a voz do professor Rodrigues me faz arrepiar. Ele tá explicando a alguém alguma coisa de química- Isso, os metais passam a ser cátions e os ametais e o hidrogênio passam a ânions.

Ele é inteligente. Sempre foi, tinha as maiores notas da sala principalmente em química e física.

- Bom dia Martina- ele diz serio, nem parece o cara que estava sorridente há segundos atrás

- Bom dia- não estou num clima para oferecer sorriso pra ele. A marca dos dedos dele ficaram na minha pele, o lugar esta dolorido e roxo e ele nem sequer pediu desculpas.

Continuo digitando as provas e aos poucos os outros professores vão chegando e saindo para suas salas e por fim, ficamos eu e o Rodrigues de novo. Sem ofensas, mas chamar as pessoas pelo sobrenome é anormal demais pra mim.

- Não vai trabalhar não?- uma professora me pergunta e eu odeio ela com todas as forças que eu tenho. A mulher só chega atrasada, passa meio quilo de maquiagem, ama sensualizar pra tudo enquanto é homem, não trabalha e ainda mete essa- Ou vai ficar cheirando o Rodrigues? Eu sei que você fica implicando com ele, não pode ver uma pica né?

- Estou trabalhando. Relaxa Silvia, nem pra minha cara ele olhou- eu digo sem tirar meus olhos do computador.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now