DOZE

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Valentim

Parece que o relógio parou. Eu não consigo dormir, não consigo comer, não consigo pensar. O que está acontecendo comigo?

- Juan? Eu vou surtar a qualquer momento. Eu não sei o que tá acontecendo.

- Isso é medo da minha mãe- ele ri. É pela Jimena, mas eu tô preocupado além dá conta.

- Não, eu tô preocupado além do normal- que caralho.

- Talvez seja porque você realmente se importa com ela- impossível- Acabei- ele terminou de dar ponto, mas temo que vou abrir eles novamente- Vê se não soca nada.

- Impossível- eu me levanto- Vou sair!

Eu não aguento mais ficar em casa. Eu preciso fazer alguma coisa para espairecer e a alguns quilômetros da minha casa tem um abrigo de animais silvestres e selvagens resgatados, então eu vou pra lá.

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Valentim

O abrigo tem desde aves até onças, os animais daqui foram de maioria, resgatados do tráfico.

- Bom dia! Quanto tempo- meu amigo me cumprimenta. O Ector é o veterinário responsável pelo abrigo.

- Demorei, estava cheio de coisas pra resolver- ele sabe que eu trabalho para o cartel e ele é um traficante também, mas ele trafica informações cibernéticas- E eu preciso da sua ajuda.

- Claro, mas vamos mais lá para dentro, vou te apresentar a Celina- nós seguimos até onde ela está. O abrigo é grande e custeado por ele mesmo e tem um apoio do IBAMA.

- Celina?- eu rio. Ele da uns nomes estranhos para os animais.

- Sim, é uma filhotinha de lontra. Ela é muito linda- que cara doido- Olha seu novo amigo Celina

- Oi Celina, tudo bem?- ela é fofinha, com certeza é parente do Jones.

- Ela tem um mês e meio, daqui uns dias vamos começar as atividades aquáticas- ele me entrega uma mamadeira- Dá ela, ainda toma leite.

- Ela vai me atacar, não me conhece.

- Não vai, ela chegou aqui novinha e esta acostumada com humanos- eu faço o que ele pede e realmente, ela vem devagar e abocanha o bico da mamadeira- Isso. Do que você tá precisando?

- Que você encontre uma pessoa. Ela sumiu ontem a noite e eu sei que foi um sequestro, pois é uma briga de cartel- a Celina é bem gulosa, me deixou alisar enquanto se alio menta.

- Ela estava com algum eletrônico?

- Sim, celular e um amanzfit. Mas provavelmente foi tirado.

- Não tem problema, dá pra checar a localização das ultimas horas. Só preciso de uns dados- ele é muito bom no que faz, graças a ele uma quadrilha de tráfico de animais silvestres foi desmontada. O cara vende informação de várias pessoas importantes- Como pagamento você vai me ajudar a alimentar a Lupita e os bebes dela.

- Mas ela já criou?- a Lupita é uma jaguatirica e da ultima vez que eu vim ela estava longe de parir, ou parecia.

- Sim, tem umas duas semanas. Os bebes são lindos.

- O que pra você é feio hein?- ele dá de ombros. O Ector ama essa vida, o cara é um gênio da tecnologia e no comecinho dizia que ser veterinário era um hobbie, mas virou a profissão dele.

Eu e ele vamos até a onça e tratamos dos filhotinhos. Eu passei pra ele tudo que eu sei sobre a Martina, não sei muito, mas qualquer coisa ajuda. 

Ele me deu o prazo de duas horas pra saber de coisas básicas, mas para achar ela mesmo demora um pouco mais.

- Vou fazer o possível, mas deve demorar uns três ou quatro dias. Se caso alguém entrar em contato me avise imediatamente.

- Ok, te mantenho informado. Obrigado- vou até a Lupita e me despeço- Tchau Lupita, foi um prazer conhecer seus bebes- ela ronrona, não seguro ficar muito próximo de uma onça recém parida, a menos que esteja a fim de virar comida. Ector resgatou ela de um criadouro ilegal na região do Pantanal, ela ia para um casal árabe como animal de estimação.- Até mais Ector, obrigado cara.

Eu saio do abrigo e vou andar mais um pouco, ainda não estou a fim de voltar. Nesse meio tempo que eu fiquei no abrigo a Jimena me mandou uma mensagem dizendo que esta vindo para cá, deve chegar hoje a noite. 

Beira ao meio dia e eu não estou com fome, mas vou comer a força, preciso estar abastecido caso aconteça algo. 

- Boa tarde senhor, o que deseja- uma moça me pergunta. Ela esta com o decote aberto além da conta e pela voz melosa eu entendi com uma insinuação, eu odeio mulheres que se oferecem, mas hoje eu não estou num bom dia e talvez, só talvez o sexo me ajude.

Convenhamos que transar com qualquer uma é menos pior do que usar droga. Ontem eu até ia usar um pouco, mas quando vi a Martina eu desisti e não adiantou porra nenhuma.

- Que tal você?- ela abre um sorriso enorme.

- Meu prazo começa em dez minutos.

Eu aceno e acabo pedindo uma água, ontem eu bebi para um caralho e hoje eu tô seco igual ao Saara, devo ter bebido uns quatro litros de água. A rua está movimentada, as pessoas estão vivendo felizes e satisfeitas e eu tô vivendo um inferno, onde será que ela esta agora?

- Psiu! venha- eu levanto e vou em direção a ela. Vamos para um quarto nos fundos.

Ela tranca a porta e praticamente se joga para cima de mim. 



A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now