TRÊS

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Martina

Por insistência da Regina, eu resolvi vir a um bar com ela. O lugar tá cheio de adolescentes e uma mistura de cigarro, droga e álcool.

Não me julguem, mas eu não sou muito dessa galera que curte álcool e umas paradinhas diferentes não, já a Regina é vida louca e ama umas aventuras sexuais diferentes principalmente. Nós sentamos no bar, eu peço um gin e a Regina uma dose de tequila.

- Arriba- ela diz assim que bebe- Mais uma, please.

- Isso, amanhã a gente trabalha viu.

- Meu amor, aqui nessas veias corre o sangue de cachaceiros raiz do estado de Minas Gerais, a gente tem o poder magno de curar qualquer ressaca. É só tomar uma chazinho de boldo colhido na horta- doidinha da vida.

- Mas a gente tá na capital e que eu saiba na sua casa não tem horta.

- Calada. Você nem parece que veio do México, fica tomando esses trem frufru ai. Tem que tomar tequilaaaa- ela grita- Arribaaaaa- e toma mais uma dose.

- Deve ser porque eu vim da Colômbia- ela já bebeu umas três doses e eu mal toquei no meu drink. Eu não gosto de falar da Colômbia, eu e minha mãe viemos fugidas de lá depois que meu pai foi assassinado pelo cartel.

- Tanto faz. Somos todas latinas- a Regina é uma brasileira puro sangue. Alegre, gente boa, receptiva e muito engraçada.- Toma só essa comigo- ela me oferece uma dose de tequila e eu acabo aceitando, uma dose não vai me fazer mal.

- Só uma.

- Tem que tomar e gritar arribaa!- eu reviro os olhos.- Vamos lá, para de ser ranzinza.

- Arribaaaa!- nós duas gritamos em uníssono

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Eu não faço ideia de que horas seja e muito menos quantas doses de álcool a Regina tomou, pois ela sumiu há uns trinta minutos.

- Misericórdia- eu levanto do bar e parece que o mundo começou a girar na velocidade da luz. Eu não bebi tanto assim. Minha glicemia deve ter abaixado.

- Opa, cuidado- eu esbarro em um rapaz.

- Desculpa, eu não te vi. Desculpa.- ele apenas sorri e que belo sorriso, lindos dentes brancos alinhados e o cheiro... cheiro de fresco- Eu já senti esse cheiro antes- não estou tão bêbada assim. É o cheiro do Alberto. Porque as melhores características que um homem tem que ter pra mim, estão nesse cara que eu odeio? Porque ele tem que ser tão bonito e atraente e másculo e cheio de postura?

- Com certeza já- ele parece irritado- Presta atenção no que você faz, tá velha pra agir igual a uma criança.

- Nossa, eu esbarrei em você sem querer.

- Se não sabe beber, fica em casa caralho. Tá parecendo uma adolescente- quem ele pensa que é pra falar comigo assim?

- Seu idiota, eu não bebi assim. Vai se fuder, babaca- quando eu finalmente consigo andar, ele agarra meu braço.

- Sua putinha de merda é por isso que eu te odeio- quem ele pensa que é- Você acha que é melhor que todo mundo, mas no final é igual a qualquer pessoa. Eu pensei que tinha mudado Martina, mas você é a mesma garota mimada e com a cabeça fudida do ensino médio.

- Filho da puta!- meus olhos estão marejados, ele não tem o direito de falar assim comigo.

- Pelo menos eu não sou o desgosto da minha família. Você transou com metade da escola e quer chamar minha mãe de puta?- aquele sorriso lindo tinha dado lugar a um semblante diabólico- Pelo menos as putas ganham pra isso, já você faz de graça.

- Não é verdade- eu falo num sussurro, somente pra mim. Ele continua apertando meu braço com muita força e ódio- Me solta, tá me machucando- algumas pessoas percebem, mas não se importam- Por favor, me solta.

Assim que ele solta meu braço, eu saio do bar. Deixei uma mensagem pra Regina, falando que fui pra casa.

Foi uma péssima sair de casa.

Eu sabia que ele me odiava, mas ele nunca tinha feito o que fez hoje e o lugar onde ele apertou com certeza vai ficar uma mancha roxa. Eu achei mesmo que ele tinha mudado, se transformado numa pessoa melhor, mas continua igualzinho antes, fomos amigos por dois anos, até alguém inventar que eu transei com metade da escola e ele virou outra pessoa comigo.

Idiota. Eu tenho 23 anos e até hoje eu nunca transei com ninguém, mas as pessoas acreditam no que elas querem e ele não foi diferente.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now