Capítulo 36

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Maratona 4/10

ANAHÍ

Entro no hall dos elevadores com a minha mala gigante e mesmo tendo ganhado tempo e saber que cheguei super antes dele, a todo momento olho pra trás, como se ele pudesse aprecer ali do nada. Aperto aflita mais uma vez o botão do elevador e outras mil vezes para fechar a porta assim que consigo entrar nele com a mala.

- Deus.. que agonia. — solto o ar e coloco a mão no peito sentindo o coração acelerado.

Assim que o elevador chega, antes de sair aperto o botão do último andar , assim ganharei um tempo bônus até ele subir e descer caso ele ja esteja la em baixo.
Pensar nisso me desespera outra vez, arrasto minha mala até a porta do meu apartamento e uma fechadura digital chama minha atenção, se eu não estivesse tão aflita provavelmente iria rir muito disso, a May no mínimo perdeu a chave outra vez. A solução é perfeita, pelo menos o dedo eu acho que ela não perde.
Bato na porta, segundos depois ela se abre e uma Maitê de olhos arregalados me recebe.

- Eii, Já?? Como assim?? Como vocês vieram? — ela me abraça forte e eu retribuo, apesar de estar destruída e dela ter sua parcela de culpa nisso, minha irmã é a única pessoa que eu tenho na vida e a amo mais do que qualquer dor que eu possa estar sentindo agora — Que saudades, minha loirinha!!

- Saudades também May.. — Beijo sua bochecha e me afasto entrando no apartamento — Eu vim de taxi.. — digo indo para o quarto levando a mala enorme.

- Você? E o Poncho, cadê ele? — May pergunta confusa, fechando a porta e caminhando atrás de mim no corredor.

- Não sei, não quero saber, e tenho ódio de quem sabe.

- Ain não, o que houve?  — ela me segue até o quarto.

- Nada.

Deixo minha mala num canto e me sento na cama para tirar minha sandália.

- Ah sim, claro.. Não aconteceu nada. Aham, tudo bem, engano meu. — May fala irônica com as mãos na cintura.

E algo tão tonto me faz quase entrar em combustão, cruzo os braços furiosa. Se não fosse ela com seus joguinhos pornograficos e o lenga-lenga de "deixa de bobeira e aproveite esse paraíso com o gato do seu lado", talvez nada disso tivesse acontecido com tanta intensidade e eu não estaria despedaçada agora. Não me controlo e jogo minha mágoa pra fora.

- Fui na sua onda e tomei no meu rabo. Mais uma vez!. Só pra variar. — May arregala os olhos.

- Então minhas suspeitas estavam certas? Vocês.... ??? — ela faz um gesto com a mão.

- Ficamos? — pergunto e ela assente com a cabeça. — Sim..

- E só ... Ficaram...??

Reviro os olhos, sem paciência nenhuma.

- May não se faz de sonsa, okey?! Sim ficamos, e transamos loucamente, se é o que você quer saber, e agora a gente se odeia. Espero que você e o Chris fiquem satisfeitos.

May abre e fecha a boca varías vezes em choque.

- Calma.. — ela coloca a mão no peito e se senta na cama ao leu lado. — Ai.Meu.Deus, vocês transaram loucamente!!??  Me conta! — fica de frente pra mim e me olha confusa. — Espera, como assim se odeiam ?? E o que eu e o Christian temos haver com isso, caray?!

- Você ainda pergunta, May? .. — gesticulo com os braços irritada — Era óbvio que isso aconteceria, só você e o Christian que não enxergam isso. Alfonso é um cafajeste, sempre foi e continuará sendo.!

- Ei ei, me tira dessa, não tenho culpa que se desentenderam e pelo pouco que estou entendendo aqui, não consigo acreditar que o Poncho faria algo desse tipo intencionalmente para te magoar, ele é doido por você..

- JA CHEGA MAITÊ!!! — grito explodindo sem paciência e a assustando — Estou farta disso, farta!!! De uma vez por todas, pelo amor de Deus, enterra esse assunto!!! Okey!? Até porque, nem a amizade sobrou depois disso, e eu nunca mais vou querer olhar na cara daquele imbecil outra vez!! — saio da cama e entro no meu banheiro batendo a porta com toda força que eu tenho.

- Ei garota, não grita comigo! — Maitê estapeia a porta. — Eu não tenho culpa nenhuma que você e o Alfonso sejam dois covardes, que passaram a vida inteira se enganando e com medinho de perder uma amizade, quando deveriam estar mais preocupados de que na verdade, estavam e continuam, entregando um ao outro de bandeja para o primeiro que aparecer, ao invés de lutar pelo sentimento de vocês. — ela sai do quarto brava reclamando.

Me sento no chão e choro tudo o que segurei até agora, já não posso mais, não suporto mais.  Sinto meu coração se desmanchando em dor.
Deixando escapar a luz que ele guardava desde quando nos beijamos pela primeira vez. Essa luz que como um feitiço saindo de seus lábios me preencheu, trazendo uma doçura que nunca havia provado antes correr pelas minhas veias.

Eu acreditei tanto em nós dois, na sua intenção e que conhecia ele o suficiente pra ter certeza que nunca me machucaria. Achei que não seria um erro, muito menos um amor enganoso. Me equivoquei em todas elas.

Me diz o que eu vou fazer agora?
O que eu vou fazer com a minha boca que só quer a sua?
Com as minha mãos que suplicam pra te tocar de novo?
O que vou fazer com as minhas noites, e os meu dias?
O que eu faço com o seu gosto, que ainda está em mim?
O que eu vou fazer? Me diz!

Deus, quanta loucura, como pude me entregar assim? Dizer tudo o que disse, me expor e abrir meu coração da maneira que eu fiz? Me deixei inteira nas mãos dele.
As lembranças ainda são tão reais, o toque tão vivo que posso sentir até o aconchego dos braços dele e a carícias que fazia nas minhas costas depois de fazermos amor.
Me sinto tão frágil, como se eu pudesse quebrar em mil pedaços junto com o meu coração.

Não sei há quanto tempo já estou aqui sentada, mas meu corpo inteiro dói ao me levantar. Caminho até a banheira e a deixo encher, tiro a roupa e abraço a mim mesma, como se isso pudesse me impedir de desmontar e desabar por completo.

Quanto amor desperdiçado, quantas promessas falsas, quantos erros eu cometi permitindo essa aproximação.
Quanta dor.. Meu Deus, quanta dor!
Eu deveria ter sido forte, deveria ter focado só na empresa, foi pra isso que eu fui. E não pra um caso, umas férias romântica, me arrisquei e perdi.
Perdi feio.

Entro na banheira e afundo, como se a água quente pudesse encobrir também minha dor e torcendo para juntar os cacos do meu coração.  Amenizar toda a mágoa e arrependimento que está me consumindo.
Dizem que o tempo cura tudo, mas a pergunta é.. quanto? Quanto tempo? Até quando vou sentir isso?
Porque de verdade está insuportável.
Me sinto sufocar e volto a superfície, mas só então percebo que o problema não era falta de oxigênio e sim a falta dele.
Tenho que odia-lo e não sentir saudades.
Maldito.
Um milhão de vezes maldito.
Fecho os olhos e esvazio a minha mente, foco apenas no som da água ao meu redor.


ALFONSO

Vou dar outra palavra pra você pesquisar no Google, digita aí: Otário.
Estou ha quase quarenta minutos procurando por ela, óbvio que a essa altura não está mais aqui. Só queria saber como e por onde ela saiu, porque estou na porta plantado e por aqui ela não passou. Certeza absoluta.

Faço sinal para um taxi e entro nele indicando meu endereço. Ela pode ter fugido de mim de novo, mas não vai conseguir fazer isso a vida inteira.
Poucos minutos depois o motorista me deixa em casa e eu entro no hall dos elevadores determinado a ir no apartamento dela.
Mas quando o elevador se abre, meu pai sai de lá de dentro. E praticamente me arrasta para o apartamento dele, chegando lá depois de muitos abraços e beijos que recebi da minha mãe sou obrigado a comer uma montanha de comida porque como sempre, ja sabe.. Estou magro demais.
No final foi ótimo porque realmente senti muita falta dos meus pais e principalmente da comida da Dona Ruth.

Casa comigo, Hoje?  AyAWhere stories live. Discover now