Capítulo 30

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ALFONSO

Desperto de um sonho agitado, Annie resmunga algo e se aconchega melhor no meu peito, ficando com a cabeça apoiada no meu ombro, me dando visão do seu rosto sereno enquanto dorme profundamente.
Passo a ponta dos dedos afastando alguns fios de cabelo sobre sua testa, tive uma noite tensa,  cheia de sonhos confusos e essa angústia misturada com raiva ainda está comprimindo meu peito.
A história dessa maldita lista me tirou o sossego, eu quase surtei ao ouvir Maitê ontem, minha vontade era de fazer aquele celular em pedaços. E o meu choque só piorou ao saber do que realmente se tratava essa lista do caralho. E pior, imaginar que ela tenha levado isso tão a sério, ao ponto de.. Não, não quero nem pensar nisso, já sinto meu sangue ferver.
Ela me garantiu ontem que essa lista não existia mais. Fecho os olhos e respiro fundo, posso ouvir a voz dela ecoar na minha mente.

"O que eu tenho que fazer pra você acreditar, que essa lista não existe mais pra mim? E que agora eu só quero você.. — ela me olha sedutora e eu só consigo pensar em uma coisa:"Diz que me ama". Mas não ouso falar, apenas sigo olhando em seus olhos — Humm? — ela se estica sobre mim e beija meus lábios.. "Só diga que me ama Annie, por favor.." imploro em pensamento. — Só você gatito.. — ela me beija de novo — Mais ninguém..

Diz isso pra mim Anahí, e eu vou ser o cara mais feliz dessa porra de planeta. "

As lembranças se dissipam da minha mente quando sinto dedos delicados no meu rosto, abro os olhos, e lá estão eles, os azuis mais incríveis do mundo, me fitando.

- Bom dia, gatito.. — ela diz baixinho e beija de leve meu queixo, voltando a me olhar de maneira cautelosa — Você, está bem? — enfio meu rosto em seu pescoço inalando seu perfume e sussurro um "Bom dia, princesa" sobre sua pele macia. — Bebê..? — ela tenta se afastar para me olhar, mas eu peso meu corpo sobre o dela, a impedindo.

- Uhum..— distribuo beijos macios em sua pele.

- Alfonso, olha pra mim.. — sua voz é firme, suspiro e me afasto para olha-la nos olhos — Ainda é sobre ontem, não é? — ela me observa atentamente. Não quero falar sobre isso, mas não posso fingir que não me afeta. Desvio o olhar para a pintinha que ela tem no ombro esquerdo e que eu acho absurdamente sexy, toco ela gentilmente com a ponta do dedo. — Lindo, isso foi antes..

- Antes? — rio com amargura — A May não fez parecer que foi.

Ela suspira baixinho e toca meu rosto buscando meu olhar.

- A May não sabe da gente, e ela não fazia ideia que eu estava no viva voz..

- E se não estivesse no viva voz? E se eu não tivesse ouvido nada do que ela falou? — uma nova onda de ciúme comprime meu estômago. — Você ia surtar de ciúmes dele? Ou só está agindo assim por que que ouvi tudo? — é doentio, eu sei e acho péssimo. Mas não dá pra evitar.

Ela me olha surpresa.

- Óbvio que não.. — diz roçando vagarosamente o polegar na minha pele. — Lindo, entende uma coisa..

— Não entendo, desculpa.. — minha voz sai mais ríspida do que eu gostaria, ela recolhe a mão e se senta sobre as pernas, me olhando com a testa franzida de maneira tensa. — Ficar imaginando você escolhendo homens pra transar e colocando numa maldita lista, me mata, isso está me infernizando.

Sua expressão muda de tensa, para surpresa e em seguida incrédula.

- Ah!! Okey.. E você acha que eu ficava como, vendo você comendo uma vadia diferente toda semana? Eu via, Alfonso!! O que é muito pior! — ela passa a mão no cabelo jogando-o para o lado. — Você nada mais ficou sabendo de uma história que nem existe mais. Uma idiotice. — ela solta o ar pela boca com força e passa as mãos no rosto. Desvio o olhar dela focando na parede. Ela tem razão, meu ciúme está penalizando-a por algo que aconteceu quando nem estávamos juntos. Paro pra pensar em quantas mulheres ja beijei praticamente na frente dela e sinto meu estômago embrulhar. Ela sempre foi mais discreta nesse ponto, quando estava com alguém procurava se afastar. Mas só o fato de saber que outro estava beijando a boca que eu queria me irritava, ver seria infinitamente pior. Por isso agia como um perfeito imbecil, tentando mostrar pra ela e principalmente pra mim que eu não precisava de uma, sendo que podia ter várias. Mas só estava fodendo com tudo e enganando a mim mesmo. — Bebê..... — ela segura meu rosto juntando nossas testas. — Eu entendo seu incômodo, e que talvez tenha gerado algum tipo de insegurança, mas o que eu disse ontem é a mais pura verdade, essa lista tonta não existe mais pra mim. Eu... eu sempre sonhei estar nos seus braços, sempre imaginei como seria nós dois juntos.. Por favor, não deixa isso estragar o que estamos vivendo aqui. — ela encosta os lábios nos meus num beijo macio e delicado. — Estamos compartindo algo mágico nesse lugar, e vamos embora daqui a dois dias, por favor bebê, não vamos perder tempo com bobagem.. Humm?

Casa comigo, Hoje?  AyAWhere stories live. Discover now