Capítulo 5

36 6 1
                                    

Isabella Barcelar

Acordo me sentindo um pouco melhor. O médico não sabe explicar o porquê da dor no meu coração e o batimento tão acelerado. Ele disse que foi algo parecido com princípio de infarto. Mas que foi estranho porque aconteceu do nada.
Eu estava grávida. De nove semanas. Um milagre aconteceu no pior momento que poderia acontecer. Eu estava sendo traída de novo. A história se repetia. Eu ajudei um homem a subir, realizar seus sonhos e em troca eu ganhei uma traição.

Exatamente do mesmo jeito. A história se repete. Foi um castigo dos Deuses e dessa vez pior, porque eles me avisaram. Dessa vez me deram um filho pra eu ficar presa a essa pessoa. Mas eu não ficaria. Caleb nunca vai saber dessa gravidez.

- Não vamos contar a Caleb. Ele não vai saber dessa gravidez. – Falo decidida.

- Vai tirar o bebê? – Meu pai pergunta assustado.

- Obvio que não pai. É meu bebê. Só meu. Eu vou... Vou embora... Por um tempo... Ter meu bebê... Depois volto. Até lá, ele já esqueceu que eu existo e vou poder viver em paz. E vocês não vão contar pra ninguém sobre isso. Quando eu voltar, penso em algo. – Falo analisando.

- Vai pra onde filha? Sozinha? Nós... Nós vamos também. – Meu pai fala nervoso.

- Preciso ficar sozinha pai. Vou dar notícias todo dia. Mas ainda não sei pra onde vou. – Falo pensativa.

- E se.... Se você.... – Ele olha pra Marina preocupada.

- Eu não vou fazer nenhuma besteira. Sou mãe agora. Tenho uma vida dentro de mim. – Falo e Marina fica me analisando.

- Podemos te visitar não finais de semana ou a cada quinze dias? – Marina negocia.

- Pode... Tudo bem... Vou me mudar para perto. Cuidar da empresa de casa. Com a sua ajuda pai. Precisa assumir as responsabilidades na minha ausência. Ser adulto uma vez. – Falo firme.

- Isabella... Sei que não quer ouvir isso. Mas é direito dele como pai saber da existência dessa criança. – André fala de forma robótica como sempre em pé na porta.

- Ele virou o advogado da família agora? – Falo com raiva. – Eu nem sabia que você estava aí.

- Cheguei junto com seus pais. Mas fiquei lá fora para dar privacidade a vocês. – Ele me olha friamente.

- Sério? Você viaja com a gente. Não mente pra mim. – Falo ainda com raiva.

- Investiguei a foto. – Ele continua me olhando.

- O que achou? – Rebato.

- Nada até agora. – Ele continua como um jogo de xadrez.

- Acredita nele? – Faço a minha jogada.

- Não acredito em ninguém. Mas quero investigar a história. Provar que ele está certo ou errado. Mas vou ter provas. – Cheque mate.

- Obrigada. Quando acabar sua investigação me avisa. – Falo um pouco mais calma.

- Sim. E vai pra onde? – Ele fica me analisando.

- Não pensei. Só quero um lugar afastado e calmo. – Falo e encosto a cabeça na cama. – um lugar onde ninguém vai me achar.

- Vou providenciar isso. – André fala e faz menção de sair.

- Ele é maravilhoso. Resolve tudo, está em todos os lugares. Vocês já pensaram que ele pode não ser um humano? Que pode ser um robô pronto para dominar o mundo e estamos alimentando isso? – Falo de forma insana mas com comédia.

- Eu ainda estou ouvindo. – André aparece na porta com um leve sorriso. – Pelo jeito não consegui manter meu disfarce. – Ele fala, da um leve sorriso e sai.

Dou uma leve risada. Tudo isso era ridículo e cômico ao mesmo tempo, André me conhecia, pela piada sabia que eu estava no meu limite, como eu sei disso? O sorriso dele. O leve sorriso, não era sempre que ele aparecia. Só quando eu estava na merda, como estou agora.

Um belo castigo dos Deuses. Isso não saia da minha cabeça. Ayo me avisou e eu não obedeci. Ela estava certa. Aposto que os Deuses já avisaram a ela sobre isso. E sem dúvidas ela vai me ligar daqui a pouco para jogar isso na minha cara.

Me assusto com meu telefone tocando. Olho na tela e vejo Bomani. Se eu não atender ele vai ter certeza de que eu fui sequestrada. Respiro fundo e atendo a ligação.

- Isabella.... Oi ... Como está ? Almoçou? – Ele fala rápido.

- Não .. sim... Comi pouco. – Falo tentando disfarçar.

- Ainda está enjoada? Aposto que umas plantas daqui iriam de ajudar. Aí vocês só querem saber de remédio. – Ele fica pensativo.

- Sim.... Mas vai melhorar. Estou melhorando..... Não se preocupe. – Falo e respiro.

- Você não está bem.... Brigou com Caleb. – Ele fala e meus olhos se enchem de lágrimas. – Isabella.... O que essa babaca fez com você ? Só fica assim quando vocês não estão bem. – Ele fica irritado.

- Nada... – Falo e a voz sai engasgada. – Nada. Eu posso resolver. Não.. não se preocupe. – Falo e uma lágrima cai.

- Eu vou aí bater nele. Eu disse que esse bostinha ia te fazer mal. Ayo falou ... O que ele fez? – Bomani fala mais irritado.

- Porque me ligou? – Pergunto rápido.

- Porque senti que não estava bem. – Ele responde na mesma rapidez. – Não  me enrola.

Começo a chorar com ele no telefone, fico alguns minutos chorando até que consigo falar. Conto tudo o que aconteceu, envio a foto e ele fica analisando por alguns minutos e volta a falar comigo. Bomani fica com muita raiva de Caleb e diz que queria estar no Brasil para resolver isso, do jeito dele. No meio da ligação ele me pede para colocar Celeb em um avião e mandar pra África, óbvio que eu não faria isso.

Conversamos por mais alguns minutos sobre todos, ele enrolou e acabou falando de Zuri. Disse que marcaram o casamento e que estavam felizes. Ele disse que Zuri estava doida para encher a casa de crianças, no fundo ele queria isso, mas era durão demais para assumir.

Bomani era um homem engraçado. Extremamente carinhoso sem ser. Ele nunca assumiria que tinha um coração, mas tinha. Tratava Zuri como uma princesa. Chegava em casa com flores e dizia que iam ser jogadas fora, então ele trouxe. Comprava algo pra ela e disse que estava na rua ou estavam dando. Mas era óbvio que era mentira. Tudo meticulosamente escolhido para Zuri. Viveram tanto tempo no mesmo vilarejo e mesmo assim não se deram uma chance.
Bomani desligou o telefone e provavelmente conversou com Zuri, que por sua vez conversou com Ayo. Que provavelmente já sabia da metade das fofocas pelos Deuses e só escutou o complemento de Zuri. Olho meu telefone e vejo a ligação com o número de Zuri, vídeo chamada. Quando atendo vejo Ayo na tela.

- Olá Isabella. Não desligue por favor. – Ela fala de forma pacífica mas rápida.

Destinada ao Amor - Final Where stories live. Discover now