Capítulo 8

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Isabella Bacelar

Caleb estava irritado e descontrolado de uma forma que eu nunca tinha visto. Ele nunca tinha gritado comigo ou me tratado assim. Sinto um nó na garganta e uma enorme vontade de chorar. Nossos pais estavam em pé na porta nos observando de longe. A mãe de Caleb estava quase chorando, meu pai com raiva e Marina tentando controlar a situação.

- Eu fiz tudo por você. Eu te amo. Eu nunca te trairia. Eu entrei no seu mundo. Trabalhei até ganhar muito dinheiro pra poder te dar essa vida. Eu fiz tudo por você, pra te fazer feliz. Eu nunca faria isso com você, Isabella... Pensa... – Ele fala com ressentimento.

- Eu não pedi nada disso. Não precisava de nada disso. Eu era feliz por ter você. Eu estava feliz, até receber essa foto. – Falo e sinto uma pontada na barriga e coloco a mão.

Encosto na meia parede da varanda e tento disfarçar. Caleb me olhava quase chorando. Marina percebeu a situação e veio andando rápido na minha direção. Ela se segurou minha mão e perguntou baixo de eu estava bem, eu apenas confirmei com a cabeça.

- Precisa se acalmar. Isso não vai fazer bem pra vocês... – Ela fala e olha pra minha barriga.

Olho para Caleb e vejo ele encostando na parede com a mão no peito. Dona Lavínia corre até ele desesperada. Ela fica falando com Caleb mas ele fala com dificuldade.

- Chama uma ambulância por favor. Ele quase infartou esses dias. – Ela fala chorando.

Marina pega o telefone e liga para a emergência, ela se aproxima de Caleb e fica falando com ele. Meu pai fica parado assustado. Dou dois passos na direção dele e paro em choque. Caleb estava com uma cara de dor, segurando o peito. Eu dou mais dois passos e o olhar dele para no meu.
O olhar que estava nos meus sonhos. Parado, sem vida. Só faltava o sangue. Vou andando até ele e me ajoelho, seguro a mão de Caleb como acontecia no sonho. Ele sempre me olhava sorrindo. Mas dessa vez ele me olhou como se estivesse se sentindo mais calmo. Seguro a mão dele e Caleb aperta.

- Respira. – Falo automaticamente.

- Não..  me.. deixa... Por fav... Isabella..  – Ele me olha e cai uma lágrima.

- Caleb... Só respira... – Falo e sinto outra pontada na barriga.

- Isabella... Eu... Não... Te trai... Juro... – Ele fala e sente mais dor.

Eu sinto uma leve dor no peito que provavelmente era psicológica por estar vendo essa cena. Eu estava irritada, cansada e estressada. Os últimas dias foram repletos de estresse. Provavelmente meu corpo estava precisando de um descanso.
Me sento ao lado de Caleb que estava suado, mas não estava quente. Ele sente dor pra mais alguns segundos e desmaia quase batendo a cabeça no chão. Eu consigo segurar antes que bata. Fico segurando a cabeça dele no meu colo e o mundo parece ficar em câmera lenta.

Olho para a Caleb e tenho uma espécie de dejavu. Caleb estava deitado no meu colo, da mesma forma, mas eu estava sozinha e desesperada.

- Isabella. Está tudo bem? – Marina me tira do transe.

- Sim... Sim... – Fico olhando pra ela, confusa.

- A ambulância chegou. Estão subindo. – Ela fala me observando.

- Tudo bem. – Falo ainda confusa.

E tudo aconteceu muito rápido. Os homens colocaram Caleb na maca e o levaram. Dona Lavínia foi andando rápido atrás. Eu fiquei sentada na mesma posição por alguns segundos. A dor no meu peito estava mais leve. Foi a mesma coisa que eu tive no hospital, mas um pouco mais leve. Marina estendeu a mão para me ajudar a levantar.

- O que aconteceu Isabella? Te chamei algumas vezes e você estava aérea. Não estava aqui. – Ela pergunta preocupada.

- Vamos para o hospital. Vou colocar um ponto final nisso. – Falo e vou entrando em casa.

- Não vai voltar para o hospital. Isabella precisa repousar. Está finalmente gravida. Precisa ter cuidado. – Meu pai fala preocupado.

- Eu sei pai. Mas preciso resolver isso. – Falo e pego as caves do carro.

- Eu vou com você. – Marina fala.

- Eu também. – Meu pai responde rápido.

- Pai.. Preciso conversar com Marina.... Nós já voltamos.... Não fica chateado... Mas eu te ligo se algo acontecer. – Falo e ele me olha triste.

- Eu não vou prestar atenção na conversa. Vou só dirigir. – Ele argumenta.

- Não. Fica aqui e compra o jantar. Queria comer pizza... Estou com desejo. Camarão, carne seca e alho poró, com alho poró extra. – Falo e ele se anima.

- Você não pode comer frutos do mar enquanto estiver grávida. Mas o resto vou comprar. – Ele fala Chateado.

Saímos de casa e vamos andando até o carro. Marina fica em silêncio me dando tempo para formular as frases ou digerir o que preciso falar. Entramos no carro e ela dirige. Marina diz que perguntou para qual hospital ele seria levado. O que evita que eu tenha que ligar.

- O que está te incomodando? – Ela quebra o silêncio.

- Estou tendo sonhos... Alucinações. Acho que estou enlouquecendo. – Falo pensativa.

- Como assim ? – Marina pergunta preocupada. – Desde quando?

Explico rapidamente a Marina e falo do último sonho. Ela fica em silêncio analisando tudo. Antes que pudesse falar algo chegamos ao hospital. Na recepção falamos o nome de Caleb e depois de alguns minutos ela nos informa aonde ele está.
Chegamos a um corredor. A mãe dele estava sentada assustada rezando. Ela não percebe a minha presença. Eu vou até ela e coloco a mão no ombro dela.

- Isabella... Vocês precisam parar com isso. Olha como meu filho está... Olha como você está.   Os dois estão acabados por causa dessa situação.... Eu conheço meu filho... Sei do caráter dele e do quanto ele te ama... Sei que ele nunca faria isso com você... Mas precisam resolver isso logo. – Ele fala chorando.

Era sem dúvidas castigo dos Deuses. Olha como isso estava nos afetando, estava mexendo com a nossa família. Estava destruindo nos dois... E todos a nossa volta. Isso não era amor.... O amor não faz mal... Estava na hora de escutar os Deuses. Isso não era pra ter começado. E foi avisado, diversas vezes. Ignoramos tudo e esse foi o resultado. Estamos destruídos.

Destinada ao Amor - Final Onde histórias criam vida. Descubra agora