Capítulo 9

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Caleb Nolasco

Acordo algumas horas depois com Isabella sentada ao meu lado, minha mãe e Marina no sofá na minha frente. Tudo parecia ter voltado ao normal. Foi apenas um pesadelo. Estico a mão e pego a mão de Isabella. Ela acorda e me olha sem o sorriso de sempre. Então me dou conta de que não era um pesadelo.

- Isabella... – Falo me sentando na cama.

- Caleb... Você teve outro princípio de infarto. Não quero te aborrecer... Mas me escute bem. – Ela fala com calma. – Vamos parar por aqui. Desde o início isso era errado, você sabia disso... Eu sabia disso. E olha como estamos. Destruídos. Olha a nossa família. Isso está mexendo com todos. Não podemos continuar. – Ela fica me olhando.

- Isabella... Eu juro que não fiz nada... Me deixe provar isso. Por favor... – Falo desesperado.

- Caleb... Vai ser melhor assim. Por favor. Fique bem.... Mas acabou. André vai na sua casa tirar as minhas coisas. Não me procure mais nem vá a empresa. Se gosta de mim... Se me quer bem... Faça isso por favor. Eu te imploro. Nós dois não estamos bem. Precisamos... precisamos disso... esse... afastamento... precisamos desse tempo. – Ela fala e se levanta.

- Isabella não vai embora por favor. – Imploro desesperado. – Não me deixe. Eu vou te mostrar que não fiz nada. – Tento me levantar de novo.

Eu tento me levantar e ir atrás dela, mas minha mãe me segura. Vejo Isabella sair pelo quarto e meu peito aperta de novo. Eu amo Isabella, eu não posso ficar sem ela. Não posso perder Isabella. Vejo uma enfermeira aplicar alguma coisa no meu soro e eu vou me sentindo mais calmo. Eu estava dopado de novo.

...

Eu saí do hospital no dia seguinte. Quando cheguei em casa ela já estava vazia. Não tinha mais nada de Isabella, só o cheiro dela nas minhas roupas. Até às fotos no porta retrato sumiram. Era como se ela nunca tivesse existido. Sento na minha cama e sinto um vazio na minha casa. A sensação era de que faltava algo importante. Minha casa estava vazia e eu sabia o motivo do vazio, o que era pior.
Minha mãe passou a tarde comigo, mas eu não tinha vontade de fazer nada. Tudo ficava voltando na minha mente. A foto, os dias sem Isabella, Isabella indo embora. Nada fazia sentido. Era pra eu estar viajando com ela, pedindo Isabella em casamento, feliz, comemorando. Nada fazia sentido. Eu estava em um pesadelo que não tinha fim.

...

Depois de duas semanas da minha alta no hospital eu já tinha perdido vários contratos que não tinham sido fechados. Todos que eram próximos a Raul cancelaram comigo, oportunidades que teriam me ajudado. Só quem já tinha fechado o contrato que continuou, mesmo assim pediam que eu não fosse até a empresa. Então Matheus passou a tratar de tudo. Eu estava proibido de entrar nas empresas, frequentar festas e bares.
Um dia tentei entrar em um bar que eu sabia que Raul frequentava na esperança de conseguir encontrá-lo para conversar. Mas meu nome estava na porta, proibido de entra. Se eu insistisse o segurança foi instruído a chamar a polícia. Ele me contou isso sem graça. Então parei de insistir nesses lugares.

Três semanas depois da minha alta eu esbarrei com Saul na rua. Eu nem sei porque ele estava naquele local. Assim que ele me viu gritou comigo várias coisas. Estava com muito ódio. Disse que eu era um merda porque eu sabia de tudo e fiz exatamente igual. Quando me dei conta ele estava me dando vários socos e eu não tinha força pra me defender. Mateus que me ajudou. Tudo aconteceu rápido demais. Parei no hospital com alguns hematomas e levei alguns pontos, mas nada grave.

Evitei ver minha mãe por uma três dias. Foi o máximo que eu consegui. Quando ela me viu, ficou assustada. Disse que eu tinha que ir a delegacia. Mas sei lá... Saul estava defendendo Isabella. Eu teria feito o mesmo. Não estou assumindo que estou errado. Eu só não tinha forças pra brigar sobre isso.

....

Seis meses se passaram e eu não tinha notícias de Isabella. Eu sempre mandava mensagem pra ela pedindo desculpas, dizendo que eu não fiz nada. Implorando que ele me perdoasse, que ela me respondesse, mas nunca tive resposta.
Eu tinha perdido peso. Estava acabado e tomando remédio pra controlar a pressão. Minha vida estava destruída e eu não conseguia entender como aquela foto aconteceu. Eu levei a um especialista e ele me confirmou que não foi montagem. Então realmente aconteceu. Mas quando? Como? Porque eu não me lembro desse dia?

....

Um ano se passou e eu tinha perdido vários contatos. Tinha mandado alguns funcionários embora para evitar uma crise. Estava viajando para outros estados aonde meu nome não tinha sido manchado. Tudo estava difícil demais, pior do que o início.
Minha mãe ficava repetindo que já tinha passado um ano, que eu precisava me recuperar. Mas perder Isabella depois de ter ela na minha vida, era como perder um pedaço de mim. Eu estava perdido. Minhas brigas com Catarina estava aumentando. Tinha um mês que eu não falava com ela. Catarina tentou me forçar a conhecer outras pessoas mas eu não queria ninguém. Queria Isabella.

....

- Filho você vai ficar assim até quando? – Minha mãe pergunta preocupada.

- Mãe me deixa em paz. Por favor. – Falo sentando na minha mesa.

- Já tem um ano. Você está acabado. Se consumindo. Olha pra você Caleb. Você não é assim. – Ela continua.

- Mãe... Eu amo Isabella... Não vou perde-la. Não posso... Vou descobrir o que aconteceu e provar que não fiz nada disso. – Falo irritado.

- Você já perdeu filho... Acabou... está obcecado Caleb. Você não é assim. Para com isso por favor. Você precisa viver. – Ela me olha de maneira triste.

- Mãe... Viver com Isabella é.... Único... É amor .. eu não sei explicar. O sorriso dela iluminava meu dia. A risada dela trazia meu sorriso automaticamente. Nenhum dia era ruim se eu tinha Isabella comigo, podia ser o pior dia do mundo. Ela é... Única. É exatamente o que eu preciso .. Eu fui feliz... Feliz de verdade. Agora estou vazio. Morto por dentro. É.... Angustiante viver assim... Eu preciso dela. Eu amo Isabella. – Falo sinceramente.

- Eu sei filho.... Eu sei... Eu só  queria que Isabella nunca tivesse aparecido na sua vida. – Minha mãe me olha perdida.

....

Um ano e seis meses depois e eu finalmente consegui falar com o dono do hotel. Ele finalmente aceitou me receber. Todos me afastaram. Eu fui proibido de entrar em vários lugares, assim como Levi foi. Eu me sentia um merda. Todos acham que eu fiz a mesma coisa que ele. E pior, porque eu sabia exatamente o quanto isso tinha quebrado Isabella. E mesmo assim fiz.

- Caleb eu não queria te receber. Mas você insistiu muito. E quando eu vi o seu estado... você está acabado. Então, no mínimo tem consciência. – Paulo fala me olhando sério.

- Muito obrigado por me receber. Eu juro que eu não fiz nada disso. Eu juro. Queria saber se pode me mostrar as câmeras desses dois dias. – Mostro o papel. – A foto foi tirada em um desses dois dias. Eu só preciso ver o que aconteceu no meu quarto. – Imploro.

- Não vou fazer isso. Não vou te ajudar. – Ele fala irritado. – Sai daqui. Não volte mais.

- Olha. Assim você vai provar que eu fui um merda. Se eu tiver feito. Mas eu não fiz. Só quero provar a minha inocência. Eu amo Isabella. Sinto falta dela todos os dias. Não aguento mais viver sem ela. E eu sei que não fiz nada. – Falo desesperado. – Eu te imploro.

- Eu vou pensar. Vai embora. – Ele fala e eu me levanto.

Deixo o papel em cima da mesa e saio. Tenho certeza de que ele vai rasgar esse papel e vai ficar por isso mesmo.
...

Um ano e oito meses do término. Paulo me chamou no hotel. Eu larguei minhas coisas e fui correndo na hora. Ele mostrou a fita do primeiro dia. Tudo normal. Ele riu porque me viu várias vezes jogando bebidas nas plantas ou devolvendo copos cheios. Ele não sabia que eu não bebia. Achava que eu tinha resistência e depois de um tempo já estava bêbado demais pra pensar em alguma coisa.

Do primeiro dia ele tinha registro, tudo estava normal, nada aconteceu. Mas do segundo dia não. Não por completo. As câmeras foram apagadas de 23:32 ate as 5:21. Nesse dia dormimos no hotel. Todo mundo estava muito cansado. Foi uma semana difícil para todos.


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