Capítulo 11

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Caleb Nolasco

Ouvir que Isabella poderia ter seguido a vida acabou comigo. E ao mesmo tempo instalou um cronômetro minha cabeça. Eu precisava resolve tudo o mais rápido possível. O que eu sabia em dois anos. Naquela merda de noite eu fui para o quarto mais cedo, não me lembro o porque nem como entrei no quarto. Mas eu não bebi, não estava bêbado. Eu nunca bebia quando estava com os caras, eles eram irresponsáveis demais.

Eu fui para o quarto por volta de onze da noite. E depois sai vestido, exatamente como eu entrei as cinco da manhã. Me lembro de acordar primeiro que todo mundo. De ir até o quarto de Raul e depois Saul para levá-los pra casa. Não tinha nada de diferente no meu quarto. Nada de diferente aconteceu naquele dia. Tudo estava exatamente igual. Como todos os dias.

Os três funcionários foram demitidos logo depois. A mulher nunca disse quem tinha pago a ela e o motivo. Mas disse que não participou de nada. Apenas deixou um homem e uma mulher entrarem no hotel, mas a imagens foram apagadas também. Ela não viu nada, apenas facilitou a entrada e apagou as imagens. Mas ela acredita que pelo tempo que ficaram no hotel, não deu tempo de eu ter feito nada.
Isso me ajudou com Saul e Paulo. Eles estavam começando a acreditar mesmo em mim. O que estava me devolvendo a tranquilidade. Saul queria contar para o gêmeo dele , Raul, mas eu não deixei. Queria resolver tudo. Porque na verdade eu não tinha nada ainda. Queria ter todas as provas, e aí sim envolveria Raul e depois Isabella.

.....

Dois anos e três meses do término. Eu já tinha procurando a ex funcionária do hotel algumas vezes e ela me denunciou para a polícia por importunação. Eu não podia mais chegar perto dela. Saul me ligava sempre perguntando se eu tinha descoberto algo. Ele tinha mandado um especialista junto com Paulo analisar o programa, ver se tinha como recuperar alguma imagem. Mas o homem não tinha esperança.

Saul começou a me indicar para algumas pessoas que não eram do nosso círculo de amigos. As coisas estavam começando a melhorar financeiramente. Eu já conseguia pagar os funcionários sem ficar no vermelho todo mês o que me deixava menos preocupado. Eu estava voltando a trabalhar com mais animação.

Depois de duas semanas conversando. Saul conseguiu melhorar meu relacionamento com Raul. Na verdade em algumas ligações, quando pedia as encomendas eu sentia que Raul esquecia de tudo o que tinha acontecido. Ele nunca foi muito bom em guardar mágoas das pessoas. Tinha a memória um peixe e um coração enorme.

....

Dois anos e cinco meses do término. Raul tinha me chamado para ir ao escritório dele. Ele me chamou especificamente. Eu achei estranho o convite, era sempre Matheus que ia até lá. Mas aceitei. Tudo estava começando a voltar ao normal. Me arrumei como não fazia a muito tempo e fui.

Quando cheguei no escritório a secretária me avisou que ele estava em uma reunião, mas que não iria demorar. Provavelmente Raul marcou comigo e esqueceu da reunião, o que sempre acontecia. Por isso Isabella que ficava responsável pelas reuniões importantes.

Ela me contou uma vez que eles tinham uma das mais importantes reuniões da vida deles. Raul tinha vários bilhetes e lembretes, mas no momento da reunião ele estava na pizzaria da esquina comendo e conversando com os funcionários. Foi a primeira reunião importante que Isabella fez sozinha. Raul esqueceu completamente da reunião. Quando a secretária conseguiu falar com ele, Raul voltou correndo e para disfarçar, trouxe várias pizzas. Isabella disse que queria enfiar todas as pizza na garganta dele. Esse é o Raul.

- Pote. – Escuto uma voz de criança. – Pote.. É meu. – Vejo um menino na minha frente.

Ele era moreno com os cabelos cheio de cachinhos. Um olhar sério, muito bravo. Apontando na minha direção. Parecendo um mini adulto me dando ordens. Eu olhei em volta e vi um pote verde, parecia ser uma mini piscina ou banheira. Estava no sofá ao meu lado.

- E meu... Pega... por favor. – Ele continua me olhando.

O por favor saiu quase como “ pega ichavô” o que foi engraçado. Eu peguei o pote e entreguei pra ele. Ele me agradeceu com um “bigadu” e saiu andando em direção a sala de Raul. Ele começou a bater na porta com a piscina tentando chamar atenção de Raul. A secretária começou a rir. Aquilo devia acontecer com frequência. Mas não impediu. Provavelmente o pai dele devia estar na reunião.

- Malik... Não faz isso. O vovô está trabalhando... Já conversamos sobre isso menino. – A voz familiar.

Sinto meu corpo paralisar. Um zumbido toma conta do meu ouvido. Olho na direção da voz e vejo Isabella. Ela estava tão distraída com o menino que não me viu. Eu tento me mexer e não consigo.

Isabella passa na minha frente e eu sinto falta de ar. Ela estava mais linda ainda. O cabelo estava maior, mas de resto era a mesma coisa. Vestida com o terninho de sempre. O sorriso dela era o mesmo. O perfume... Nada tinha mudado.

Ela pega o menino no colo e ele começa a sorrir. O sorriso dele era lindo como o de Isabella. Ele da uma gargalhada alta. E Isabella morde ele com carinho. Era como se fosse um filme passando na minha cabeça. Eu me sentia invisível na cena. O menino olha para Isabella e diz algo, mas eu não conseguia ouvir.

Raul abre a porta e o menino rapidamente se joga no colo dele. Raul abraça o menino com força e o garoto mostra a piscina. Raul fala alguma coisa e o menino aponta na minha direção. E então eu volto a realidade. Raul me olha assustado e Isabella me olha sem acreditar. Ela fica paralisada. O menino faz força e entra na sala de Raul. Os homens que estava lá dentro saem rindo de algo que o menino faz. Raul olha para Isabella, e ela logo entra na sala.

- Caleb... Eu... Esqueci da nossa reunião... – Raul fala nervoso.

- Tudo bem... Eu... Eu... Posso vir... Outro dia.  – Falo muito nervoso.

Raul faz um sinal para que eu espere um pouco e entra na sala com ela. Eu me sento novamente.

Isabella... Ela estava linda demais. Meu Deus.... E o sorriso dela... Que saudade desse sorriso. Eu não sei se deveria estar aqui. Eu não quero começar uma briga. Quero arrumar as coisas e eu não consegui nada que provasse a minha inocência. Eu não podia colocar tudo a perder agora. Não podia começar uma guerra com Isabella. Foi ótimo olhar pra ela hoje. Saber que ela está bem. Mas esse não é o momento de brigar. Não posso perde-la.

Me levanto e digo a secretária que venho outro dia. Ela pergunta se eu quero agendar, mas explico que vou ligar para ele. Saio do escritório o mais rápido possível.

Destinada ao Amor - Final Onde histórias criam vida. Descubra agora