Destinada ao Amor - Final

Capítulo 3

Caleb Nolasco

Com toda a minha dificuldade no inglês, eu tinha conseguido me comunicar com o hotel e tinha pedido um café da manhã surpresa para o dia seguinte do pedido. Queria comemorar a surpresa. Consegui vaga em um passeio que Isabella queria fazer mas não tinha conseguido, depois de implorar muito e contar que  o pedido será feito na Rússia o homem acabou aceitando. Tudo estava organizando.

Faltavam dois dias para a viagem e eu estava explodindo. Eu não sei se conseguiria segurar para fazer o pedido lá. Achei um lugar escondido na mala para levar a aliança. Tudo daria certo.
Olho no relógio e já estava na hora do almoço. Isabella não estava bem esses dias. Reclamando de problema no estômago e muita dor de cabeça. Provavelmente porque não se alimentava a direito.

Vou até o restaurante preferido dela e vejo as opções. Tinha peixe que seria mais leve e o que ela estava comendo esses dias. Mas também tinha a lasanha preferida dela. Passamos aqui algumas vezes e não tinha. Decido ligar para saber o que ela queria. Mesmo sabendo que vou levar os dois e um vai ficar para a janta.

- Oi Caleb. – Isabella atende desanimada.

Ela já estava assim a alguns dias. Parecia estar fraca. Falei pra ela ir ao médico. Mas estava sempre dizendo que estava sem tempo. Estou contando os dias para a viagem. Precisamos relaxar. Estamos vivendo no automático, sem viver mesmo.
Já decidi que assim que a gente chegar em viagem, vamos ao médico fazer todos os exames possíveis e impossíveis. Precisamos ver se está tudo bem. Isabella não me parece bem esses dias. Mas se eu não fizer juntos, ela vai acabar não fazendo.

- Oi amor. Tudo bem? Estou indo almoçar com você... Estou aqui no restaurante... Quer comer peixe ou lasanha? Tem aquela que você gosta. – Falo de forma carinhosa.

- Estou no hospital. – Ela fala de forma seca.

Escuto Isabella falar e me assusto. Largo os pratos e congelo por alguns segundos. Eu sabia que ela não estava bem. Tive um mau pressentimento hoje cedo. Era pra eu ter levado ela ao médico ontem quando ela não estava se sentindo bem.

- Qual hospital??? O que aconteceu??? Estou indo agora. – Falo rápido andando para a saída do restaurante.

- Não. Não vai vir. O que aconteceu no último jantar com os caras? – Ela mantém o mesmo tom. E eu paro no meio do salão.

O que isso tem a ver com o hospital? Porque ela quer saber disso agora. O que aconteceu no hotel? Vários homens juntos falando merda, bebendo até cair, perdendo dinheiro, fazendo promessas de viagens, falando dos problemas de família, esposa e filhos. Prometendo ser um marido melhor e pais melhores. Lembrando do passado. A mesma merda de sempre.

- O de sempre. O que aconteceu com você? Me diz em que hospital você está ? – Pergunto nervosos caminhando para aporta de saída.

- O que é o de sempre? – Ela continua e eu abro a porta.

- O que??? Sei lá amor. Jantar, conversa babaca de homem, jogos pra perder dinheiro. Bebidas.... O de sempre. Porque está perguntando isso agora? – Eu fico confuso e passo pela porta.

- Alguma mulher vai? – Ela continua mas dessa vez como se fosse um interrogatório.

- Não. Já te respondi isso outras vezes. Sem mulheres. Só os caras. – Respondo e ela se irrita.

Ela já tinha me perguntando isso outras vezes. Mas não. Não vai nenhuma mulher. Nossa intenção não é essa. É só pra juntar os caras e ficar bebendo. Não vai nenhuma mulher, nunca.

- Ok. Vou te mandar o endereço por mensagem. – Ela fala de maneira estranha.

O que estava acontecendo? Porque não poderia me dar o endereço por telefone? Ou o nome do hospital? Porque estava agindo dessa forma? Porque não me contou o que ela tinha? E porque essas perguntas agora?

- Fala o nome por aqui... – Antes de terminar a frase ela desliga.

Segundos depois recebo uma imagem no meu telefone. Carrego a foto e a imagem aparece. Eu estava deitado na cama do hotel nu com uma mulher ao meu lado também nua. Sinto meu coração acelerar. Fico parado ainda na calçada do restaurante. Olho a imagem novamente.

- Isso nunca aconteceu. – Falo baixo.

Começo a mandar várias mensagens perguntando quem tinha enviado. Da onde tinha surgido essa foto. E falo que era mentira. Isso nunca aconteceu. Mas ela só visualiza e não responde. Ligo a primeira vez e ela desliga o telefone. Sinto meu peito apertar. Ligo a segunda vez e ela desliga. Encosto na parede e sinto uma pressão forte no peito. Ligo a terceira vez e ela atende.

- Que merda é essa Isabella??? Da onde surgiu isso???? – Falo em Pânico.

- Que merda é essa pergunto eu seu babaca. Porque fez isso comigo? – Ela grita comigo.

- Eu não fiz nada. Eu juro amor. Não fiz nada. Isso só pode ser montagem. Eu não conheço essa mulher. Nunca tem mulher nesses eventos. Pergunta ao seu pai. Ele estava sempre comigo. – Falo sem pensar.

- Então meu pai está traindo Marina também? – Ela se irrita mais.

Sinto formigamento na mão. A dor no peito só aumenta. Eu não queria brigar. Queria encontrar Isabella e explicar isso. Na verdade tentar entender o que estava acontecendo. Porque eu nunca fiz isso. Repito, eu nunca fiz isso. Eu estava desesperado. Eu pânico como eu nunca fiquei.

- Não. Já disse que não. Eu não faço parte disso. – Escuto Raul gritar no fundo.

- Não. Isabella. Não. Ninguém traiu ninguém eu juro. O hotel tem câmeras. Vamos ver isso. Eu juro que eu não fiz nada. Me diz aonde você está pro favor. Me deixa falar com você. – Falo em Pânico.

Meu coração parecia que ia explodir. Sento no chão e um policial se aproxima. Eu faço um sinal pra ele esperar. Ele fala alguma coisa no radio mas eu não consigo entender.

- Caleb... Vou pedir para Marina tirar suas coisas da minha casa. Não aparece mais na empresa. Nunca mais fala comigo. E evita aparecer nos lugares que eu estou. Acabou. – Falo e solto a gravata. A dor estava muito forte, meu coração ia explodir.

- Isabella.... Não... Por favor. Vamos conversar... Me diz aonde você está.... por favor..... –  Falo chorando.

Ela desliga o telefone. Encosto a minha cabeça na parede e o policial me olha preocupado. Ele fala alguma coisa e eu não consigo entender.

- Meu peito.... Vai explodir.... Muita dor...  – Falo e vejo tudo ficar escuro.