Capítulo 14

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Isabella Bacelar

Depois disso tio Saul nos chamava para a casa dele sempre que podia. Malik adorava ele. Quando ele completou seis meses e podia ir a praia ou piscina. Tio Saul fez questão de organizar a piscina para que ficasse de acordo com as recomendações do pediatra para que Malik pudesse aproveitar.

Meu pai apareceu com boias de todos os tipos, um guarda sol gigante. Os gêmeos , Saul e Raul, estavam na piscina fazendo todas as palhaças que podiam para que Malik ficasse rindo. Vários vídeos foram gravados e algumas fotos foram postadas. Depois disso “ os caras” ficaram sabendo da minha gravidez e calcularem que o filho poderia ser de Caleb.

Isso nunca foi confirmado. Nem pelo meu pai. Mas as pessoas ficaram desconfiadas. Ninguém nunca veio me questionar isso. Mas eu percebia os olhares e indiretas. Malik era extremamente lindo. Tinha um sorriso muito parecido com o meu. Era moreno com os cachinhos mais lindos do mundo. Não estou falando isso porque sou a mãe. Ele era perfeito. Muito simpático e brincalhão. Emburrado as vezes principalmente quando estava com fome. Mas era normal.

....

Com sete meses Malik teve bronquiolite e eu fui para a emergência sozinha. André estava de folga e meus pais estavam em casa. Me lembro de chorar sozinha no quarto com Malik. Era pra Caleb estar aqui, eu não deveria estar sozinha. Nesse momento eu senti raiva.

Não tive coragem de falar com meus pais. Só no dia seguinte e então assim que ficaram sabendo, vieram correndo. Malik ficou internado por quatro dias. E graças a Deus teve alta voltar para casa foi um alívio. É claro que continuamos com as medicações, mas estar em casa era ótimo.

Me lembro de colocar Malik no berço e perceber o quanto eu estava sobrecarregada por fazer tudo sozinha. Meus pais estavam sempre comigo. Mas não era 24 horas por dia. Na maioria do tempo eu estava lá para Malik. Quando ela dormia eu trabalhava de casa, cuidava de tudo. Organizada a agenda para levar ele ao pediatra. Ter alguém comigo para dividir isso fazia muita falta. .

....

Malik estava com nove meses quando Marina começou a programar a festa de um ano dele. Eu queria fazer algo, mas estava esgotada demais. E para ser sincera, quem eu chamaria? Meus pais, André e tio Saul com a família. Malik não estava na creche ainda, então não tinha amigos.

Mas com a insistência de Marina, os preparativos começaram. O tema seria dinossauro, Malik amava. Os gêmeos, Saul e Raul, estavam querendo contratar um dinossauro robô o que era desnecessário. Eu prometi que deixaria contratar na festa de dois anos.

Decidi que assim que ele completasse um ano eu colocaria ele na creche. Seria bom para o desenvolvimento dele e para a socialização. Malik fica muito tempo sozinho, só comigo. Ele precisava fazer amigos.

...

Então finalmente o dia da festa chegou. Malik corria pelo jardim da casa sem parar. Os gêmeos conseguiram todos os tipos de dinossauros que tinham no mundo. Uns acendiam luzes, outros faziam barulho, alguns até andavam. Eu olhava todos os dinossauros e sabia que não fazia parte da decoração da festa. Então provavelmente eu teria que encher a minha casa de dinossauros barulhentos.

- É sério? Precisava de tudo isso? – Falo séria olhando para os dois.

- Você disse que um robô não. Mas não falou nada sobre os outros. – Meu pai justifica.

- E mesmo o pequeno que anda e faz barulho, não é um robô. Nós conferimos. – Tio Saul complementa.

- Espero que não seja um dinossauro de verdade então. – Falo vendo Malik brincar todo animado.

A festa foi linda, não chegava a ter vinte convidados. Mas Malik estava feliz e isso bastava pra mim. No final da festa Malik estava deitado no tapete da sala dos meus pais cheio de dinossauros em volta dele formando um ninho. Ele estava tentando brincar com uma das pelúcias enquanto brigava contra o sono.

Tio Saul e a família já tinham ido embora. André estava sentado no sofá olhando Malik brincar. Meus pais estavam vendo as fotos de Malik bebê. E eu estava sentada no sofá com aquele pensamento recorrente. “ Ele deveria estar aqui “

Eu tentava só máximo afastar Caleb da minha cabeça, mas ele sempre voltava. Malik tinha o jeitinho dele. O jeito carinhoso de tratar as pessoa, era Caleb por inteiro. Malik já tinha me perguntado sobre o pai dele algumas vezes e eu sempre dizia que ele trabalhava longe, que estava viajando. Eu nunca sabia o que dizer. Mas explicar toda essa situação era muito difícil.

...

Duas semanas depois do aniversário de Malik nós começamos a saga da adaptação da creche. No início foi muito difícil. Malik chorava muito, agarrava no meu pescoço. Eu saia na segunda semana eu só tinha vontade de chorar. Deixava Malik na sala e ficava do lado de fora andando de um lado para o outro. O choro dele me deixava agoniada. Eu tinha vontade de desistir de tudo, mas seria bom pra ele. Eu precisava ser forte.

Na terceira semana Malik ficou um pouco melhor. Eu consegui sair da creche e ficar no carro na porta esperando dar quatro horas ou Malik chorar para buscá-lo.

- Eu sei que é difícil. Mas daqui a pouco isso passa. E vai ser bom pra ele. – André fala tentando me tranquilizar.

- Eu sei... Mas estou tão cansada... Cansada de fazer isso sozinha... – Falo e começo a chorar.

Deito na banco e choro exaustivamente. Depois dos primeiros minutos, abre a porta dele, abre a minha porta e eu me levanto. Tento parar de chorar, mas finalmente estava colocando tudo pra fora. André segura a minha mão e eu encosto a cabeça no ombro dele. Choro por mais alguns minutos e desmaio de cansaço.

Fazia semanas que eu não dormia direito com a correria da empresa, por ter que dar conta da casa, Malik, empresa... Tudo... Tudo sozinha.

Acordo duas horas depois deitada na perna de André. Ele estava mexendo no telefone, conversando com a nova namorada. Eu me levantei e ele voltou para o banco dele deitei no meu banco e fiquei assim por mais três horas. Malik ficou quase o tempo completo na creche hoje o que era ótimo e surpreendente.

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⏰ Last updated: Oct 09, 2023 ⏰

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