Capítulo 10

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Caleb Nolasco

Pela minha roupa a foto tinha acontecido nesse dia. Na última imagem eu estava no salão com os caras. Raul estava virando um copo e eu estava tentando tirar dele. Quando as gravações continuam eu estava saindo do meu quarto, vestido com a mão na cabeça. Ninguém saia depois de mim. Eu estava exatamente com as mesmas roupas.

Paulo disse que fez de tudo para recuperar as câmeras mas que quem apagou sabia o que estava fazendo. De inicio ele desconfiou que eu subornei um funcionário. Mas eu insisti que não. Ele disse que tinha o código de acesso do funcionário que fez isso. O homem ainda trabalhava para o hotel. Depois de muita insistência ele chamou o homem até a sala dele. Minutos depois o homem entrou desconfiado junto com o gerente.

- Olá Ramon. Conhece esse homem? – Paulo começa o interrogatório analisando cada expressão de nós dois minuciosamente.

- Sim. Senhor Caleb Nolasco. Ex genro do senhor Raul Bacelar. – Ele me olha nervoso.

- Vimos nos registros das câmeras de segurança seu código apagando as gravações de curto período de tempo em algumas áreas específicas. O senhor sabe da política de não apagar as filmagens. Porque fez isso? – Ele continua e o homem fica mais nervoso.

- Deve ter sido um erro senhor. – Ele gagueja.

- O sistema é perfeito. Caro. Não comete erros. Nunca aconteceu. – Paulo é mais incisivo.

- Eu não sei, senhor. – Ele se mantém nervoso.

- E tem alguma possibilidade de alguém ter usado seu código no seu lugar? – Pergunto e o homem me olha assustado.

- Não... Não... O código é... Individual... Não pode passar.... Ainda mais pra outro setor. – Ele fala nervoso.

- Eu não falei nada de outro setor. – Olho sério pra ele. Desconfiado.

O supervisor olha pra ele de cara feia. Paulo olha para o supervisor. Ele pede para os dois saírem. Quando a porta se fecha Paulo me olha

- Acreditou nele ? – Pergunto serio.

- Não. Vou investigar. – Ele fala e anota algo.

....

Eu fui embora naquele dia com um pouco de esperança. Acho que Paulo estava começando a acreditar em mim. Duas semanas depois Raul entrou em contato. Muito nervoso, sem jeito. Disse que estava tendo muito prejuízo nas obras por causa dos materiais. Me pediu que fornecesse de novo pra ele. Mas que eu não pisaria na empresa e nas obras. Não teria contato com ele e Isabella de jeito nenhum. Matheus trataria tudo.

Eu precisava do dinheiro e muito. E assim eu teria uma pequena chance de me reaproximar de Isabella ou no mínimo saberia como ela está. Então aceitei. Em uma semana eu estava na fábrica separando a primeira remessa dele. O primeiro pedido grande em quase dois anos. Todos os funcionários comemoraram. Matheus que levou e assim que voltou me contou que não viu Isabella na empresa e que Raul não falou nada.

...

Dois anos depois do término. Dois anos sem Isabella. Paulo tinha conseguido provar que o funcionário tinha passado o código dele para uma garçonete que tinha um relacionamento com outro funcionário. Eles transavam dentro do hotel e ela sempre apagava as câmeras. Paulo pressionou a mulher e os dois homens. Ameaçou chamar a polícia. E no final ela contou que alguém pagou ela pra apagar as filmagens.

A pessoa foi muito específica com relação as câmeras, quais deveriam ser. Ela não quis dizer quem era. Disse que poderia mata-la. Ela disse que recebeu um bom dinheiro na época e que a pessoa garantiu que depois de seis meses tudo seria esquecido. Mas eu não esqueci. Não vou desistir de Isabella.

Como a foto foi feita eu não sei. Só sei que eu fui para o quarto as 23h e pouca da noite. Não lembro o porque, mas provavelmente estava cansado. E depois acordei as 5h e pouca, vestido sem ter ninguém no meu quarto. Paulo estava começando a acreditar em mim por causa da história dos funcionários. No interrogatório eles garantiram que eu não tive participação nisso e que foi armado pra mim. Mas não contaram como foi.
Me lembro de terminar o dia aliviado. Paulo me pediu desculpas e disse que passaria isso para os caras.

....

Dois anos e um mês depois do término. Saul me ligou e pediu para que eu o encontrasse. Fui com medo, ao mesmo restaurante de sempre. Ele estava sentado na mesma mesa, me olhando de maneira fria. Eu me sentei em silêncio e ele começou.

- Bem... Acho que posso ter errado com você.... Paulo me contou..  parece que foi armado. – Ele fica esperando a minha resposta.

- Eu amo a Isabella. Eu nunca faria isso. Não sei como foi feito e quem fez. Mas vou descobrir. Vou recuperar Isabella. – Falo decidido.

- Já passou dois anos Caleb. Já pensou que ela pode estar com outra pessoa? – Ele fala e eu sinto um soco no estômago.

Um soco imaginário. Essa possibilidade não tinha passado pela minha cabeça. Eu estava tão desesperado para provar minha inocência e recuperar Isabella que não pensei na possibilidade dela ter seguido em frente. Olho para a paisagem e sinto meu rosto queimar. Eu não queria chorar na frente de Saul, em público. Mas eu estava exausto. A minha vida estava sendo um inferno a dois anos. Eu não tinha mais forças pra nada.

Eu não tinha fome, não tinha sono. Virava a noite revivendo o que tinha acontecido. Trabalhava para tentar me reerguer. Tentava fingir que estava bem por causa da minha mãe. Estava em guerra com Catarina. Tudo estava dando errado. E eu não tinha Isabella. Eu estava na merda. Fudido.

- Cara... Eu vou te dar um voto de confiança... Vou te ajudar... – Saul me olha com pena.

- Ela está com outra pessoa? – Falo e respiro fundo.

- Eu não sei. Isabella se isolou desde então. Eu sei que ela está bem porque Raul está bem, feliz. Mas a última foto que eu tenho dela foi essa. – Ele me mostra o celular. – Ela passou rapidamente aqui no restaurante. E tirou essa foto. Ela estava linda nesse dia. Sorrindo. Parecia estar feliz. Mas cansada. Ela não falou muito. Veio a trabalho com Raul e logo foi embora. Sem falar nada da vida pessoal. – Ele fica me olhando.

- Eu preciso arrumar tudo logo. Resolver tudo. – Falo angustiado.

Destinada ao Amor - Final Where stories live. Discover now