Capítulo 35: Mudar.

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Por favor, não me deixe no fim
Há escuridão ao longe
Estou implorando por perdão
Mas eu sei que devo resistir
Oh, eu amo isso e odeio isso ao mesmo tempo
Você e eu bebemos o veneno da mesma videira
(Daylight - David Kushner)

➯KENZIE REED

O corpo de Robert foi enterrado hoje pela manhã, não houve velório. Sendo assim, ao liberarem o corpo do necrotério foram direto para o cemitério.

Minha mãe e eu obviamente não participamos desse momento, eu não quis ir e ela ainda está no hospital, no entanto, mesmo se não estivesse acredito que não iria.

Os únicos familiares que vieram para cidade e foram até o cemitério foi a minha avó mais alguns tios e primos que mal conheço, os quais, aposto que vieram apenas em consideração a ela, pois tenho certeza que não têm o menor afeto por meu genitor, já que o homem mesmo não os tratando mal, nem nada do tipo, nunca foi uma pessoa amigável ou sequer agradável.

E sim, genitor.

A conversa que tive com Mike sobre como eu me sentia em relação à morte de Robert me deixou um tanto pensativa, porque ele estava totalmente certo. Qualquer pai que ama realmente o filho nunca o trataria da forma que Robert me tratava, portanto, ele não merecia ser chamado de pai.

Voltando ao principal assunto, os amigos, colegas de trabalho e conhecidos que Robert tanto tentava agradar e passar a imagem de boa pessoa, pelo que fiquei sabendo, nem deram as caras no cemitério e muito menos mandaram flores para colocarem no túmulo dele ou alguma mensagem para minha mãe prestando suas condolências ─ não que ela faça questão disso, é claro.

Enquanto Mike dirige em direção ao hospital ─ combinamos de ir quando a aula acabasse para visitar Celine ─, pego meu celular, desbloqueio a tela e vou direto para a conversa que tive com minha avó hoje pela manhã bem cedo.

Leana (vó): Seu pai será enterrado às 10:00 da manhã, não se atrase.

Eu: Eu não vou.

Leana (vó): Por que não?

Eu: Vou para a escola.

Mesmo não estando nem um pouco a fim de ir para escola, eu não queria faltar mais nenhum dia.

Leana (vó): Falte.

Eu: Já faltei dois dias, não vou faltar mais um.

Leana (vó): Tenho certeza que seus professores vão entender.

Eu: Provavelmente, vão sim. Mas o que acontece é que eu não quero ir.

Leana (vó): Vou fingir que não li isso, Kenzie.

Eu: Tá.

Leana (vó): Ele é seu pai, é sua obrigação como filha ir ao enterro dele!

Eu: E era a obrigação dele cuidar de mim, mas ele não fez isso. Então, me recuso a ir.

Eu: E ele não é meu pai.

Leana (vó): Que horror, menina! Isso lá é coisa que se diga? Ele é seu pai SIM, não importa o que ele fez. Ele É e SEMPRE será seu pai. Errar é humano, então, supere isso e apareça.

Leana (vó): Entendo que ele não foi o melhor pai do mundo para você, o Robert realmente era alguém difícil de lidar, caso não se lembre ele também não foi o melhor filho do mundo para mim. Porém, de qualquer forma, estou aqui cuidando de tudo para que ele descanse em paz.

DESIGUAIS [Concluído]Where stories live. Discover now