DESIGUAIS [Concluído]

Capítulo 20: Cansada.

Eu fico sobrecarregada tão facilmente
Minha ansiedade rasteja dentro de mim
Torna difícil respirar
O que aconteceu comigo
(Overwhelmed - Royal & The Serpent)

⚠️Alerta de gatilho: Drogas, violência doméstica e crise de ansiedade.⚠️

➯KENZIE REED

Cinco e meia da manhã.

São cinco e meia da manhã de sábado e eu já estou acordada! Acordar cedo em pleno fim de semana definitivamente está na minha lista de coisas que mais me irritam, mas infelizmente eu trabalho praticamente o dia inteiro aos sábados, dessa forma, é minha obrigação ter que acordar cedo.

Portanto, na tentativa de melhorar meu humor, sigo para cozinha com o objetivo de tomar meu café da manhã, porém quando encontro meu pai no cômodo, de automático sinto minha fome ir embora.

- Bom dia para você também, Kenzie - diz, sem me olhar, prestando atenção apenas no jornal em suas mãos.

- Bom dia, pai - respondo, me aproximando da mesa.

Apesar da fome, eu não estou nem um pouco a fim de me alimentar na companhia do meu pai, sendo assim apenas me sirvo de suco de laranja para tentar enrolar a fome, até ele terminar de se alimentar e sair.

Eu odiava fazer qualquer refeição junto com meu pai na mesa, porque ele sempre fazia algum comentário infame, com o propósito de criar uma discussão, por isso eu sempre me alimentava antes ou depois dele.

- Só vai tomar suco? - ele pergunta, quando me afasto da mesa.

- Eu não estou com fome - minto, me virando para ele.

- É por isso que está assim magra, não se alimenta direito, daqui a uns dias vai sumir! - fala com desdém, sem nem sequer me olhar.

Meu pai é sempre assim... Implica com absolutamente qualquer coisa, além de sempre fazer algum comentário desnecessário sobre a minha aparência.

Aproximo-me da mesa novamente, coloco 2 panquecas em meu prato, pego meu copo de suco e mais uma vez tento sair da cozinha, mas antes que eu possa me retirar, a voz fria dele me impede.

- Sente-se.

- Eu vou comer no meu quarto hoje, porque tenho que ajeitar umas coisas lá, antes de trabalhar e...

- Mandei você se sentar - ele me interrompe.

Engolindo em seco, me sento contragosto, ficando de frente para ele.

- Como está na escola? - pergunta, enquanto beberica uma xícara de café.

- Bem - respondo, comendo minhas panquecas.

- Quando você diz bem, você quer dizer bem por que está tirando boas notas ou bem por que você não está arrumando problemas?

Começou.

- Os dois.

- Não acredito - diz, largando seus talheres no prato e me encarando sério.

- Como assim? - pergunto, bebendo meu suco.

- Você tirando boas notas? E não arrumando confusão? Difícil de acreditar, afinal no ano passado quase foi expulsa e pelo que eu me lembre suas notas nunca foram das melhores - diz, ríspido.

- Primeiramente, eu só não fui expulsa porque todo mundo sabe que eu só me defendi - explico indignada, me referindo a quando quase fui expulsa da escola ano passado, por bater em uma garota que foi uma racista do caralho comigo - Segundo, eu sempre fui uma boa aluna, não a melhor da turma, mas minhas notas sempre foram boas, talvez não suficiente para você, mas não são notas ruins - concluo minha fala, entredentes.