DESIGUAIS [Concluído]

Capítulo 29: Recomeços.

Sim, eu prefiro ser um amante do que um lutador
Porque toda a minha vida eu estive lutando
Nunca senti uma sensação de conforto
Todo esse tempo estive escondido
E nunca tive alguém para chamar de meu, oh não
(Silence - Marshmello, feat. Khalid)

➯KENZIE REED

"Você tem a liberdade de tentar quantas vezes você quiser, Kenzie. Então, se dê novas chances, acredite em si mesma, reflita sobre sua vida, sobre as mudanças que você quer fazer, sobre os objetivos que você quer alcançar e recomece quantas vezes sentir que é necessário.
Recomeços são cansativos, porém são importantes também. Não deixe o medo, as dúvidas, a insegurança tomar conta de você, nós já conversamos sobre isso, não alimente seus pensamentos ruins."

Essas foram algumas das palavras da minha psicóloga no nosso encontro da semana passada, quando finalmente contei para ela sobre a briga que tive com meu pai - de uma forma menos pesada, é claro - a qual mexeu muito comigo, também contei sobre mim e Mike, sobre como estou me sentindo com tudo isso, entre outras coisas.

Tivemos uma longa conversa, que me deixou bastante reflexiva sobre diversas coisas em minha vida e com isso resolvi que iria ouvi-lá.

Recomeçar pode ser o que eu realmente preciso para finalmente conseguir acalmar meu coração.

Recomeçar significa amadurecer, melhorar, superar e é isso que quero, é isso que preciso.

Com isso, acordei nessa última sexta, pensando nas mudanças que quero fazer, nos erros que quero consertar e com o principal objetivo de não me estressar, porém graças a minha mãe, as coisas não saíram como planejado.

Só de lembrar da nossa discussão, sinto meu sangue ferver.

- Que história é essa de psicóloga, Kenzie? - Celine pergunta, invadindo meu quarto feito um furacão, meu celular está em sua mão.

Sobressalto-me, assustada com sua presença repentina. Eu tinha acabado de sair do banho, estava enrolada apenas de toalha, em pé de frente para meu guarda-roupa procurando algo para vestir.

- Do que você está falando? E o que tá fazendo com meu celular? - vou até ela para tentar tirá-lo de sua mão, mas ela se esquiva me impedindo.

- Ele estava em cima da mesa da cozinha, começou a tocar, quando o peguei para te entregar, vi o nome "Doutora Jasmine" e estranhei porque até onde eu sabia você não estava doente, resolvi atender e ela me disse ser sua psicóloga - explica, me fuzilando com os olhos negros, sustento seu olhar - Desde quando vai para uma psicologa, Kenzie? Você é louca por acaso? - me seguro para não revirar os olhos com sua pergunta ridícula.

- Ah pelo amor de Deus! Psicólogo não é "coisa de louco" e você não tem direito de mexer no meu celular! - disparo, indo até ela mais uma vez, conseguindo o tirar de sua mão.

- É aí que você se engana, garota, sou sua mãe! - rebate - O que você andou dizendo para essa mulher, hein? Se você tiver andado fazendo fofoca por aí, eu juro que... - ela aponta o dedo indicador em meu rosto.

- Eu não contei nada, ok?! - afasto seu dedo de meu rosto - Não contei para ela que você não passa de uma drogada que não quer nada da vida e nem que o fodido do seu marido é um psicopata - cuspo as palavras, quase gritando.

- Fala baixo, cacete. Se ele te escutar... - me repreende, entredentes.

- O quê? Ele vai me bater? Grande novidade essa! Quando ele não me bate, não é? - debocho, aumentando ainda mais meu tom de voz.