DESIGUAIS [Concluído]

Capítulo 5: Pai.

Você tem um coração vazio, mas ele pesa no seu peito
Eu tentei tanto lutar, mas não tem jeito...
(For The Love Of A Father - Demi Lovato)

➯MIKE HENSLEY

É sábado a noite, e ao invés de eu estar em alguma festa me divertindo ou comendo alguma garota, eu estava na nova lanchonete da cidade jantando com meu pai e minha irmã.

Engraçado que dinheiro para pagar nossa pensão ele não tem né, mas para comprar um carro novo tem de sobra. Filho da puta.

- Então... como estão na escola? - o mais velho pergunta, puxando assunto.

- Estamos bem, eu entrei no clube de teatro como atividade extracurricular - Camille responde.

- Que bom, querida. E você, Mike? Está fazendo alguma atividade extracurricular também?

Apenas olho para ele com cara de desinteressado e não o respondo.

- Ele faz parte do time de basquete da escola, ele é um dos melhores do time - a minha irmã responde por mim, já sabendo que eu não estava interessado em conversar com nosso pai.

Na real, eu estava ali apenas porque ela tinha me convencido a ir.

Ao contrário de mim, Camille não tinha tanto rancor do nosso pai como eu tinha, e esse é o problema dela, perdoa fácil demais.

- Isso é ótimo, estou orgulhoso.

"Estou orgulhoso", ele fala como se fosse aquele típico pai presente que acompanha cada vitória de seus filhos. Inacreditável.

- Eu vou pegar alguma coisa para beber - falo, me levantando.

Prefiro não dizer nada sobre sua fala, a fim de não causar uma discussão.

Quando chego no balcão da lanchonete esperando ser atendido pela mesma velhinha que nos atendeu quando chegamos, dou de cara com a Kenzie.

- O que tá fazendo aqui? - a pergunta salta da minha língua quando a vejo.

- Eu trabalho aqui, Hensley.

- Desde quando?

- Desde quando esse lugar abriu. Você vai pedir alguma coisa ou vai ficar me perguntando coisas que nem sequer são da sua conta? - ela responde, impaciente.

- Eu não sabia que você trabalhava aqui. Camille sabe?

- Ai meu Deus! - suspira irritada - sim, Michael, Camille sabe, fui eu que falei para ela que a comida daqui é ótima. Então, você vai pedir ou não? Eu tenho outros clientes para atender - diz, ríspida.

- Ok ok, me vê uma garrafa de cerveja - peço e ela me olha erguendo a sua sobrancelha - é para o meu pai - minto, dando um sorriso forçado.

Ela me entrega a bebida, claramente pouco se importando se eu estiver mentindo ou não.

- Valeu... uma última pergunta. E aquela velhinha que estava aqui?

- O horário dela já acabou.

- Oh, entendi.

Volto para minha mesa, pois acho que eu já estava irritando-a demais, aposto que se ela não estivesse trabalhando, já teria mandado eu me foder.

Ao chegar na mesa, escuto minha irmã falando para nosso pai sobre querer entrar na universidade de Yale.

- Ei, tá bebendo o que? - ela pergunta ao me ver sentar.

- Cerveja.

- Não devia ficar bebendo essas coisas, Mike, não tem idade pra isso - meu pai afirma.