Acreditava que nesse tempo o seu membro estava no estômago daquele que foi o causador do horror que passou.

O ferimento do braço amputado gotejetava sangue em abundância no lôdo e plantas mortas, o cheiro forte chegou nas suas narinas e ele repúdiou na mesma hora.

Sentiu o estômago embrulhar, há alguns minutos atrás havia sentido esse mesmo odor vindo dos corpos dilacerados dos seus amigos.

Lembrou das vísceras expostas no abdômen de um dos corpos, seu estômago fraco revirou.

Cessando os passos, inclinou o corpo para o lado e deixou sua garganta ser invadida pelo vômito, caindo no solo aguaceiro misturando com os lôdos verdolengos.

Sangue também saia de sua garganta.

Em pânico, após conter-se, sua boca se contorceu, sentiu o gosto metálico no seu paladar, criou nojo de si mesmo, estava sujo, ferido e traumatizado.

Mesmo que não quisesse sua mente projetou todas as cenas vividas anteriormente: terror, sangue, morte, arrependimento...o monstro do pântano..

Tremeu e cambaleou para trás, o desespero possuiu todo o seu ser e ele continuou correndo, apesar de estar completamente exausto, suas pernas, marcadas por arranhões, alcançaram uma superfície alagada, onde a água chegava até os joelhos.

O líquido vermelho agora pingava na superfície, viu-se fraco, pois perderá muito sangue, estava ciente que ali seria o seu fim, porém, se recusava morrer nas águas do pântano maldito para que assim fosse servir de comida aos vermes.

Não. Gastaria suas últimas forças para chegar na aldeia, sabia que para si não existia salvação, a morte era certa.

Seu corpo já fragilizado, sentiu uma dor dilacerante ao fisgar do machucado, sua visão escureceu e ele ficou tonto, aquele lugar de difícil acesso dificultava o seu percurso.

Com seus pés agora na lama espessa se tornou difícil puxá-los de volta, por conta da pressão da água e da lama que o impossibilitou para continuar correndo, no entanto, com extrema dificuldade, chegou a terra firme.

Mancou arrastando os pés sob a grama. Os olhos com as escleróticas avermelhadas inundados pelas lágrimas, avistou como uma luz no fim do pesadelo a planície iluminada pelo sol, assim que saiu da escuridade do pântano sombrio.

Por uma fração de segundos seu peito se apossou de um mínimo alívio, afinal não morreria nas terras imundas do pântano, agradeceu internamente.

Infelizmente, para ele já era tarde demais.

Sentia os ferimentos doerem como o inferno, a dor latejante na testa, o pulsa brutal onde antes forá o braço e a escuridão que teimava em tomar conta de seus olhos, o infelizado começou a entrega os pontos.

Com dificuldade, abriu as pálpebras e observou, não muito longe, a ponte sob um pequeno córrego que levava até as casas de madeira suspensas á frente. Uma grande plantação se localizava nos arredores da aldeia, alguns trabalhadores realizavam seus afazeres distraídos.

As pessoas da aldeia se encontravam alheias aos últimos, desastrosos, acontecimentos.

Isso o irritou momentaneamente, enquanto seus amigos morriam aquelas pessoas estavam no conforto de suas casas. Rangeu os dentes desgastado e sujos com o próprio sangue amaldiçoando todos.

Aproximou-se da ponte débilmente, segurou-se na base de madeira com o seu braço bom, ao toca a superfície do tronco e foi como se mil agulhas estivesse pefurando sua pele.

S-socorro...por...f-favor... — Suplicou com a voz estragulada, sua traqueia gravemente ferida dificultava na fala.— Alguém...m-me ajude.

Pântano🐊 | saga 1Onde histórias criam vida. Descubra agora