Capítulo 1

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Passadas cambaleantes esmagavam os gravetos na terra úmida e musguenta, o clima tenso pairando sob a vegetação tornava o ar pesado, o silêncio dominava os arredores e as árvores cipetres na mata convertiam-se em borrões na visão daquele que fugia.

O suor escorria pela face apavorada misturando-se com o sangue fresco, fluindo de um corte situado na tempôra, e descendo pelo pescoço onde se acumulava nas vestimentas molhadas, ensopadas com o líquido vermelho.

Um choramingo estrangulado atravessou a garganta machucada, no meio da correria sua mão ferida com pequenos cortes superficiais, afastava os cipós e galhos do caminho.

As lágrimas transbordava dos olhos horrorizados, o coração acelerado se corrompia em pavor e adrenalina e os pulmões queimavam suplicando por ar, ofegante e sofrego.

Tudo ao redor girava, ou parecia girar, o sufoco consumia seu juizo.

Trouxe suas mãos até o rosto para livra-se da quantidade de sangue e suor que teimavam dificultar sua visão, no entanto, apenas arrependeu-se pois, sua palma machucada ardeu em contato com os fios de cabelo e os suores.

Gruniu choroso. Os pés afundavam sob o barro molhado, porém as pernas tremiam não suportando manter-se de pé, enquanto corria desesperadamente.

O caminho enigmático o confundia, seus olhos rodavam em direções dissemelhantes, com os arredores pantanosos ele não conseguia distinguir uma trilha certa para seguir.

Notou o vislumbre de árvores com musgos em seus galhos finos, dando a impressão de unhas espectras, sinistras, e as copas densas não permitiam que nenhuma faíscas de luz atravessasse.

Na sua mente repassava num lupe infinito as cenas de pura carnificina e agonia diante dos seus olhos, ainda podia ouvi com clareza o som dos gritos estridentes de terror e pânico, dos seus companheiros.

Infelizmente, estes tiveram um fim trágico, diferente de si que conseguiu escapar mesmo completamente ferido.

Haviam entrado naquele pântano aguaceiro e assombroso, afim de provar para todos que as lendas que o cercavam, não se passavam apenas de meros contos para crianças.

Seguindo orgulhosos por entre a mata de terra lamacenta, tiraram sarro daqueles que acreditavam na existência de uma criatura monstruosa, zombando, enquanto provocavam a natureza atirando pedras nos pássaros, assustando os animais e profanando o ambiente.

Eles só não imaginava que iriam se deparar com o terror eminente, ao entrarem no seu território a sentença foi-lhes dada.

E a floresta se calou frente ao perigo, nada mais forá escutado, nada a não ser o soar dos próprios corações batendo.

Ocorreu tão rápido que os jovens mal puderam notar o seu agressor, num segundo horripilante a criatura surgiu das águas escuras e os atacou selvagemente, destroçando tudo e a todos.

No meio do completo horror do cenário que acontecia, o rapaz reuniu forças e rastejou para longe, abandonando seus amigos para trás afim de salvar a sua vida exclusivamente, ele se foi ouvindo o som mórbido e os últimos suspiros daqueles deixados para trás.

Já numa boa distância do caos, quando ele teve forças para ficar de pé, correu dependendo mais que tudo no mundo sobreviver, nesse momento, agradeceu a divindade, por que mesmo com um dos braços faltando ele conseguiu fugir da fera.

Agora ali, no meio da floresta aguacenta, o jovem percebeu que perdia muito sangue sobrando, temeu, mesmo sabendo que não sairia vivo desse pântano, correu deixando para trás um rastro do sangue que vazava de onde antes forá seu braço.

Pântano🐊 | saga 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora