The Love of Evil

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Pendurada bem acima do ponto central entre o fosso e o lago, Carina subia pelas flechas espetadas nos tijolos prateados, esquivando-se de novos arremessos, com Grimm voando ao redor do pináculo do Diretor da Escola. Enquanto o cupido colocava outra flecha em seu arco, ela saltou para a flecha de cima, mas esta quebrou-se em sua mão. Girou a cabeça para cima. Grimm mostrou os dentes amarelos de tubarão, mirando outra flecha bem no rosto dela...

Ele retesou-se como um pássaro confuso, despencando do céu, rumo às águas escuras debaixo dela.

Quando virou-se, ela viu o dedo vermelho de Hester apagando-se, apontado em sua direção, e seu corpo preso por correntes de lodo escuro. Sob o luar ela podia ver o rosto de Hester, cheio de arrependimento por refutar a chance de acabar com aquela guerra.

Em volta dela, os Sempre tinham assumido o controle da batalha. Os vilões se esforçavam para soltar-se de suas amarras, com sua feiura
restabelecida, enquanto quatro garotos Sempre prendiam o lobisomem de Hort com socos e chutes.

Carina sentiu a última flecha lascar-se debaixo de sua mão.

"Socorro...", ela disse, sacudindo as pernas. A flecha quebrou-se.

E congelou-se, presa em sua mão.

Carina virou-se e viu o brilho verde do dedo de Anadil à distância, apontado para a flecha congelada. Então, o tijolo prateado seguinte ficou marrom escuro, acima de sua cabeça. Carina sentiu o cheiro gostoso da doçura e esticou a mão para alcançar o chocolate.

Ao impulsionar-se para cima, olhou para o outro lado da baía. A luz azulada de Dot brilhava orgulhosamente.
Quando o tijolo seguinte transformou-se em chocolate, Carina estendeu a mão
para cima, sorrindo. Parecia que as bruxas tinham mudado de lado.

Na torre entre as escolas, Sophie presenciava o mais lindos dos garotos, mas mal...

"Eu sempre estive lá", disse o Diretor da Escola, e seu belo rosto brilhou sob os


primeiros raios de sol. "Levando Agatha até você na noite em que a sequestrei.


Garantindo que você não fracassasse em seu primeiro dia de aula. Abrindo as portas do Circo. Dando-lhe uma charada cuja resposta a traria até mim... Eu interferi em seu conto de fadas porque sabia como ele tinha que terminar."

"Mas isso significa que você é...", Sophie se atrapalhou. "Você é do Mal?"

"Eu gostava muito do meu irmão", disse o Diretor da Escola, olhando tenso para a guerra das escolas. "Nós recebemos a guarda do Storian pela eternidade, porque nosso laço superava nossas almas, que se contrapunham. Enquanto protegêssemos um ao outro, poderíamos continuar imortais e belos, o Bem e o Mal, em perfeito equilíbrio. Cada um tão digno e poderoso quanto o outro."

Ele virou-se. "Mas o Mal não pode existir senão sozinho."

"Então você matou seu próprio irmão?", disse Sophie.

"Assim como você tentou matar sua querida amiga e seu amado príncipe", o Diretor da Escola sorriu. "Porém, por mais que eu tentasse controlar o Storian... o Bemnemergia triunfante a cada nova história."

Ele afagou os símbolos na superfície da caneta. "Porque há algo maior do que o


mais puro Mal, Sophie. Algo que eu e você não podemos ter."

Finalmente Sophie entendeu. Seu fogo esfriou-se, transformando-se em mágoa.

"Amor", ela disse, baixinho.

"Por isso é que o Bem ganha todas as histórias", disse o Diretor da Escola. "Eles lutam um pelo outro. Nós só podemos lutar por nós mesmos. Minha única esperança era encontrar algo mais forte, algo que nos desse uma chance. Eu busquei todos os videntes da Floresta, até que um deles me deu uma resposta. O que me disse que o que


eu precisava viria de um mundo além do nosso. Então eu busquei, por todos esses anos, cauteloso para manter o equilíbrio, enquanto meu corpo e minha esperança enfraqueciam... até que você finalmente veio. Aquela que pode mudar o equilíbrio para sempre. A única que é mais poderosa do que o amor do Bem."

Ele tocou a face dela.

"O amor do Mal."

Sophie não conseguia respirar, sentindo os dedos frígidos em sua pele.


Os lábios do Diretor esboçaram um sorriso.

"Sader sabia que você viria. Um coração tão sombrio quanto o meu. Um Mal cuja beleza poderia restaurar a minha." Ele passou as mãos em volta da cintura dela. "Se nós nos unirmos para selar o laço do Mal, se nós nos casarmos com o propósito de ferir, destruir, punir... então você e eu finalmente teremos algo por que lutar."

O hálito do Diretor gelou seu ouvido. "Para nunca mais."

Olhando para ele, Sophie finalmente entendeu. Ele tinha a mesma frieza maligna dela, a mesma dor ardendo raivosamente em seus olhos. Muito antes de Tedros, sua alma já conhecia seu verdadeiro parceiro. Não um cavaleiro brilhante que lutasse pelo


Bem. Não alguém do Bem, com toda certeza. Todos esses anos ela tinha tentado ser outra pessoa. Tinha cometido muitos erros ao longo do caminho, mas, finalmente, tinha chegado em casa.

"Um beijo", sussurrou o Diretor da Escola. "Um beijo para nunca mais."

As lágrimas escorriam pelo rosto de Sophie. Depois de tudo por que passou, teria seu final feliz.

Ela rendeu-se ao abraço do Diretor da Escola, que a envolveu em seus braços. Ele puxou-a para dar-lhe seu beijo de conto de fadas, e Sophie olhou carinhosamente para o príncipe de seus sonhos. O contorno de seu rosto, porém, começou a rachar.

Sua carne chamuscada revelou-se por baixo da pele luminosa. Atrás dele, as rosas caídas transformaram-se em vermes, e as velas vermelhas iluminaram sombras infernais. Lá fora, o céu da manhã nublou-se, adquirindo um tom assombroso de verde, e o castelo do Bem enegreceu como pedra.

Quando os lábios pútridos do Diretor


tocaram os dela, Sophie sentiu sua visão embaçar, suas veias queimarem-se como ácido e seu corpo apodrecer como o dele. Com sua pele deteriorando-se, olhou nos olhos de seu príncipe, implorando para sentir amor, o amor que os livros de contos de fadas


haviam prometido, o amor que duraria uma eternidade...

No entanto, tudo o que encontrou foi ódio.

Devorada por um beijo, finalmente viu que jamais encontraria o amor, nesta vida ou na próxima. Ela era do Mal, sempre do Mal, e jamais haveria felicidade ou paz.

Enquanto seu coração estilhaçava-se pela tristeza, ela cedia à escuridão sem lutar, só para ouvir um eco de morte em algum lugar mais profundo que a alma. Não é o que somos, Sophie. É o que fazemos.

The Queen of Your Heart - SGEWhere stories live. Discover now