Pisces of Desire

400 46 0
                                    

As aulas de Comunicação Animal, ministradas pela Princesa Uma, aconteciam às margens da Baía do Meio do Caminho. Quando Carina chegou para a aula, ela encontrou apenas meninas.

Carina se sentou perto de Kiko que ficou feliz em poder falar com ela novamente.

A Princesa Uma parecia excessivamente jovem para ser professora. Aninhada em um belo gramado, iluminado por detrás pelo brilho de um lago, ela estava sentada ereta, com as mãos cruzadas sobre o vestido rosa. Ela tinha cabelos negros que iam até a cintura, pele morena, olhos amendoados e lábios vermelhos que formavam um pequeno O. Quando finalmente falou, soltou uma risadinha boba e sussurrada, mas
não conseguiu chegar ao final da frase. Dizia algumas palavras e parava para ouvir uma raposa ou um pombo distante, e respondia com seu próprio uivo ou gorjeio. Quando percebeu que a turma inteira a olhava, ela cobriu o rosto com as mãos.

““Ops!”, disse. “Tenho amigos demais!”

Carina não conseguiu identificar se ela estava nervosa ou se era simplesmente uma idiota.

“O Mal tem muitas armas”, disse a
Princesa Uma, finalmente aquietando-se.

“Venenos, pragas, maldições, maus-olhados, capangas e magia negra, muito negra. Mas vocês têm os animais!”

Ho claro, uma joaninha um dia irá me resgatar de uma bruxa má!” Carina pensou ironicamente.

A julgar pela expressão das
outras, não era a única que não se convencera. A Princesa Uma notou. A professora soltou um assobio agudo, e um punhado de latidos, uivos e rugidos irromperam da Floresta atrás da escola. As meninas taparam os ouvidos, chocadas.

“Estão vendo?”, Uma riu. “Todos os animais podem falar com vocês, se souberem falar com eles. Alguns até lembram-se de quando eram humanos!”

Carina arregalou os olhos, mais cedo quando estava perdida ela passou pela galeria e viu vários animais empalhados. Todos eram ex-alunos.

“Eu sei que todas querem ser princesas”, disse Uma “Mas as que tiverem baixa
pontuação não darão boas princesas. Vocês acabariam sendo alvejadas, esfaqueadas ou comidas, e isso não é muito útil. Entretanto, como uma raposa auxiliar, um pardal espião ou um porco amistoso, talvez encontrem um final muito mais feliz!”

Ela deu um chiado entre dentes e, como se combinado, uma lontra surgiu na
margem do lago, equilibrando no focinho um livro de contos de fadas com joias cravejadas.

“Vocês podem fazer companhia a uma donzela presa, ou guiá-la até um
local seguro”, disse Uma, estendendo as mãos. A lontra nervosa batia o focinho no livro para encontrar a página certa...

“Ou podem ajudar a fazer um vestido de baile”, disse Uma, olhando a criatura
agitada. “Ou talvez entreguem uma mensagem importante ou – aham!”

A lontra havia encontrado a página, deslizado o livro de volta às mãos dela, e desabado pelo estresse.

“Vocês podem até salvar uma vida”,
disse Uma, segurando uma pintura de uma princesa amedrontada enquanto um veado espetava um feiticeiro. A princesa era igualzinha a ela.

“Certa vez um animal salvou a minha vida e, em compensação, recebeu o final mais feliz de todos.”

Agatha observou os olhares de desconfiança das meninas ampliando-se até transformarem-se em adoração. Ela não era simplesmente uma professora. Era uma princesa em carne e osso.

Carina não estava impressionada com Uma, 'Ela é uma princesa, mais minha mãe é uma rainha.”

“Portanto, se quiserem ser como eu, vocês precisam se sair bem no desafio de hoje!”, disse a celebridade
recém-revelada, reunindo as meninas no lago.

The Queen of Your Heart - SGEOnde histórias criam vida. Descubra agora