Alice Kim: A Herdeira de Mystic Falls.

69. Eu machuquei ele...

- Eu sei. - Ele acaricia os cabelos dela e prossegue a dança com ela daquele mesmo jeito como se nada estivesse acontecendo. - Mas você precisa se acalmar. Temos que pensar em alguma coisa.

- Eu consigo sentir o cheiro, consigo ouvir o coração dele bater, consigo imaginar como é sentir o gosto do sangue dele... - A cada palavra, Alice puxa mais forte o smoking, a ponto de Damon precisar segurar suas mãos na intenção de fazer ela parar.

- Rosa do Deserto! - Ele sussurra e então sorri para uma mulher ao lado deles percebendo a estranheza do casal. - Você precisa se acalmar, as pessoas vão começar a perceber. Vem, eu vou te tirar daqui.

Damon começa a andar pelo salão lentamente tentando tirar Alice de lá e dizendo que ela tem medo de sangue quando começam a olhar mais para eles. Quando enfim ele consegue levá-la para fora para pegar um ar puro, Alice parece conseguir respirar novamente e soltar o smoking do vampiro.

- Caramba... - Ela arfa, abanando a si mesma e se afastando dele. Enfim ela parou se sentir o cheiro do sangue do rapaz e de ouvir o seu coração bater rapidamente, porém ela continua ofegante como se acabasse de correr uma maratona.

- Como se sente? - Damon ergue uma sobrancelha, esperando a garota se acalmar mais.

- É isso o que você sente? Literalmente, o tempo inteiro? - Ela questiona, fixando os olhos nele em busca de uma resposta. Sua expressão revela o medo desse sentimento.

- É... - Damon junta os lábios sem saber o que dizer exatamente. Ele nunca se imaginou nessa situação com a mulher da sua vida. - Vai por mim, você se acostuma.

- Nossa... - Ela solta o ar que nem percebeu que estava prendendo. - É tão... Estranho... Como se isso fizesse parte...

- De você, da sua natureza... - Damon completa, ajudando ela a finalizar sua frase. - Eu sei bem como é... - Ela assente, focando em nele e no quanto o ama para se acalmar. - Por mais que não tivéssemos essa sensação quando humanos, é como se ele viesse como o brinde do vampirismo. É quase impossível de não sentir, mas podemos controlar com o tempo a ponto de nos acostumar.

- O pior de tudo é que eu não sinto culpa... - Alice diz muito mais calma do que antes, olhando nos olhos dele enquanto seus pensamentos estão longe. - Mas ao mesmo tempo é como se a minha humanidade estivesse gritando, tentando me fazer sentir culpada por estar assim...

- Por isso que quando um vampiro desliga a humanidade perde a capacidade de sentir que não deve fazer aquilo. O controle dele não é mais humanidade, é a vontade. Por isso eles são bem mais controlados, digamos assim...

Alice assente, respirando fundo e abraçando a si mesma.

- Eu me sinto melhor. - Ela diz.

- Quer ir para o hotel? - Damon pergunta, se aproximando dela e lhe dando um beijo na testa. A garota apenas apenas assente. - Vou chamar alguém para trazer o carro, consegue esperar um pouco?

- Tudo bem. - Ela diz. - Eu consigo.

Alice observa Damon voltar para dentro e tenta assimilar o que acabara de acontecer e todos os sentimentos intensificados em si mesma. Ao mesmo tempo que ela se sente uma estranha dentro de si mesma, ela também sente que é como se nunca houvesse sido diferente, a ponto de pensar que se ela perdesse a memória novamente, ela nunca diria que tinha sido sim diferente.

O vampirismo traz consigo não somente a sede insaciável ou as incríveis capacidades como força ou hipnose, mas traz também um conjunto de pensamentos obscuros dos quais Alice com certeza não suporta lidar. O fato de pensar que Damon e Stefan se sentem assim desde 1864 e Elena está passando pela mesma negação, faz com que ela entenda todas as vezes em que todos desligaram suas humanidades e entenda também como Stefan se sente em relação ao estripador.