03. Alice.

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Faço exatamente o que Damon me mandou fazer: tranco todas as portas e janelas, fecho as cortinas e não saio ou olho para fora de jeito nenhum.

Não sei exatamente o porquê de ele ter pedido isso, mas obedeço sem hesitar, afinal, como ele mesmo disse, minha memória não é a melhor memória do mundo nesse momento, então se alguém simplesmente aparecer aqui e entrar, não saberei como me defender sozinha por tempo o suficiente para alguém chegar e realmente me ajudar.

Não que eu dependa o tempo todo de alguém, só estou reconhecendo minha posição agora e tenho certeza que Damon também reconhece comigo: não tenho memórias, não sei mais como as coisas funcionam aqui, então basicamente, terei sempre alguém por perto para me ajudar a entender, se eu quiser é claro.

Será que todos os dias deles são assim? Ou melhor, todos os nossos dias serão assim?

Aparentemente, também tenho dias assim.

Fico andando pela casa por um tempo xeretando alguns álbuns de fotos e livros antigos. Encontro algumas fotos de Elena e Jeremy crianças, Elena com uma loira e uma morena e de Elena comigo também. Temos várias fotos juntas, desde crianças até talvez nossos 16 anos. Seja lá o que aconteceu, Elena e eu paramos de bater fotos juntas há um tempo.

Depois de um tempo me concentrando em livros de histórias e ficção, organizo tudo do jeito que estava, talvez até mais bonito, e fico zanzando pela cozinha, de um lado para o outro esperando Damon chegar com uma solução para o que aconteceu com Stefan e Elena.

Com o pensamento focado em alguém me atacar e eu me defender, decido treinar um pouco do que Elizabeth tentou em ensinar, mas não sinto nada demais acontecer, então logo paro. Não sei mais como ser uma bruxa e isso deveria me deixar magoada, mas não deixa totalmente.

Sinto o celular de Stefan vibrar no meu bolso traseiro e logo vejo que se trata de Damon. Foi estranho o quão rápido peguei o celular na esperança de que fosse ele. Talvez a situação inteira esteja mexendo com a minha cabeça e preciso de alguém para eu me apoiar, e Damon é o único aqui pelo menos.

- Alô, Damon? - Chamo por ele.

- Estou na porta da frente. - Ele diz simplesmente e desliga na minha cara. Não me incomodo, mas foi grosseiro.

Vou até a porta da frente, destranco todas as trancas que tem lá e percebo que esqueci de fechar uma, Damon provavelmente vai me brigar se eu disser que esqueci.

Abro a porta e Damon está esperando pacientemente do lado de fora. Seus olhos azuis estão mais claros por conta do sol e sua pele também fica bem branca, revelando alguns detalhes interessantes no seu rosto. Ele me encara, mas não com o jeito do corredor e sim um novo jeito, como: "Vai me deixar entrar ou não?".

- Você demorou. - Digo tentando não parecer tão agoniada quanto realmente estou e abro espaço para ele entrar.

- Tive que vir andando e às vezes correndo. - Ele responde, passando por mim. Ele usa um perfume caro e está cheirando também a loção pós-barba. - Eu tava na mansão Mikaelson, resolvendo... Umas coisas. Aí começaram a atacar e tive que sair às pressas.

- Mikaelson? - Pergunto sem saber quem são e fechando a porta atrás de mim. Ele parece ter esquecido que não tenho memórias.

- Ah, é uma família super amigável, você vai amar conhecê-los. - Ele diz sorrindo com os lábios fechados, mas posso notar o sarcasmo em sua voz. - Alguém voltou aqui?

- Não. - Digo, cruzando meus braços e evitando olhar para ele. - Por quê voltariam? Já não levaram a Elena e o Stefan?

- Liz disse que estão caçando você pela cidade. - Se se vira totalmente para mim e me olha nos olhos.

Alice Kim: A Herdeira de Mystic Falls.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora