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Parece que meu jantar de hoje será farto, pena que não como animais domésticos, pois eles podem me intoxicar. A Grande Mãe é contra matar sem motivos, mas vocês me dão uma razão para enterrar minhas presas em seus pescoços e sacudi-los até que se quebrem como galhos secos. - Diz o Lobo, olhando para os gatos após acordar.

O gato de rua sai correndo em disparada, seguido pelos outros gatos, e diz que isso ainda não acabou, que ainda terão notícias dele.

A Gata se anima ao ver o Lobo de pé e corre em sua direção, mas é impedida pelo rosnar dele. Mesmo assim, diz a ele que está feliz por ele estar bem, que ficou preocupada e trouxe comida para matar a fome. Não era muito, mas seria suficiente.

O Lobo, sem entender, pergunta à felina por que ela se preocupa com ele, por que o alimenta e até briga por sua causa. Ela apenas responde que sentiu que deveria cuidar dele, não sabia o porquê. Mesmo sem entender, o Lobo diz que não são amigos e que ele só o ajuda porque essa é a vontade da Grande Mãe.

A Gata fica em silêncio enquanto observa o Lobo comer. Ele joga um pedaço de carne para ela e diz que ela deve se alimentar, pois precisam andar muito até sua casa, devido ao fato de terem que andar devagar por causa de sua pata machucada e para se esconderem dos humanos.

O Lobo nunca admitiria isso e talvez nunca admita, mas o fato de a Gata se preocupar com ele e querer alimentá-lo causou um grande impacto em seu coração. Apenas sua mãe de sangue o protegia e o alimentava, até que foi morta por humanos e ele teve que se virar sozinho. Ele jamais esqueceria aquele ato de bondade que a Gata fez por ele e, felizmente ou infelizmente, teve a oportunidade de retribuir o favor inúmeras vezes.

Uma dessas vezes foi no fim daquela mesma noite, quando o mundo da Gata mudou para sempre. A Grande Mãe os guiou até a velha casa onde a Gata morava com sua dona idosa. A janela estava vedada com um pedaço de papel e quando chegaram à porta, o coração da Gata estava cheio de ansiedade e medo. Despedir-se do Lobo parecia mais difícil do que parecia, e ele, mesmo não demonstrando, também sentia isso.

"Bem, parece que é isso… Obrigada, Lobo, obrigada por me trazer até minha casa. Você e a Grande Mãe parecem ser bons", diz a gata com uma voz trêmula.
"Ela é boa, sempre justa e imparcial. Seu povo deu as costas para ela, e eu espero que tenha visto toda a sua benevolência ao trazê-la de volta à sua prisão, que você chama de lar", responde o Lobo, tentando ser indiferente, enquanto dá as costas.

A Gata entende o recado e começa a subir as paredes em direção à janela, pronta para voltar à sua vida cotidiana. Enquanto isso, um Lobo a observa de longe.

O Lobo e a GataOnde histórias criam vida. Descubra agora