O Lobo e a Gata

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Fome, medo e falta de esperança. A fome pode ser saciada com comida. O medo é superado com a coragem, mas falta de esperança, como se pode lidar com isso?

Seu estômago roncava, pois só havia comido meio peixe podre durante todo o dia e agora estava na companhia de Sis, a caminho da área comercial da cidade em busca de alimento.

O plano era ir no mesmo restaurante e ver se a humana daria mais alguma coisa e depois usar o carisma da Gata em outros lugares para ver se outros humanos lhe dariam comida.

Nas duas primeiras paradas, foram bem sucedidas, sendo a segunda um bistrô perto de uma praça com uma iluminação alaranjada. Já estava exausta, mas não tinha escolha, afinal, Sis a ameaçava o tempo todo.

Enquanto voltavam com a terceira leva de comida da noite, a pobre Gata não conseguia parar de pensar em como sua sorte mudara desde que fugiu da proteção e conforto do lar de sua velha dona. Sofria abusos, mas era protegida, agora sofria abusos e era explorada.

Quando voltaram, a única coisa que pensava era em como gostaria de morder o pescoço de Sis, do gato de rua e do esquilo. Não teria forças para atacar o gato ou a coelha, mas o esquilo sim. Desejava fazer isso e até provar sua carne. Ficar nas ruas estava a mudando.

Ousou perguntar ao gato sobre o esquilo e a resposta que teve foi que não tinham notícias do esquilo desde a última noite. Ao que tudo indicava, algo ou alguém tinham dado cabo dele.

A Gata ficou em choque ao ouvir aquilo. Queria matar o esquilo, sim, não negava, mas ouvir que ele havia sido morto por alguma coisa e como todos agiam com indiferença, a fez se sentir mal, tão mal que até perdeu a fome.

Uma pequena tartaruga que ficava por lá disse que, muito provavelmente, o esquilo mentiroso e traidor foi abatido por uma coruja branca que estava por perto rondando o território. Disse a Gata para que andasse olhando para o céu da noite, porque a coruja a observou por um bom tempo até alçar voo.

— Fiquei surpreso em te ver hoje de manhã. Realmente acreditei que fosse virar comida de coruja.
Disse a tartaruga com desdém. O gato ao ouvir isso apenas comentou como o gosto dos domésticos deve ser horrível e começou a rir.

A Gata assustada cobrou o gato sobre as buscas para encontrar sua casa. O gato deu de ombros e a mandou voltar para as ruas em busca de comida.

Sem querer sair com medo da coruja, a desafortunada Gata foi "coagida" por Sis a cooperar. - você tem sorte novata, o gato gosta de você. Talvez ele te faça uma de suas "companheiras" e quem sabe na próxima primavera vocês não tem seus filhotinhos? Disse a coelha enquanto ria.

A Gata ficou ainda mais assustada com isso. Não gostava do gato, mas já tinha descoberto que não tinha mais poder de escolha. Se fosse a vontade do felino mandachuva, seria coagida a fazer por Sis.

Queria fugir, mas para onde iria? Seria encontrada pelo pessoal do gato. Ser tão submissa fez com que eles passassem a ter muito mais poder sobre ela do que deveriam e eles tirariam proveito disso.

Esperanças, já não tinha mais. Sua nova vida parecia ser aquela, servir as vontades do gato.

Na companhia de Sis, foi até os limites da cidade perto do bosque onde ficava um abatedouro. O plano era o mesmo, a Gata iria miar na porta até alguém lhe dar algo para comer, caso contrário, Sis entraria em ação. Era lua cheia e o céu não tinha nuvens com uma leve brisa que cortava o ar carregada com cheiro de sangue e carne.

Quando chegaram na porta do abatedouro, a Gata tomou sua posição e pôs se a miar, mas ninguém apareceu. Quando tentou mais uma vez, seu miado foi interrompido por uma coruja branca que estava empoleirada em uma árvore por perto.

Quando viu a Coruja, a Sis gritou para a Gata fugir e se esconder enquanto corria para a proteção da vegetação alta do bosque. A coruja simplesmente disse: - Não é de mim que deveria ter medo tola coelha e sim do que está se aproximando pelo bosque.

Sis estava tão apavorada devido à coruja que mal podia ouvir ao longe o som inconfundível do uivo de um lobo.