O Lobo e a Gata

3

Mal podia acreditar no que havia feito e se acontecer alguma coisa? Isso é muito errado! Serei morta! Eu deveria voltar! Dizia para si mesma a Gata enquanto corria pelas ruas quentes da cidade.
Sua fuga tinha um misto de raiva e medo, queria descobrir coisas novas, mas não queria deixar sua velha dona para trás. Essa confusão quase a fez voltar, quase. Continuou sua marcha rumo ao desconhecido, olhando sempre para frente.

Ao cruzar uma esquina deu de cara com uma multidão de humanos. Esses humanos eram diferentes, menores e com uma voz fina. Curiosa, se aproximou com cautela até ser vista por uma pequena humana que lhe mostrou os dentes e correu em sua direção.
Com medo, se encolheu toda e só relaxou um pouco após ser afagada pela pequena humana da mesma forma que sua dona fazia ocasionalmente.

Não resistiu e gostou dos toques, pois as patas da humana em miniatura eram diferentes, eram lisas, pequenas e finas. Muito diferente das mãos grossas e grandes de sua dona.
Quando deu por si, estava cercada de pequenas humanas e recebendo carícias e afagos por todos os lados.

Fechou os olhos em êxtase até receber um puxão na cauda. Ao abrir os abriu novamente, viu outros humanos diferentes se aproximando e lhe dando tapinhas de leve. Eram um pouco maiores e pareciam maliciosos, não gostou deles.

Um, a pegou no colo e a jogou para cima e se debatendo no ar, conseguiu cair de pé no chão com seu coração acelerado pulsando.
Quando olhou para cima, os viu rir e apontar para ela. Outro se aproximou por trás e a jogou para cima mais uma vez. Conseguiu cair de pé e quando tentou fugir, foi agarrada pela cauda e no reflexo o arranhou, não que gostasse de arranhar humanos, mas estava com medo e assustada. Nem quando sofria maus tratos da senhora pensava em arranhar sua pele frágil e velha.

Envergonhada, tentou se desculpar lambendo a mão humana, mas levou um tapa nos rosto em troca. Rodou em seu próprio eixo e caiu no chão, levando pisadas nas costelas em seguida.
Correu, mas logo caiu de lado após receber uma pedrada desferida por outro humano. Logo vieram outras pedras voando em sua direção. Não teve escolha e fugiu com seus perseguidores humanos com suas pedras no seu encalço.

Após virar a esquina e fazer uma curva fechada para a esquerda, se viu encurralada em um beco, com os humanos rindo entrando com pedras em mãos e sorrisos maliciosos nas faces.