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A Gata usou os truques que aprendeu com Sis para conseguir comida, pois um Lobo deve se alimentar muito. Ela não abandonou o Lobo porque ele estava machucado, pensou em ir embora, mas desistiu quando o viu deitado, respirando de forma pesada e inconsciente. Dificilmente encontraria sua dona seguindo o Lobo, mas não o abandonaria.

Conseguia apenas pequenas quantidades de comida para os padrões de um Lobo tão grande, mas para uma pequena Gata era um enorme banquete. Evitou comer muito e se permitiu comer apenas o suficiente para manter as forças. Passou o dia todo buscando comida e explorando aquele pedaço da cidade e se surpreendeu por reconhecer uma ou outra coisa. Quem diria, talvez estivesse mesmo indo para casa no fim das contas.

Já estava anoitecendo e o Lobo ainda dormia. A Gata não comeu mais dos alimentos, apenas os colocou perto do Lobo e se deitou em outro canto. Fechou os olhos cansada e se imaginou novamente com sua dona idosa.

Lembrou-se de tudo que viveu com ela e de como era protegida nas paredes da velha casa. Sua dona tinha razão em algumas coisas, o mundo era cruel e ela poderia ser morta apenas por ser uma pequena e frágil Gata. Mas havia tantas coisas interessantes no mundo e ela nem podia ver tudo. A Gata queria tudo, não entendia porque tinha que escolher entre segurança e aventura. Para o Lobo, isso não parecia ser um problema. Ele era grande e forte, mas e ela, o que era? Uma pequena Gata medrosa e magra.

Não se arrependia de ter fugido, mas queria passear por aí e ver coisas novas. Começou a adormecer, também estava exausta e sonhou que estava de volta em casa e que sua dona a recebia com carícias e beijos. Agora as portas e janelas ficavam abertas para que a Gata pudesse explorar a vizinhança.

Acordou com um susto devido a um barulho. Primeiro achou que o Lobo tinha acordado, mas logo percebeu que estava enganada. Uma voz conhecida apenas disse: - Ora ora, o que temos aqui?

Era o gato de rua na companhia de outros gatos. - Veja chefe! Ela conseguiu comida para nós - disse um dos gatos.
A Gata respondeu que aquela comida era para o Lobo, que estava machucado e iria precisar dela para se recuperar.

Os outros gatos apenas riram e zombaram dela por se preocupar com um Lobo quando deveria se preocupar consigo mesma.

Eles avançaram em direção à comida, dizendo que depois que comessem, iriam matar o Lobo. Não perderiam essa oportunidade, afinal ele estava cansado demais para se defender.

A Gata se colocou na frente deles e disse que
não deixaria que tocassem na comida ou no Lobo. Os gatos apenas riram em deboche e passaram por ela. Em um ato deliberado, a Gata arranhou o rosto do gato de rua, que gritou: "Gata maldita! Arranhou meu olho! Dêem uma lição nela."

Os outros gatos a cercaram e começaram a morder e arranhar seu pequeno corpo. Eles a jogavam de um lado para o outro como se ela não tivesse peso. Prensaram sua cabeça contra o concreto usando suas patas, rindo dela e dizendo que ela veria quando matassem o Lobo.

A Gata gritou para que eles parassem e deixassem o Lobo em paz. O gato apenas riu e disse para ele apreciar o show e que logo em seguida ela seria a próxima.

A Gata já estava sem esperança, chorando e pedindo para que parassem. Ela disse que faria qualquer coisa que eles quisessem se deixassem o Lobo em paz. Ela seria uma das companheiras do gato se essa fosse a vontade dele para deixar o Lobo viver. O gato apenas respondeu que ela já pertencia a ele e que logo consumaria isso, após matar o Lobo. A Gata gritou novamente para que ele parasse, e nesse instante, pode-se ouvir um rosnado raivoso ecoando pela área.

O Lobo e a GataWhere stories live. Discover now