Encerramento

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Por um glorioso segundo, quando acordou na manhã seguinte, Olívia não se lembrava dos eventos da noite anterior. Era apenas mais um dia em Hogwarts, e ela se encontrava em seu familiar dormitório, com as duas melhores amigas adormecidas nas camas ao lado. Os primeiros raios de luz já vazavam pelas frestas das cortinas e das portas, e as cobertas estavam quentes e macias como sempre.

E então as memórias voltaram em uma só enxurrada, afogando-a.

Ela se lembrou da batalha. Lembrou-se de Dolohov e Greyback. Lembrou-se de Gui, da poça de sangue, do sangue que secara em suas mãos, de sua camisa branca do uniforme embebida daquele líquido escuro, dos sapatos também manchados que ela jogara fora. Lembrou-se do Comensal da Morte, cujo nome ela nem sabia, com suas órbitas vazias e sem vida. Lembrou-se de McGonagall, os olhos carregados de pesar, contando-lhes que Dumbledore havia sido assassinado dentro da própria escola.

Ela permaneceu na cama por um tempo indeterminado, esperando as amigas acordarem. Na noite anterior, as três haviam tomado banhos demorados e deitado sem trocar uma palavra, cada uma tomando um gole generoso de Poção do Sono. Olívia engoliu em seco, percebendo que iria precisar da poção todas as noites dali para frente, pois a cada fração de segundo que fechava o olho, ela via o rosto desconfigurado de Gui e os dentes amarelos de Greyback.

Ela já ouvia o resto da Casa Sonserina agitada. Lá fora, outros alunos conversavam em vozes abafadas e urgentes, e ela poderia jurar que também ouviu malões sendo arrastados escada abaixo.

Iriam fechar a escola? Faltava apenas duas semanas para o trimestre acabar, mas, com o ataque da noite anterior e com Dumbledore morto... Havia sentido em continuar? Ainda haveria Hogwarts?

Claire e Laura logo se levantaram, e as três se vestiram em silêncio.

No Salão Principal, várias cabeças se viraram quando elas passaram — a notícia de que elas haviam participado da batalha na noite anterior claramente já havia se espalhado. Corujas chegavam sem parar; os pais de Olívia lhe escreveram demandando uma resposta imediata. McGonagall fez um enunciado breve contando apenas que os Comensais da Morte haviam invadido o castelo, que Dumbledore havia sido morto, que todas as aulas e todos os exames haviam sido cancelados por ora, e que haveria um funeral para o diretor no dia seguinte, depois do qual o Expresso de Hogwarts partiria de volta a Londres. A nova diretora também deixou bem claro que aquilo era o máximo de informações que iria compartilhar naquele momento, então o corpo estudantil teve que se resignar a discutir entre si em burburinhos agitados.

"Querem ir para o pátio?" Claire sugeriu, quando terminaram o café. "O dia está bonito."

Olívia e Laura deram os ombros, então as meninas seguiram para o saguão. No entanto, ela imediatamente percebeu uma figura alta e familiar aguardando próximo às portas de carvalho.

Fred estava ali. Sem pensar, ela apenas correu em sua direção.

Ele a abraçou por um bom tempo. Ali, nos braços dele, ela se sentiu tão segura, como se talvez o mundo não fosse tão ruim assim, como se talvez o futuro não fosse tão mais assustador. Eles não disseram nada, apenas apreciaram o conforto que era estar um com o outro.

"Ei", Fred disse suavemente, afastando-se.

Olívia fungou; não tinha percebido que estivera chorando. Ele limpou suas lágrimas delicadamente, e ela tornou a afundar o rosto em seu peito.

"Tudo bem?" ela o ouviu dizer e o sentiu acenar — provavelmente para Claire e Laura, que ela havia esquecido que estavam ali.

Fred manteve o braço em volta dela enquanto a redirecionava para fora; foram até um dos bancos mais afastados do pátio e se sentaram. Olívia continuou com o rosto escondido, deixando mais lágrimas caírem do que ela teria achado possível, enquanto ele a segurava. Passaram uns bons minutos ali, em silêncio confortável, enquanto ela tentava se livrar de toda a mágoa e o desespero que a preenchia.

A Última Dança | Fred Weasley (Livro 3)Where stories live. Discover now