Av. Heyford, nº 27

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O quarto estava completamente escuro quando Olívia acordou. Por um segundo, ficou confusa, sem se lembrar de onde estava, até que as memórias voltaram em uma única enxurrada: a briga com os pais, todas as coisas que eles disseram, a sensação de que ela estava sozinha no mundo. E ainda estava, em parte, embora ainda tivesse Fred.

Fred. Onde estava ele? Ela tateou no escuro até encontrar as cortinas, e as escancarou para revelar que ainda era noite. Olívia encontrou a varinha e a acendeu enquanto calçava os chinelos, saindo escada abaixo em seguida.

Encontrou Fred em um dos sofás, encolhido em uma posição que parecia desconfortável. Sua boca estava um pouco aberta e ele roncava baixinho, mas para ela aquela era a visão mais bonita que ela já tinha visto. Ela sentou no chão ao seu lado, apoiando-se em seu peito que subia e levantava em respirações profundas, e ficou observando a janela.

O céu já havia se tornado mais claro — agora era um tom lilás desbotado. Um homem passou, um tempo depois, caminhando com seu cachorro, e Olívia achou aquela normalidade absurda: como era possível que a vida do resto do mundo seguisse como sempre, enquanto a dela havia virado de cabeça para baixo? Ela, que passara os últimos sete anos de sua vida seguindo a mesma rotina, agora não tinha mais nenhuma perspectiva de futuro. Não tinha casa, emprego, ou família. Será que ela tinha cometido um grande erro? Será que o pai estava certo?

Fred finalmente começou a se mexer, e ela sorriu quando os olhos dele se abriram preguiçosamente. Ele retribuiu o sorriso.

"Bom dia", sussurrou.

"Dia", Fred respondeu, a voz rouca. "Dormiu bem?"

"Sim... e você? Esse sofá parece um pouco pequeno para você."

"Não se preocupe..." Ele sentou, espreguiçando-se, e estralou todos os ossos do corpo. "Dormi igual uma princesa."

"Por que você não dormiu na cama?"

"Depois que você caiu no sono ontem, você parecia tão pacífica. Não quis atrapalhar."

Ela fez uma careta. "Eu não babei dormindo, ou babei?"

"Só um pouquinho, mas eu achei atraente." Fred piscou.

Olívia sentiu as bochechas queimarem, mas acabou se juntando a ele no riso.

"Ainda está cedo", ela disse. "Pode voltar para cama e dormir mais um pouco."

Fred balançou a cabeça. "Já acordei." Então ele pulou para fora do sofá, como se para provar seu ponto. "Café?"

Ela apenas sorriu e fez que sim.

Eles foram até a cozinha, onde Olívia explorou as gavetas e os armários curiosamente enquanto Fred coava a bebida. Ela sorriu enquanto mexia naquela coleção inusitada: havia jogos de pratos que pareciam ser mais velhos que ela (ela imaginou que fossem doações), embalagens de vidro reaproveitadas como copos, e até mesmo algumas canecas que ela reconheceu serem do Três Vassouras. Tudo ali era uma mistura de objetos inusitados, e fazia todo o sentido do mundo — a casa dos gêmeos Weasley não poderia ser diferente.

Uma vez com as xícaras de café em mão, eles se realocaram no quintal dos fundos da casa, sentando-se em um banco de madeira rústico e assoprando o vapor quente.

"Como você está se sentindo?" ele perguntou, hesitante.

Ela respirou fundo antes de responder. "Bem", disse. "Ainda estou tentando acreditar que tudo isso realmente aconteceu."

"Não precisamos falar sobre isso agora..."

"Não", ela o interrompeu. "Eu quero. Acho que vai me ajudar a... entender."

A Última Dança | Fred Weasley (Livro 3)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن