A festa de Slughorn

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O Natal em Hogwarts costumava ser um dos feriados favoritos de todos os alunos da escola. O castelo era decorado das masmorras até as torres mais altas, cada canto adornado com guirlandas, azevinhos, luzinhas piscantes e fadinhas voadoras. O Salão Principal amanhecia, no primeiro dia de dezembro, com doze pinheiros enormes, e seu teto encantado drapejava flocos fofos de neve branquíssima dia e noite. A mesma neve cobria os terrenos da escola; os alunos aproveitavam para construir miniaturas de castelos e fortificações no pátio, disputar batalhas e lançar bolas enfeitiçadas nos colegas, e até mesmo patinar na superfície cristalina do lago congelado.

No entanto, aquele ano fora diferente. Apesar das decorações costumeiras guarnecerem o interior do castelo, ninguém podia sair para os jardins livremente: as entradas e saídas eram vigiadas por aurores do Ministério da Magia, um novo toque de recolher era aplicado rigorosamente por Filch e até mesmo por alguns fantasmas do castelo, que davam sermões em qualquer aluno que fosse pego fora da cama depois do horário, e os próprios estudantes pareciam não ter mais interesse nessas atividades, desde o incidente no único passeio à vila de Hogsmeade daquele trimestre. Era como se todos tivessem se fechado dentro de si.

Nas masmorras da Sonserina, no dormitório das meninas do sétimo ano, Olívia Hawick se arrumava desanimadamente. Suas duas melhores amigas, Claire Hill e Laura Calthorpe, ajudavam-na a prender os cabelos em um meio-rabo elegante; cada uma já trajava as próprias vestes formais. Claire havia colocado um disco de música trouxa para tocar na vitrola, com o intuito de animar as garotas antes da festa, mas mesmo a batida alegre não sucedia em manter um sorriso no rosto de Olívia por mais de dois segundos.

"Ah, olhem as horas!" exclamou Laura de repente. "Precisamos ir, senão vamos nos atrasar!"

Olívia checou o próprio relógio. "Ainda são sete e quarenta. Slughorn marcou às oito, não?"

"Queremos ser os primeiros a chegar", a amiga insistiu. "É boa educação."

Ela não quis contrariar e apenas concordou — não se importava em passar mais tempo na frente do espelho. As três meninas vestiram os sapatos com salto e subiram as escadas até a Sala Comunal, onde alguns grupinhos de alunos mais novos as olharam com inveja. A maior parte dos convidados havia sido do quinto ano para cima, e mesmo assim só aqueles que faziam parte do clube tinham direito a levar pares. Era um evento pequeno — ainda mais quando comparado com a última festa de Natal que houvera em Hogwarts, dois anos atrás — mas era uma das poucas festividades que ainda restavam.

Eddie Carmichael e Marcus Belby, os dois amigos da Corvinal, as esperavam na parte de fora da Sala da Sonserina.

"Encantadora", disse Marcus para Claire, puxando-a para perto e cochichando algo em seu ouvido. Ela girou os olhos, risonha, e beijou sua bochecha.

"Senhoritas", cumprimentou Eddie com o nariz arrebitado.

"Nem vem, Carmichael", Laura desviou, colocando um braço entre eles. "Nós não somos pares. Pode acompanhar Olívia, se quiser."

Ele ofereceu o braço para Olívia, que acabou o aceitando. "Não deveríamos ir com os pares oficiais?" perguntou, enquanto faziam o caminho curto até o escritório do professor de Poções.

"E você vai separar eles?" Eddie retrucou, acenando com a cabeça para Claire e Marcus, que caminhavam entrelaçados um no outro.

O Prof. Slughorn, ainda antes de começar o trimestre, havia criado o "Clube do Slugue" — um círculo exclusivo de alunos que ele denominava como "promissores", embora Olívia suspeitava que fossem apenas bem-relacionados. Ela e Marcus tinham recebido o convite para o primeiro almoço no Expresso de Hogwarts, mas o garoto foi rapidamente descartado quando fez aparente a pouca proximidade que tinha com o tio famoso. Já Laura e Eddie, os dois agora monitores-chefes, foram posteriormente convidados, ainda na primeira semana do ano, por se destacarem na sala de aula.

A Última Dança | Fred Weasley (Livro 3)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora