Dias melhores

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Bárbara

Se eu puder dizer que odeio acordar de madrugada querendo beber água e me dar

conta que me esqueci de trazer uma garrafa antes de deitar, então eu digo, porque isso me mata. Outra coisa que chama minha atenção além da falta de uma garrafinha na cabeceira de cama é o fato de eu perceber que estou sozinha na cama. Curiosa, pego meu celular para verificar as horas e não me espanto ao ver que são três da manhã.

Cadê aquela mulher?

Levanto-me da cama e pego um dos roupões felpudos pendurados atrás da porta, sempre os deixamos ali para o caso de precisarmos sair do quarto e não quisermos tirar o pijama ou vestir outra coisa. Toda a casa está em silencio, exceto quando chego à escada e noto a luz do corredor que leva a cozinha acesa e ouço alguns sons vindos de lá.

– O que faz acordada essa hora dentro da geladeira?

– Meu Deus, Bárbara! - Ela exclama e dá um salto, retirando a metade de seu corpo que estava dentro da geladeira. Franzo o cenho e sinto vontade de rir ao notar uma mancha vermelha em seu queixo e outra na ponta do nariz. – Quer me matar de susto?

Aproximo-me dela de braços cruzados, sem desviar nossos olhares.

– Eu quero saber o que faz acordada uma hora dessa e porque estava tão dentro da geladeira. Quer se resfriar?

É inevitável não lhe dar esporro, às vezes ela realmente parece uma criança e não uma mulher adulta que já chegou aos trinta anos. Descruzo meus braços para limpar seu rosto do que parece ser calda de morango.

– Você precisa parar de me assustar assim, o meu coração está sambando em meu peito.

Solto uma risadinha por causa de seu exagero, essa mulher consegue ser dramática quando quer.

– E daí? Eu posso assustar você sempre que eu quiser.

– Engraçadinha. Eu senti vontade de comer biscoito com calda de morango e bolo.

– Percebi.

Ironizo e mostro meus dedos sujos com a calda de morango que retirei de seu rosto, Macarena pressiona os lábios sem jeito e desvia o olhar do meu.

– Nem me dei conta que estava me sujando.

– Parece até que não jantou direito. Esse bolo deve estar velho, não devia comer ele, eu me esqueci de jogá-lo fora.

– Nãooo! - Macarena faz manha e agarra meus pulsos quando faço menção de pegar o pote que continha o tal bolo. – Ele está delicioso.

– Se você gosta tanto então eu posso fazer outro, mas esse está velho.

– Faz agora? - Olho incrédula para ela; pensei que era alguma brincadeira, mas o brilho quase infantil em seu olhar me faz acreditar que está falando muito sério. – Por favor.

Quase não resisto ao seu pedido, mas acontece que estou com sono, apenas desci para buscar água e voltar para a cama.

– Já olhou as horas? Estou cansada, mas prometo que te acordarei com um bolo fresquinho recheado de calda de morango, que tal?

Fecho a geladeira e me aproximo dela, colocando as mãos em sua cintura e abrindo um enorme sorriso. Macarena faz um bico enorme de desapontamento, e isso me faz automaticamente inclinar-me para frente e selar nossos lábios. Ela suspira rendida e segura meu rosto em suas mãos, retribuindo o beijo com genuína paixão. Sinto sua língua alisar meu lábio inferior e então abro minha boca, permitindo que ela a invada. Uma lufada de ar escapa de mim quando meu corpo começa a esquentar. O ritmo do beijo acelera, e sei que esse é o momento de quebrá-lo.

Stupid Wife - BarbarenaWhere stories live. Discover now