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N A R R A D O R

Não era um ataque.

Era apenas o grupo de busca que estava chegando com uma situação não muito boa. Eles estavam sem os veículos, estavam com pessoas feridas e com zumbis em sua cola.  Mary estava nos braços de Glenn, desacordada, com as roupas e pele manchadas de sangue e cabelos grudados em sua pele suada. O olhar de todos do grupo que chegava era assustado, era de que algo terrível estava vindo logo atrás. 

- Enfermaria! - Rick grita fechando os portões com a ajuda de seu filho e de algumas outras pessoas. - Usem as estacas para matar os mortos. Cuidado! Carl fica de olho nos muros...

- Não pai, a gente precisa acabar com...

- Carl, por favor! - ele toca o rosto do filho - Precisamos saber o que aconteceu com aquelas pessoas, precisamos saber se o inimigo está vindo ou não. Fique de olho para mim. 

Carl não relutou mais, ele apenas seguiu para a vigia e pegou uma das várias estacas para matar os mortos, enquanto Rick corria em direção a enfermaria e pedia para abrirem espaço. 

Mary estava sendo despida, deixada apenas com sua calça e sapatos. O problema era em seu abdomem onde haviam enfiado uma faca várias e várias vezes antes de deixarem seu corpo para os mortos, o quê quase aconteceu.

- O que aconteceu? - Rick questiona a Glenn. - Glenn...

- Fomos cercados no meio da estrada por uma mulher careca e os mortos, haviam muitos deles e para todos os lados que íamos parecia haverem mais e mais, ficamos perdidos no meio da floresta. No território deles, Rick. Nem os prédios da velha cidade eram seguros, foi onde tudo aconteceu. Foi onde atacaram Mary e a golpearam várias e várias vezes. 

O Glenn que estava de frente a Rick, era o mesmo Glenn assustado da prisão e da fazenda de anos atrás e aquilo não era algo normal de se ver. Poucas coisas deixavam aquele homem daquela forma. 

- Quantos eram sabe me dizer? 

- Demais para poder contar. 

O som dos utensílios médicos era agoniante demais, o que levou Rick a encarar a maca onde Mary estava sendo operada. 

- Vocês trouxeram antibióticos? - Enid questiona encarando os homens ao redor. - Vou precisar de doses altas de antibióticos. 

- Perdemos tudo no caminho. Hilltop ficou de procurar me outros lugares assim como nós para podermos sempre ter. 

- Vamos dar um jeito!

_

A notícia da morte veio ao entardecer.

Os gritos da mãe de Mary eram angustiantes e fazia com que as coisas ficassem bem piores. Rick estava dentro da enfermaria, junto  com a mãe da garota, Daryl e Enid. A angústia estava presa dentro deles, principalmente em Enid que tinha que fingir estar sendo forte para não deixar seu trabalho de lado e poder ajudar as pessoas que precisavam dela.

Carl estava sentado no coreto, com o chapéu em mãos enquanto a perna tremia de forma nervosa e ansiosa. Sua cabeça estava a mil.  Seus pensamentos estavam confusos. Seu peito doía. Alguém que fazia parte da vida dele havia morrido por causa de pessoas ruins que haviam do lado de fora.

Poderia ser qualquer pessoa, poderia ser o Glenn, seu pai, Michonne, Enid, Maggie...poderia ser a Liz a vítima fatal do grupo de sussurradores.

- Hey! - Athena, "a  namorada de Carl" se sentou ao seu lado e segurou suas mãos, levando uma tentativa de carinho e de o acalmar. - Achei que não gostasse da Mary...

Ele ri nasalmente.

- Não é questão de gostar ou não, Athena. Ela fazia parte da minha vida, estava em quase todos os lugares que eu estava, vivia ajudando as pessoas da comunidade. Aprendeu a usar armas e facas a pouco tempo e tudo isso foi embora assim - ele estala os dedos - O grupo de sussurradores, a mã... a mulher que colocou a Liz no mundo, eles fizeram isso.

Ele não havia usado a palavra que Liz tanto odiava. Ele não podia. Não depois de descobrir as coisas que havia descoberto ao longo do tempo e muito menos depois do que o grupo de sussurradores havia feito para as pessoas que ele gostava. 

Athena se reencostou no banco e respirou fundo. 

- A gente devia ir para casa, tomar banho e d...

- Quero terminar com você seja lá o que a gente tem, seja lá qual rotúlo que colocamos nisso. - Carl a interrompe e se ergue - Não dá, eu não posso. Eu nem sei a razão de ter entrado nisso, sempre disse que não queria um relacionamento, sempre disse que... 

- Carl, você só está assustado, a gente pode resolver isso, não precisamos terminar por que alguém morreu, não precisamos acabar com algo que estamos criando por causa do medo que está sentindo ou porque... 

- EU NÃO TE AMO!- ele grita dando as costas e colocando a mão sobre os cabelos. - Não posso e não acho certo estar com alguém que eu não ame. Não existem as coisas que as pessoas dizem que tem que ter, não existe frio na barriga quando eu te vejo, não existe nada...só um vazio enorme. Era divertido Athena, mas não era de verdade. Me perdoa!

Carl deixou o coreto e caminhou até sua casa, onde entrou em seu "antigo" quarto e caminhou até o banheiro, onde se limpou. Seus cabelos molhados estavam grudados em sua testa e ele se encarou no espelho que havia no quarto. 

- Merda! - ele exclama jogando a toalha sobre a cama improvisada.

Ele se sentia livre, mas tinha algo dentro dele que gritava dizendo que não era pra ser daquele jeito. 

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Where stories live. Discover now