Capítulo 61 Mas Do Que A Sua Família?

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O telefone tocou assim que saí do carro. Era a vovó Marina.

- Entro em alguns minutos. – Avisei a Asafe, que parou na escadinha da entrada principal da casa me fitando.

- Ok. – Ele disse e voltou a seguir seu caminho.

- Oi vovó. – Atendi, procurando por um banco nas proximidades para me sentar.

- Oi querida. Como estão as coisas por aí? – Ela perguntou com a voz amigável, mas carregada de preocupação.

- Bem. – Menti tentando soar verdadeira. – Eu tinha ido lanchar com Asafe, acabamos de chegar.

Ela sorriu um pouco.

- Que bom que está se distraindo. – Vovó suspirou – Davi me disse que Edward chegou ontem, ele não fez nada, não é?

Meneei a cabeça me reaprendendo mentalmente quando percebi que estava roendo as unhas com nervosismo. Uma nova prática odiosa que tinha adquirido depois do hospital.

- Ainda nem nos vimos. – Comentei, o que não era em todo mentira.

Ontem eu o tinha visto, mas só de relance. E não tinha decido para jantar na tentativa de evitá-lo. Havia tomado café no quarto, almoçado com Davi, e saído pela tarde com Asafe. Com sorte não teria que vê-lo agora também, já que devia está na Levins. Iria continuar a evitá-lo até que fossemos embora.

- É melhor assim... – Vovó continuou, mas sua frase foi cortada por uma voz feminina.

- Marina, aqui estão os documentos que pediu...

- Obrigada, Eloisa... Querida eu tenho que ir agora, mas ligo mais tarde, está bem?

Assenti.

- Ok, vovó. – Concordei desligando o celular é me obrigando a parar de roer as unhas.

Me coloquei de pé e segui para a entrada da casa. Encontrei Asafe no hall.

- Já falou com a vovó? Eu estava indo te procurar, preciso da sua ajuda. – Ele começou a dizer rápido.

- Com o quê? – Perguntei sem entender que bicho tinha mordido ele para que parecesse tão nervoso.

- Uma coisa, lá fora. Precisamos sair. – Asafe continuou, impedindo que eu tirasse meu casaco.

- Qual é o seu problema? Acabamos de chegar. – Falei começando a me chatear – o único lugar que vou é para meu quarto. – Afirmei desistindo de tirar o casaco e voltando a andar.

- Não... Su...

Só entendi porque ele estava assim tão estranho quando comecei a ouvir os gritos na primeira sala. As vozes estavam um pouco alteradas, mas contida.

Por isso Asafe estava insistindo para sairmos, não queria que eu ouvisse.

- Vem! – Ele tocou minha mão. – Vamos subir.

Meneei com a cabeça. Era sobre mim que falavam, eu precisava ouvir. Pensei soltando sua mão e seguindo para porta entre aberta. Asafe veio logo atrás.

- Davi você tem noção do que está fazendo? Quando isso se tornar público irar afetar a Levins, o que as pessoas irão dizer quando souberem que você está pedindo a guarda dos seus irmãos?

Davi olhou fundo nos olhos do Edward.

- É só com isso que se importa, não é?

A primeira lágrima desceu naquele momento em meu rosto. Ao contrário das outras vezes, não me importei em enxugar. Não era mais importante, estava quebrada demais para me importar.

- Porque está fazendo isso? – Ele ignorou completamente a pergunta dele, se aproximou e voltou a perguntar – porquê? Não ver que isso vai arruinada nossa família.

- Isso é o que você diz. O que eu sei, é que se ficarmos aqui, a Suzana é quem vai acabar sendo arruinada.

Eu já estava. Eu já me sentia.

- Eu não vou deixar você machucá-la. Nunca mais. Minha irmã é importante demais para mim.

- Mas do que a sua família?

Davi suspirou.

- Ela também é minha família pai. Quer você queria ou não.

- Está ficando contra mim? Por ela? Você não é assim Davi, esse não é você. Tenho certeza que isso não é ideia sua.

Suspirei.

Ele estava insinuando que eu estava por trás disso.

Tudo o que tinha feito desde o começo era dado meu melhor em todos os sentidos para ser reconhecida por esse animal. E era isso que que eu recebia em troca? Eu só queria que ele gostasse de mim, que me tratasse bem, mas agora estava farta! Ele podia queimar no inferno. Eu não me importava, com tanto que me deixasse ir embora daquele.

- Eu tenho certeza que ficar longe da sua família não é a solução, precisamos ficar juntos. – Mamãe afirmou segurando as mãos de Davi, e olhando fundo em seus olhos – é melhor para todos filho.

Eu sabia, eu sabia!

Usando toda a raiva que tinha dentro de mim, a abri a porta e entrei na sala.

- Eu não estou incluído nesse "todos" como sempre. - Disse fitando mamãe que olhou surpresa para mim e Asafe, que tinha entrado também.

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