Prólogo - O inferno na terra

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Nas ruas, uma mulher corria apressada, uma capa preta cobria seu corpo e cabelo, passando assim despercebida, ela levava um livro da biblioteca escondido entre as vestes. No livro, haviam imagens de ervas medicinais, ela estava tentando ajudar sua vizinha, uma senhorinha prestes a bater as botas, mas pouco os que se diziam médicos faziam. Ela sabia que se fosse pega, iria queimar, iriam considerá-la uma bruxa, ou pior, viraria um dos casos desaparecidos de Bucareste.

A mulher ouviu muitas histórias ao longo da vida, em específico, histórias sobre Drácula, e como seu castelo era bem equipado, e o quanto a inteligência do vampiro era invejada. Ela tinha em mente, que vampiros não desapareciam por nada, se não estivessem mortos, então para ela, Drácula já não existia mais, e o castelo, era apenas um local proibido para todos, onde um dia a face do demônio esteve.

Andou até a porta do Castelo de Bran, e então a empurrou. O silêncio era absurdo, sua espinha gelou e retirou o livro escondido da capa, o local seria pura escuridão se a luz avermelhada da lua não estivesse presente manchando o chão, dando um aspecto ainda mais sombrio ao local. A mulher respirou fundo, para logo prender o espirro que lhe subiu as narinas, a poeira estava presente e enrustida durante anos e anos. Era óbvio que não seria um dos melhores locais para se estar.

Pegou uma das tochas antigas da parede, não sabia como iria acendê-la, mas se sentia mais segura carregando algo pesado nas mãos. Andou pelos corredores em busca de uma biblioteca ou algo mais que a ajudasse, mas seu caminho era regado por engrenagens e alavancas, sua curiosidade foi maior, e então puxou uma delas, um som curto percorreu o lugar e logo, o corredor se iluminou, a mulher de olhos verdes olhou em choque para o teto onde uma luminária que deveria ser de velas brilhava. Tochas eram pretextos para as maravilhas que ali existiam. Não tinha fogo, seu coração foi na boca, seria aquilo magia?

Colocou a tocha no chão e tirou o capuz dos cabelos, avistou uma porta mais a frente, andou calmamente até lá e empurrou a madeira que gemeu pelo tempo sem reparos. A sala era escura como um breu. Tateou a parede e logo achou a alavanca, puxou-a para baixo, e a luz também tomou conta do lugar. Deu de cara com uma sala esquisita, com livros, potes de vidros em formatos estranhos, pequenas ervas contidas em vasos. Ela se aproximou de uma das plantinhas em choque, perguntando-se como não estavam mortas pelo tempo tão longo que estiveram naquela sala.

- Magia. - Uma voz profunda, rugosa e áspera falou atrás de si. Seu estômago veio ao coração, e o coração a garganta em questão de segundos, os pelos de seu braço eriçaram pela presença poderosa e corrompida atrás de si. Soltou um suspiro angustiado e virou o corpo lentamente.

Drácula estava parado na porta, seus olhos vermelhos encaravam a humana enxerida com horror, ninguém nunca tinha invadido seu castelo daquela forma.

- O que faz aqui? - Ele se aproximou lentamente, era alto, muito mais alto do que as histórias contavam, seu cheiro não era de morte, tampouco infernal. O coração humano palpitou com força ao observar o rosto pontudo e longo, o bigode fino e o cavanhaque davam a ele um ar de poder a mais. - É surda, humana? - Colocou a face na altura da dela.

A mulher negou com a cabeça, mas sua língua parecia ser de pano, não havia saliva em sua boca para conseguir falar algo com aquela criatura, majestosa e mortal na mesma medida.

- Ótimo, então, irei perguntar novamente. - Ele voltou a se erguer, o rosto da mulher batia em seu peitoral musculoso, fazendo com que ela erguesse o rosto para continuar encarando-o. - O que faz aqui?

- Eu... - Murmurou perdida. - Eu... - Continuou.

Drácula tampou a boca dela com a mão. Calando-a.

- Não deveria estar aqui. - Ele abaixou a mão da boca colocando-a sobre o pescoço da mulher.

Castlevania - Entre VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora